Eram tempos de guerra.
Eram tempos em que não se discutia vacinas, políticas, direitos. Aliás, eram tempos em que praticamente nada se discutia (pelo menos publicamente) porque a discussão podia acabar em cadeia.
Eram tempos de tostões, de salário mínimo inexistente, de imensa viagem quando se falava de ir de Lisboa ao Porto.
Eram tempos de analfabetismo onde já quase era doutor quem tinha o 5º ano dos liceus.
Eram tempos de canhota ao ombro para os jovens de dezoito anos que não seguiam estudos.
Há 48 anos eram esses os tempos. Era o que havia.
Nesses tempos, faz hoje 48 anos, um bando de 73 cábulas, uns porque o eram, outros porque não o sendo não tinham mais possibilidades de estudar, viu-se seleccionado, entre outras centenas de candidatos, para ganhar asas que lhes permitissem sobrevoar, transportar, proteger e evacuar todos os outros jovens a quem estava destinado pisar minas no meio do mato.
Esses eram tempos em que Abril ainda era o futuro que só a poucos se deixava adivinhar.
Foram tempos, faz hoje 48 anos, em que esse bando de jovens se apresentou na Granja do Marquês para constituírem um grupo de amigos improváveis a quem nem a morte separa.
Tinham por lema “ou vai, ou racha”. Não rachou.
Saudação aos meus camaradas Penduras do curso de pilotos milicianos da FAP - P1/74
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.002/2022]
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[0.002/2022]