sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Botão Barbearia[0.133/2008]
Coerências
Pavilhão República
Como se sabe, o referendo é coisa que, salvo raros casos locais, é considerado nesta casa como uma aberração da democracia.

Serve essencialmente para que meia dúzia de comentadores oficiais (não eleitos, logo só representantes de si próprios) tenham tempo de antena e possam dissertar sobre o sexo dos anjos. Os resultados práticos são conhecidos e não houve, até hoje, qualquer referendo em Portugal que tivesse atingido a quota mínima que o fizesse vinculativo.

Mas…

Esta casa não foi submetida a eleições e por tal não está obrigada a um programa sufragado. Se o tivesse sido, nunca teria lá incluído o referendo porque o acha uma aberração. Raciocínio simples, parece.

No entanto, se por acaso o tivesse incluído, agora, mesmo não o aceitando com agrado, fá-lo-ia porque o dono desta casa se considera uma pessoa de bem.

E também, caso o barbeiro fosse deputado…

teria feito como António José Seguro que na AR votou, invocando objecção de consciência, a favor do referendo, ou não querendo ser tão radical, como Manuel Alegre que, por ser Vice-Presidente da AR tem maiores responsabilidades, abstinha-se apresentando uma declaração de voto.

Sabe-se que a coerência, a ética e honra da palavra dada são bens raros neste tempo em que o valor zero prevalece, o que justifica a estranheza que estas duas atitudes causaram em tantos comentadores.
LNT
Rastos:
USB Link
-> António José Seguro
-> Manuel Alegre

-> Loja das Ideias

4 comentários:

contradicoes disse...

Já aplaudi a ideia de Manuel Alegre fazer a reflexão que aliás já se impunha há muito tempo. Sendo o PS um partido de esquerda e tendo em vista que o seu sustentáculo eleitoral não é apenas a militância porque se assim fosse nunca ganharia eleições, não é aceitável que os simpatizantes continuem eternamente à espera que os
seus líderes desengavetam o socialismo. Já chega de aposta no centralismo.
Um abraço do Raul

Luís Novaes Tito disse...

Vamos em frente, caro Raúl.

Pedro Sá disse...

Haveria outras duas possibilidades:

1. Votar a favor invocando expressamente que o faria por disciplina partidária.

2. Não participar na votação por objecção de consciência com a posição tomada (o que eu faria se tal fosse o caso - aliás, já o fiz uma vez em Assembleia Municipal).

Antero de Quental disse...

Pelo menos alguém no PS seja contra os políticos irresponsáveis que prometem sem pensar no que estão a fazer.

Mais uma vez, o PM quebrou uma promessa eleitoral.

É preciso ser coerente nas palavras e actos.

Os políticos têm que se responsabilizar pelas suas palavras e em particular pelas suas promessas. Se não é para cumprir, não prometam.

Penso que o Dr. António José Seguro queria apenas que o seu partido, no governo, devia cumprir com a sua palavra.

O populismo do PM que prometeu em campanha eleitoral realizar um referendo para a aprovação do Tratado Constitucional. Mudaram-lhe uns pontos, deram-lhe um nome diferente mas tem exactamente os mesmos objectivos e já não se faz o referendo. É outro, diz o PM (!!!!).

Penso que 99,98% dos portugueses não sabe, mas o que está em causa é mais uma falha de uma promessa eleitoral (não Demagógica!!!).