Coerências
Como se sabe, o referendo é coisa que, salvo raros casos locais, é considerado nesta casa como uma aberração da democracia.
Serve essencialmente para que meia dúzia de comentadores oficiais (não eleitos, logo só representantes de si próprios) tenham tempo de antena e possam dissertar sobre o sexo dos anjos. Os resultados práticos são conhecidos e não houve, até hoje, qualquer referendo em Portugal que tivesse atingido a quota mínima que o fizesse vinculativo.
Mas…
Esta casa não foi submetida a eleições e por tal não está obrigada a um programa sufragado. Se o tivesse sido, nunca teria lá incluído o referendo porque o acha uma aberração. Raciocínio simples, parece.
No entanto, se por acaso o tivesse incluído, agora, mesmo não o aceitando com agrado, fá-lo-ia porque o dono desta casa se considera uma pessoa de bem.
E também, caso o barbeiro fosse deputado…
teria feito como António José Seguro que na AR votou, invocando objecção de consciência, a favor do referendo, ou não querendo ser tão radical, como Manuel Alegre que, por ser Vice-Presidente da AR tem maiores responsabilidades, abstinha-se apresentando uma declaração de voto.
Sabe-se que a coerência, a ética e honra da palavra dada são bens raros neste tempo em que o valor zero prevalece, o que justifica a estranheza que estas duas atitudes causaram em tantos comentadores.
LNT
Rastos:
-> António José Seguro
-> Manuel Alegre
-> Loja das Ideias
4 comentários:
Já aplaudi a ideia de Manuel Alegre fazer a reflexão que aliás já se impunha há muito tempo. Sendo o PS um partido de esquerda e tendo em vista que o seu sustentáculo eleitoral não é apenas a militância porque se assim fosse nunca ganharia eleições, não é aceitável que os simpatizantes continuem eternamente à espera que os
seus líderes desengavetam o socialismo. Já chega de aposta no centralismo.
Um abraço do Raul
Vamos em frente, caro Raúl.
Haveria outras duas possibilidades:
1. Votar a favor invocando expressamente que o faria por disciplina partidária.
2. Não participar na votação por objecção de consciência com a posição tomada (o que eu faria se tal fosse o caso - aliás, já o fiz uma vez em Assembleia Municipal).
Pelo menos alguém no PS seja contra os políticos irresponsáveis que prometem sem pensar no que estão a fazer.
Mais uma vez, o PM quebrou uma promessa eleitoral.
É preciso ser coerente nas palavras e actos.
Os políticos têm que se responsabilizar pelas suas palavras e em particular pelas suas promessas. Se não é para cumprir, não prometam.
Penso que o Dr. António José Seguro queria apenas que o seu partido, no governo, devia cumprir com a sua palavra.
O populismo do PM que prometeu em campanha eleitoral realizar um referendo para a aprovação do Tratado Constitucional. Mudaram-lhe uns pontos, deram-lhe um nome diferente mas tem exactamente os mesmos objectivos e já não se faz o referendo. É outro, diz o PM (!!!!).
Penso que 99,98% dos portugueses não sabe, mas o que está em causa é mais uma falha de uma promessa eleitoral (não Demagógica!!!).
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