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domingo, 23 de novembro de 2014

Direito à idoneidade

IdoneidadeJá alguém ouviu, viu, leu, algum dos muitos órgãos de comunicação social que anunciaram a detenção de Joaquim Lalanda de Castro, representante da multinacional farmacêutica Octapharma, pedir desculpas ao visado ou à sua empresa por terem divulgado, incessantemente, essa falsidade durante um dia?

Porque será que estas questões nunca são referidas nem na comunicação social, nem pelos comentadores deste pobre Portugal?

A idoneidade deixou de ser um bem absoluto?
LNT
[0.317/2014]

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Até alguns ministros são mais iguais do que os outros

Bloco MinistroEscapando ao conceito moralista da coisa gostaria de sublinhar que não entendo que os políticos sejam todos uma cambada e ainda menos que sejam todos iguais.

A introdução é para chegar ao caso do Ministro que a comunicação social colocou na mira para moralizar a ética e que agora, depois de apontado e picado resolveu abdicar de um direito consignado na Lei. Pior do que abdicar daquilo a que tinha direito foi fazê-lo por estar a ser alvo de crítica. Pior do que se apresentar magnânime na abdicação é não haver uma regra que impossibilite que essa situação se possa verificar.

Se o espírito de missão (neste caso só existente depois de a opinião pública a tal o ter obrigado) propõe a beatificação do Ministro, o espírito e a letra da lei deveriam tê-lo impedido de receber aquilo de que agora abdicou.

Mas esta coisa de alvos na Comunicação Social sempre teve muito que se lhe dissesse. A excitação que o subsídio de alojamento provocou nos meios comunicacionais é inversamente proporcional àquela que a mantém em silêncio sobre a hipótese de haver quem exerça cargos no Governo optando pelos vencimentos que detinha antes de ser nomeado.

Será que não há por aí Ministros que ganham mais do que o Primeiro-ministro? (não digo que o Presidente da República porque esse já optou por ser pago pelas reformas dado serem superiores ao salário que a República entende ser o pagamento justo do cargo)

Uma vez mais não estamos a falar de conceitos moralistas, mas só de moralidade. É que não é possível que se deixe morrer alguém porque se inviabilizou um transplante por questões orçamentais e quem o inviabilizou não prescinda (obrigatoriamente e por lei) de receber por funções que não exerce (p.e. a de gestor bancário).

É como se um mestre barbeiro passasse a coveiro mas reclamasse continuar a ter por pré as benesses da arte de barbear.
LNT
[0.476/2011]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Quantos dentes são necessários para uma boa mentira?

Boneco laranjaUm belo dia veio um Senhor Ministro, ou coisa que o valha, dizer ao pagode que tinha sido descoberta uma sala fechada no Instituto do Desporto e que, quando a abriram, estava pejada de facturas por pagar, coisa de regabofe.

O tal Ministro, ou coisa que o valha, fez publicar a brincadeira na comunicação social dando-lhe aquele ar de "coisa colossal" que esta gente gosta de dar quando inventa e depois, quando se tratou de desmentir o embuste, ficou-se nas suas tamancas labregas, tal como também já tinha sido feito com o colossal desvio que nunca explicaram.

A insinuação ficou para durar e a falsidade perdurará, mesmo que venha a haver um desmentido, uma vez que a mensagem fez o seu percurso.

São tácticas velhas como o Mundo, mas ainda funcionam. Todos sabem que nesta barbearia não havia grande amor pelo ex-chefe, mas todos sabem que aqui não me cansei de defender Sócrates sempre que, estes mesmos senhores, usaram técnicas semelhantes para passarem a mentira e a difamação.

Confirma-se que isto é gente sem escrúpulos e sem ética, a quem servem todos os métodos, por mais escabrosos que sejam.
LNT
[0.345/2011]

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Labreguices

Burro1. Passos Coelho referiu, em tempos, que num almoço (ou jantar) "comicieiro" na Madeira um finlandês o terá abordado para lhe dizer que: "esperava que a conta daquele almoço não tivesse de vir a ser paga pelos seus impostos na Finlândia". Passos Coelho, que pretende ser Primeiro-Ministro de Portugal, não informou o que terá respondido mas entende-se que não lhe deu a única resposta possível perante a arrogância e que seria a de que os finlandeses, o FMI e outros, não estão a fazer caridade mas sim um negócio, um dos mais prósperos e antigos negócios que consiste em emprestar dinheiro em troca de mais dinheiro (o dinheiro + os juros). Ficou patente a labreguice de quem nos pretende representar como dirigente do executivo da República.

2. A estória de fazer de Basílio Horta o cabeça de uma das listas distritais do Partido Socialista é uma habilidade política, mais uma, que só serve para manter o rumo do desprestígio da política nacional. Não porque Basílio Horta não seja um excelente cidadão que mereça todo o respeito, mas pelo desrespeito que representa entregar a representação programática de um Partido na mão de um cidadão que nela não se revê. A labreguice não se dirige a Basílio Horta mas sim a quem o escolheu.

3. Fernando Nobre continua na senda da asneira. Depois de ter dado o dito por não dito atrelado à "supremacia dos independentes" e ao desconhecimento das regras constitucionais, o que é grave para quem pretendeu ser Presidente da República, declara agora (noticiários da manhã) que depois das eleições saberá se há condições ou não para ser "nomeado" Presidente da Assembleia da República. Notem bem, "nomeado" quando o cargo é de eleição entre os seus pares. Não há limites para a labreguice em que estamos mergulhados.

Depois admiram-se que lá fora nos percepcionem como labregos, não no sentido de aldeões, mas no de rudes e de grosseiros.
LNT
[0.132/2011]

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Da ética

Xadrez - Vieira da SilvaA primeira característica da ética é a lealdade. Não confundir com fidelidade porque essa é uma característica canina.

O dever de lealdade com quem se partilham, com base na confiança, conhecimentos e informação é a fronteira entre as pessoas de bem e os traidores. A violação desse dever define o carácter de quem o viola, como em tempos distinguia os "informadores" da PIDE dos próprios "trucidadores" sendo os informadores os mais nojentos de todos porque se infiltravam e eram pagos para fazer da confiança a arma da ignomínia.

Ninguém gosta de traidores. A sua natureza de aleivosos torna-os no escarro da ética.

Nota: sobre este mesmo assunto (e lá voltarei mais tarde) ler, entre outros:
Pedro Adão e Silva
Eduardo Pitta
Tomás Vasques e de novo Tomás Vasques
José Reis Santos
Porfírio Silva
Sofia Loureiro dos Santos
Francisco Clamote
Miguel Abrantes
André Couto
LNT
[0.073/2010]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Há mais vida para além do Orçamento

Alegra-te

(...)
"E acima de tudo um cidadão [(Manuel Teixeira Gomes)] que nos deixou uma lição de ética e de sentido estético da vida.

Neste ano em que se comemora o Centenário da República, voltamos a precisar desse rigor ético na vida privada e na vida pública.E também de algo que vá para além do discurso cíclico sobre as contas públicas.
As pessoas precisam de um horizonte e de uma perspectiva para além dos números e para além dos sacrifícios que lhes pedem no dia a dia. As pessoas precisam de saber porquê e para quê. E sobretudo, para além do direito ao trabalho e do direito ao pão, as pessoas precisam do direito à esperança, do direito ao sonho e do direito à beleza."
Manuel Alegre - Portimão, 2010.01.15
(sublinhados e parêntesis meus)
A bucha (há mais vida para além do Orçamento) que Manuel Alegre introduziu no seu discurso tem feito correr muita tinta, principalmente dos que insistem em transformá-la na essência do discurso, isolá-la do contexto em que foi usada e até, acrescentando à bucha a palavra "deficitário", explicar que sem orçamento não haverá vida.

No entanto esquecem que o Presidente da República não tem poderes executivos. Que não lhe compete governar mas sim exigir rigor ético na vida pública e de fazer valer que "para além dos números e dos sacrifícios" exista um "horizonte e uma perspectiva" que conceda aos cidadãos "esperança e direito ao sonho e à beleza".
No entanto esquecem os preceitos constitucionais, que ao Presidente competem fazer cumprir, nomeadamente os consignados no art.º 9º, onde se explica que vida é essa que existe para além do Orçamento.

É por haver vida para além do Orçamento que a candidatura de Manuel Alegre incomoda muita gente. Gente que não consegue entender que as candidaturas à Presidência da República têm de ser supra-partidárias para que exista equidistância no exigir do rigor ético e do sentido estético da vida, das despesas, do esbanjamento, da corrupção e da justiça.
LNT
[0.034/2010]

segunda-feira, 23 de março de 2009

Botão Barbearia[0.242/2009]
2-3 (ou 3-4, como queiram)Mãos

Segundo consta, houve para aí uma espécie de jogo que terminou 2 a 3. Não ganharam os melhores nem perderem os piores porque tudo aquilo foi mau de mais, começando pela arbitragem, passando pelos jogadores, continuando pelos treinadores e acabando nos dirigentes desportivos.

Hoje há lamúrias e revoltas, sorrisos e festejos entre os mesmos que, mais dia, menos dia, vão inverter os papéis de injustiçados.

De tudo isto sobra o lixo e a transmissão aos mais novos da ideia de que os problemas se resolvem com agressão e incivilidade.

Aquela medalha no chão representa o lamentável de ter, como ídolos dos nossos filhos, gente de tão má formação.
LNT

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Botão Barbearia[0.133/2008]
Coerências
Pavilhão República
Como se sabe, o referendo é coisa que, salvo raros casos locais, é considerado nesta casa como uma aberração da democracia.

Serve essencialmente para que meia dúzia de comentadores oficiais (não eleitos, logo só representantes de si próprios) tenham tempo de antena e possam dissertar sobre o sexo dos anjos. Os resultados práticos são conhecidos e não houve, até hoje, qualquer referendo em Portugal que tivesse atingido a quota mínima que o fizesse vinculativo.

Mas…

Esta casa não foi submetida a eleições e por tal não está obrigada a um programa sufragado. Se o tivesse sido, nunca teria lá incluído o referendo porque o acha uma aberração. Raciocínio simples, parece.

No entanto, se por acaso o tivesse incluído, agora, mesmo não o aceitando com agrado, fá-lo-ia porque o dono desta casa se considera uma pessoa de bem.

E também, caso o barbeiro fosse deputado…

teria feito como António José Seguro que na AR votou, invocando objecção de consciência, a favor do referendo, ou não querendo ser tão radical, como Manuel Alegre que, por ser Vice-Presidente da AR tem maiores responsabilidades, abstinha-se apresentando uma declaração de voto.

Sabe-se que a coerência, a ética e honra da palavra dada são bens raros neste tempo em que o valor zero prevalece, o que justifica a estranheza que estas duas atitudes causaram em tantos comentadores.
LNT
Rastos:
USB Link
-> António José Seguro
-> Manuel Alegre

-> Loja das Ideias