O negócio correu bem porque o Botas exportava portugueses sem nada ter investido o que fazia com que grande parte dessa gente tivesse tão pouca condição lá fora que se via obrigada a amealhar cá, na esperança de um dia poder voltar a sentir-se cidadã.
Eram outros tempos. Tínhamos um banco central que emitia a moeda que o Botas mandava e, para que ele pudesse continuar a guardar os lingotes na cave, havia que garantir divisa estrangeira que cobrisse o cunho da moeda nacional.
Tudo é diferente hoje em dia. As divisas estrangeiras não servem para garantir a moeda internacional que circula em Portugal, a malta nova vai para a escola, em grande parte paga pelo colectivo e os portugueses que se exportam já não se sentem imigrantes nos países de destino. Perdemos o investimento feito na preparação dessa malta e não há qualquer retorno porque o dinheiro é guardado nos bancos da emigração ou num qualquer paraíso a salvo do Ministério das Finanças português.
A irresponsabilidade do discurso da zona de conforto é esta mesma, já não falando no salto geracional que se está a dar e no atraso que as gerações futuras vão sentir quando forem confrontadas com o obsoleto português.
LNT
[0.106/2012]