terça-feira, 13 de abril de 2010

Esgravatar

arame farpadoEsgravatamos e escarafunchamos em busca de soluções e, cada vez que nos dirigimos para elas, surgem os homens da pá com problemas a rodos para soterrar os problemas antigos num ciclo inútil de escarafunchamento e de submersão.

Neste arrastar de vazio não há tempo nem espaço para a segmentação da complexidade sobrando mais de nada a acrescentar ao nada impingido como valor. Uma sequência, ou melhor, uma multiplicação por zero.

E assim ficamos onde estamos, a esgravatar e a escarafunchar túneis sem destino e com uma equipa avançada que tapa todas as frestas de luz.

Esgravatamos e escarafunchamos como os miúdos fazem na praia sem o cuidado de escorar a areia seca.
LNT
[0.143/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCXXV ]

Hotel Albacora
Hotel Albacora - Tavira - Portugal
LNT
[0.142/2010]

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Conversas da treta












LNT com as dicas de Maloud e Pedro Novaes Tito
[0.141/2010]

A importância dos cestos de papeis

Ana Vidigal
Houve um tempo, espantem-se os mais jovens, em que não havia telemóveis e por isso não era possível fazer escutas aos telemóveis (adoro paliçadas).

Nesse tempo já havia, no entanto, quem à falta de telemóveis fizesse escutas aos cestos de papéis.

Se pensa que isto é esquisito faça o favor de seguir este link e clique na segunda imagem do texto "Prisões" para ler, em formato grande, como se faziam as escutas desse tempo e para comprovar que já na altura eram sempre:

"a bem da nação"

LNT
Imagem: Ana Vidigal
[0.140/2010]

As cartolas dos coelhos

Coelho cartolaHá coisas que custam muito a entender. Uma delas, p.e., é o que quererá dizer:

"quem recebe apoios solidários da Nação deverá prestar trabalho de compensação à Nação." (citado de memória)

É que, se quem recebe esses apoios solidários os recebe por estar desempregado, então o trabalho de compensação deveria ser substituído por trabalho remunerado e ser-lhe cortado o apoio solidário. Era mais normal, mais humano, economicamente mais útil, em termos de segurança social e de finanças mais contributivo (e até ficaria mais barato pelo retorno de parte ao fisco e à SS) e era mais solidário.

Se os recebe por incapacidade ou doença não se entende o trabalho que deveria prestar.

Como diria um amigo meu que inventou uma lengalenga sobre os nomes das povoações da "Linha" onde se cantam os amores e desamores de um nobre por uma tal princesa Karca, é tempo de como ele questionar:

"Karca, vê-los?"
LNT
[0.139/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCXXV ]

Jarro brazão
Jarro português - Minho - Portugal
LNT
[0.138/2010]

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Coisas do sobrenatural

25

Manuel Alegre
"O miúdo que pedalava num carro de quatro rodas poderia dizer, como eu próprio já disse: Isto é o que sei de literatura.

Mas ainda falta acrescentar que o miúdo que tocava piano sobre a mesa viu Miguel Torga no hospital segurando o caderno e a caneta como quem, no campo de batalha, ferido de morte, não larga as armas. Eram já poucas as forças, mas a mão mantinha-se firme na caneta e no caderno. Não queria ser apanhado desprevenido (ou desarmado) se uma vez mais lhe aparecesse aquele primeiro verso, que sempre nos é dado, como costumava dizer. Estava preparado, porque nunca se sabe, como se diz na Bíblia, quando vem o sopro e de que lado sopra. A terra respira de muitas formas. Pela boca do vulcão Santiago, pela flauta de Camilo Pessanha, pela grafia do poeta que escrevia pela noite dentro, pelas primeiras e pelas últimas palavras de Sophia e, sobretudo, pela sua entoação de um ritmo já só ritmo. E pelo pulso de Miguel Torga, por aquela mão antiga a segurar o caderno e a empunhar a caneta até ao fim."
Um poema feito prosa pela mão de um poeta presidente, coisa que não pode deixar um País indiferente.
LNT
[0.134/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCXXIII ]

O miudo que pregava pregos numa tábua
O miúdo que pregava pregos numa tábua - Manuel Alegre - Lisboa - Portugal
LNT
[0.133/2010]

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para que a praça da canção não seja uma ilusão

João SoaresOuvi, com a atenção do costume, a entrevista que João Soares deu no passado fim-de-semana ao Rádio Clube Português.

João Soares merece-me esse tempo de atenção. Ouvi-lo permite-me com ele concordar em muito e em muito discordar, um hábito de décadas que quase sempre nos fizeram estar do mesmo lado da barricada quando o combate foi externo e muitas vezes em oposição dentro do PS.

A excepção externa foi a anterior candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, que espero não se venha a repetir, mas que foi e é um ponto de divergência no conceito do papel fundamental do Presidente da República, que João Soares trata com displicência chegando ao limite de nele (no papel) ainda ver semelhanças com o de corta-fitas da ditadura.

Voltei a ouvir João Soares falar num candidato do PS, coisa inexistente, porque estamos a falar de candidatos à Presidência da República. As forças partidárias devem prescindir da tentação de querer na Presidência da República uma extensão da sua hierarquia.

É um conceito fácil de entender e basta a João Soares lembrar-se do slogan que tantas vezes repetiu: - "o Presidente de todos os portugueses" – para não falar no candidato do PS. O candidato do PS à presidência é eleito no seu Congresso Nacional e destina-se a presidir ao Partido Socialista.

Manuel Alegre não tem, nem deve, ser o candidato do PS. Tem e deve ser um candidato nacional que se compromete com os seus eleitores a cumprir e fazer cumprir a Constituição sem subordinar essa missão aos interesses de uma ou outra força política.

O Partido Socialista e as outras forças de esquerda, apoiarão um ou outro candidato e aconselharão os seus militantes a votarem no candidato que melhores garantias dá para o bom e independente, mas não indiferente, desempenho do cargo.

Não se espera do PS que tente impor um candidato porque isso resultará, como é patente, na vitória do quadrante político de sinal contrário, ainda para mais numa disputa em que o candidato que federa a direita portuguesa se candidata à sua própria sucessão.

Falamos de política, de interesse nacional e da visão política. Confundir isto com tricas pessoais e familiares ou com estados de alma só poderá levar o actual líder da direita, em si representada, a manter o poder por mais cinco anos.
LNT
[0.132/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCXXII ]

Museu da Marinha
Museu da Marinha - Lisboa - Portugal
LNT
[0.131/2010]

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dominus vobiscum

AviãoHá dias de imensa nostalgia, mesmo sendo dias azuis como o de hoje em que só falta o fumo gordo das sardinhas para que se julgue ser já tempo de ripanço e banhos de mar.

Há dias assim, em que a coisa "ser pai" sai assustadoramente do esconderijo, sacada por um beijo repenicado e pelo agitar das asas.

Há dias que não valem horas, dias egoisticamente sôfregos de extinção.

Dominus vobiscum
LNT
[0.130/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCXXI ]

Porto Côvo
Porto Côvo - Alentejo - Portugal
LNT
[0.129/2010]