Mostrar mensagens com a etiqueta Mensagens dirigidas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Mensagens dirigidas. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Voltando à caserna

Aluno Piloto LNTSou daqueles que ainda fez tropa, daquela que se fazia para matar ou morrer. Não tropa macaca de feijão-verde, antes da outra que deixava escapar uma ou outra napalm proibida e que também servia para evacuar companheiros de bandeira, alguns em muito mau estado.

Não cheguei a fazer nada disso. Fiquei-me pela formação porque o meu curso de pilotos aviadores milicianos foi o último a ser iniciado em tempo de guerra e o primeiro a acabar a recruta com a previsão das tréguas.

Quer isto dizer que aprendi o que de bom se podia aprender com o serviço militar e safei-me de ter de matar ou morrer, apanhei pelo meio a revolução e só não fui um militar de Abril, embora nesse Abril fosse militar, porque a incorporação foi em Janeiro.

Na recruta aprendi a fazer a minha cama. Fiquei a saber que se a não fizesse bem feita iria dormir mal. Durante as inspecções só tive de a refazer uma vez.

Aluno Piloto LNTNo curso básico de pilotagem, na Granja do Marquês, aprendi a aterrar. Aquilo tinha os procedimentos para cumprir e tinha a alma que se queria manter junto ao corpinho laroca dos vinte anos. Rapidamente aprendi a fazer o palier que consistia em jogar com a sustentação da máquina que pilotava, numa combinação bem conseguida de velocidade, flaps e de gás necessário para que as rodas tocassem o chão sem partir o trem nem projectar a passarola para saltos tontos na pista.

Depois aprendi muitas outras coisas. Desde fazer pontaria, a disparar, desde ajudar um camarada de armas, a praxar.

Fazer tropa era uma merda (a caserna tem a sua linguagem própria) mas era uma escola que nos dava lições de vida começando pela que nos fazia diferenciar um oficial de um sargento e acabando pela que nos fazia distinguir um oficial confiável de um filho-da-puta.

Não sei o que me deu para escrever este post, mas gostei de o ter escrito.
LNT
[0.179/2011]

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Da insensatez

RatosComo a virgindade é coisa única, quem se dispõe a perdê-la, seja por libido exacerbado, por extaseamento, por deslumbramento, por higiene ou por distracção, arrisca a dor pelo prazer.

Temo que se a perda de virgindade for só trauma e acto único, fique a ideia de que todos os que anteriormente a viveram só repetem o acto por malvadez.

Na política também pode ser assim e se a perda for tão intensa que leve o trauma a provocar a insensatez de generalizar nos outros e em todos os que os antecederam a incapacidade de criar prazer, acaba-se isolado do mundo, agarrado à moralidade sensória e à frustração da irrealização, atirado para os confins de um carmelo sem nunca chegar ao prazer e à utilidade.

Isto parece a estória da carochinha, e é. A estória da carochinha que queria casar com o João Ratão, o tal que morreu no caldeirão por querer comer a feijoada enquanto fervia.
LNT
[0.455/2009]