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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Até alguns ministros são mais iguais do que os outros

Bloco MinistroEscapando ao conceito moralista da coisa gostaria de sublinhar que não entendo que os políticos sejam todos uma cambada e ainda menos que sejam todos iguais.

A introdução é para chegar ao caso do Ministro que a comunicação social colocou na mira para moralizar a ética e que agora, depois de apontado e picado resolveu abdicar de um direito consignado na Lei. Pior do que abdicar daquilo a que tinha direito foi fazê-lo por estar a ser alvo de crítica. Pior do que se apresentar magnânime na abdicação é não haver uma regra que impossibilite que essa situação se possa verificar.

Se o espírito de missão (neste caso só existente depois de a opinião pública a tal o ter obrigado) propõe a beatificação do Ministro, o espírito e a letra da lei deveriam tê-lo impedido de receber aquilo de que agora abdicou.

Mas esta coisa de alvos na Comunicação Social sempre teve muito que se lhe dissesse. A excitação que o subsídio de alojamento provocou nos meios comunicacionais é inversamente proporcional àquela que a mantém em silêncio sobre a hipótese de haver quem exerça cargos no Governo optando pelos vencimentos que detinha antes de ser nomeado.

Será que não há por aí Ministros que ganham mais do que o Primeiro-ministro? (não digo que o Presidente da República porque esse já optou por ser pago pelas reformas dado serem superiores ao salário que a República entende ser o pagamento justo do cargo)

Uma vez mais não estamos a falar de conceitos moralistas, mas só de moralidade. É que não é possível que se deixe morrer alguém porque se inviabilizou um transplante por questões orçamentais e quem o inviabilizou não prescinda (obrigatoriamente e por lei) de receber por funções que não exerce (p.e. a de gestor bancário).

É como se um mestre barbeiro passasse a coveiro mas reclamasse continuar a ter por pré as benesses da arte de barbear.
LNT
[0.476/2011]