sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ortigas

OrtigaHouve um tempo em Portugal em que a exportação de portugueses foi um óptimo negócio. Desculpar-me-ão os leitores que continuam a achar que o Botas foi uma eminência e um imã de ouro (consta que parte dele desaguou da forja onde se derretiam as alianças retiradas dos dedos nos campos de concentração), mas continuo a entender que, mesmo no tempo dele, teria sido preferível criar condições para que essas pessoas tivessem ajudado a desenvolver a nosso País.

O negócio correu bem porque o Botas exportava portugueses sem nada ter investido o que fazia com que grande parte dessa gente tivesse tão pouca condição lá fora que se via obrigada a amealhar cá, na esperança de um dia poder voltar a sentir-se cidadã.

Eram outros tempos. Tínhamos um banco central que emitia a moeda que o Botas mandava e, para que ele pudesse continuar a guardar os lingotes na cave, havia que garantir divisa estrangeira que cobrisse o cunho da moeda nacional.

Tudo é diferente hoje em dia. As divisas estrangeiras não servem para garantir a moeda internacional que circula em Portugal, a malta nova vai para a escola, em grande parte paga pelo colectivo e os portugueses que se exportam já não se sentem imigrantes nos países de destino. Perdemos o investimento feito na preparação dessa malta e não há qualquer retorno porque o dinheiro é guardado nos bancos da emigração ou num qualquer paraíso a salvo do Ministério das Finanças português.

A irresponsabilidade do discurso da zona de conforto é esta mesma, já não falando no salto geracional que se está a dar e no atraso que as gerações futuras vão sentir quando forem confrontadas com o obsoleto português.
LNT
[0.106/2012]

1 comentário:

Maria disse...

Nunca gostei do Botas. É ódio hereditário. Hoje, penso que, como ministro das finanças, até foi bom. Quando quis ser mais lixou-nos.
O que eu nunca ouvi, foi ele queixar-se do ordenado, e, parece que era muito unhas de fome em casa. Morreu pobre, tinha uma casinha herdada, para os lados de Santa Comba.
Não roubou, deixou roubar. E tão ladrão é quem vai à vinha, como quem vê e consente.
Volto a dizer: nunca gostei dele, nem tenho saudades. Foi ele que nos atirou para uma guerra estúpida, que ainda hoje mostra marcas.
Bom Fim de Semana.
Maria