sábado, 21 de janeiro de 2012

Omissões, inverdades e vídeos

MuppleyDesta vez foi Cavaco. Acredito que ele tenha dito o que disse para explicar que também lhe caiu em sorte uma parte dos "sacrifícios" exigidos aos portugueses e que faz parte do grupo daqueles a quem eles são impingidos de forma desigual.

No fundo Cavaco é pensionista e é sobre os pensionistas e os trabalhadores da administração pública que estão a recair as maiores cargas de pancadaria.

Cavaco Silva, o Presidente que jurou a Constituição, que reconheceu que as medidas tomadas por este Governo ferem o princípio da igualdade enunciado nessa mesma Constituição e que mesmo assim promulgou as medidas sem consultar o Tribunal Constitucional, é o mesmo que agora se lamenta por lhe ter sido retirado parte do seu sustento a favor de muitos que não são chamados equivalentemente a colaborar no esforço nacional.

Até aqui entendeu-se (incluida a incoerência), a partir daqui ofendeu-nos.

Quando só refere a pensão de 40 anos como Professor e fala de 1.300 euros mensais está a falar de qualquer coisa da qual omite razões. Nenhum professor universitário que trabalhou 40 anos recebe 1.300 euros de reforma a não ser que os descontos feitos se refiram a parcelas muito curtas de trabalho diário.

Quando não refere o valor da pensão que recebe de Banco de Portugal nem o tempo que nele fez descontos para a poder usufruir, está a tentar enganar aqueles a quem dirige a mensagem. Sabemos que as pensões do Banco de Portugal são uma afronta a todos os que trabalharam toda a vida, fizeram descontos toda a vida e agora estão na dependência da prepotência de uma entidade patronal que unilateralmente lhes subtrai parte do pagamento.

Quando diz que prescindiu do ordenado que a sua função lhe determinou e não explica o porquê, isto é, que entre o ordenado de Presidente da República e aquilo que recebe em reformas acumuladas preferiu as reformas por lhe darem um rendimento superior, está a tentar fazer de parvos todos os cidadãos.

Quando informa que ele e a sua mulher foram muito poupados toda a vida e que agora usam parte dessas poupanças para fazer face à vida de luxo que levam (porque a quem 10.000 euros mensais não chegam tem de ter uma vida de luxo) está a insultar todos os portugueses que nunca puderam poupar porque o dinheiro nunca lhes chegou até ao fim do mês.

Azar não ter acontecido mais perto do Natal. Alguém lhe teria metido uma fatia de bolo-rei na boca e teríamos sido poupados a mais este ultraje.
LNT
[0.045/2012]

Já fui feliz aqui [ MLII ]

Chocolate
Chocolate Peters - Lisboa/Berlim - Blogs
LNT
[0.044/2012]

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

FOC-OF *

Bolo-rei
"Tudo somado, quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas, porque também não recebo vencimento como PR"
Cavaco Silva
2012.01.20

Em breve, nesta Barbearia, será disponibilizado o NIB para recolha de donativos.

Seja solidário(a)!
* Fundo Orçamental a Cavaco – Oferta Financeira
LNT
[0.043/2012]

Jantaradas

GravatasO nosso Pedro anda numa roda-viva.

Ontem foi jantar com a tiazinha Ângela ao Palácio Meseberg na Saxónia e, embora tenhamos ficado sem saber ao certo qual foi a ementa do repasto, soubemos o que importa, isto é, que só utilizou transportes públicos para lá chegar e de lá voltar.

Num dia em que as relações luso-alemãs se fortaleceram a todos os níveis (não é todos os dias que em Portugal se recebem barras de ouro em forma de chocolate alemão, nem que o Primeiro Português se senta à mesa do orçamento alemão para se alambazar com Bratwurst acompanhadas de Kartoffelsalat ou de Sauerkraut), Pedro sentiu-se mais alemão do que nunca e, não fosse a distracção de cruzar o rotor de cauda do helicóptero que o levou, até tinha passado o ar de prosperidade que nem ele, nem a sua anfitriã, ambicionam para Portugal.
LNT
[0.042/2012]

Minas e armadilhas

EstetoscópioDiria que o maior inimigo do estado social é o estado deplorável do egoísmo a que chegámos e a falta de sentido de Estado revelada pelas gentes que o deveriam defender.

Essas gentes são os nossos políticos, a classe empresarial subsídio-dependente, as clientelas que se apresentam sem cor para melhor se encaixarem em qualquer uma que lhes mantenha o privilégio e os falsos desfavorecidos alapados à economia paralela e sentados à mesa do orçamento para o qual não contribuem.

O estado social deixou-se minar pelos anti-sociais, gentes que viram forma de ganhar a vida à sua sombra e outras gentes que o parasitaram até à exaustão.

O falso remédio é acabar com ele. O estado social não pode ser objecto de eutanásia, nem do prolongamento da vida vegetal.

Para bem de todos, da nossa dignidade, dos nossos princípios humanistas, da nossa qualidade e da nossa segurança há que descobrir a cura que o recupere e o mantenha saudável.
LNT
[0.041/2012]

Já fui feliz aqui [ MLI ]

Serpa
Serpa - Alentejo - Portugal
LNT
[0.040/2012]

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sonsos

MarA moda parece ser "ir para além de..."

Não há discurso onde a fórmula não entre. O Governo vai além da troika, a UGT vai além da vontade dos trabalhadores, o aperto vai além do necessário e agora, ficámos a saber pelo Primeiro-Ministro, que o Presidente da República foi além da discrição.

É fórmula antiga a lembrar outros aléns como o do ultramar, o de Alcácer-Quibir ou o de Pessoa com o seu "Trepadeiras de despropósitos lambendo de Hora os Aléns".

Sonsos, trepadeiras, despropósitos e lambedores (aqui o MEC tem palavra antiga), até que o além se faça aquém e a mansidão se faça raiva.
LNT
[0.039/2012]

Surdinas [ XXIX ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Se 90% dos testes de paternidade são realizados para esclarecer dúvidas, ficamos esclarecidos.

Isto é mesmo um País de filhos-da-mãe e a percentagem não cresce porque, tal como com as estatísticas do desemprego, não se contabilizam os que emigram, nem os que desistem do registo.
LNT
[0.038/2012]

Já fui feliz aqui [ ML ]

Amoreiras
Amoreiras/Ponte - Lisboa/Almada - Portugal
LNT
[0.037/2012]

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Cabra-cega

GoyaQuem ontem viu o Ministro Álvaro a fugir ao fogo amigo que a Judite de Sousa lhe disparou, percebeu claramente que a agenda que este governo tem escondida debaixo do “memorando” é para manter nesse estado.

Já todos percebemos que a “troika” é só um disfarce para a aplicação de um programa nunca revelado. Já todos entendemos que no “memorando” só é imutável aquilo que não interessa mudar.

Começa a ser tempo de nos dizerem que o que andam a cozinhar é coisa pensada e decidida. Já é tempo de se deixarem da cobardia de fingir que queriam fazer coisa diferente.
LNT
[0.036/2012]

Já fui feliz aqui [ MXLIX ]

Galo Barcelos
Galo - Barcelos - Portugal
LNT
[0.035/2012]

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

À procura de um papel

Três actores à procura de um papel


Diz-me o Joaquim Paulo Nogueira (JPN) que vai estar em cena na Comuna Teatro Pesquisa, à Praça de Espanha, Lisboa, entre os dias 19 e 29 de Janeiro (de quinta a sábado às 21:30 e aos domingos às 16:00 h) a peça "Três actores à procura de um papel"

Passará na Sala Novas Tendências e só o facto do texto e da encenação serem da autoria de JPN é suficiente para acreditar que estaremos perante um espectáculo a não perder. Os papéis desempenhados por João Cabral, Oceana Basílio e Ângelo Torres garantem o resto.
LNT
[0.034/2012]

Bis sexto ante calendas martii

Cadeira rotaDetesto anos bissextos e este 2012 tinha de o ser.

De quatro em quatro anos, excepcionando os múltiplos de 100 que não o sejam também de 400, acrescentamos mais um dia de trabalho não discutido em sede de concertação social, o que representa uma afronta aos mais amplos direitos dos trabalhadores. Trata-se de um acerto não remunerado das 6 horas que sobram aos 365 dias de cada ano normal e que, desde 1582, deveriam fazer parte dos cadernos reivindicativos.

Ontem, ao fim de três horas, ainda esta questão não tinha sido equacionada, já a delegação comunista (desculpem e rectifico) a delegação da CGTP abandonava as negociações, dando por concretizada a praxe anual e confirmando que os rituais não são exclusivo das lojas de que agora tanto se fala.

A UGT não foi de modas. Aproveitou a cadeira deixada vazia pelo seu camarada de luta para alargar o assento (o João Proença, em consequência das décadas de liderança, começa a ter o rabo grande demais para as estreitas cadeiras da concertação), arrecadou o benefício do contraditório, suportou a ligeireza alvarinha na medida canadiana do "toma lá mais meia hora, que é para embarateceres" (que entretanto parece ter caído, como outras "natas"), assinou o rapinanço de uns dias de férias, mandou o 5 de Outubro e mais três outros dias de descanso às urtigas, acordou passar metade do valor das horas extraordinárias para o bolso dos patrões que, tal como o Catroga, evocam a máxima de que quanto mais ganharem, melhor viverão os pobrezinhos porque o contributo para a esmola será acrescentado e digeriu mais meio dúzia de malfeitorias ideológicas impostas à sombra da troika.

Dizem que foi uma maratona. Subiram ao pódio os do costume.
LNT
[0.033/2012]

Já fui feliz aqui [ MXLVIII ]

Lagostas
César - Ericeira - Portugal
LNT
[0.032/2012]

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Escadeado à guilhotina

Corte cabeloAo contrário do que se passa nos táxis, nas barbearias, principalmente naquelas onde há tira-dentes a sangradores, as conversas não são só feitas para agrado da clientela mas também para que, quando no assento se repimpam os clientes mais exigentes em termos de escanhoado perfeito, se sinta que a navalha, a escapar, é capaz de cortar uma orelha. Raramente se dá a volta à praça exibindo o troféu, é verdade, mas a orelha, num tempo em que os cuidados de saúde estão pela hora da morte, acaba invariavelmente no lixo misturada com o resto da trunfa a varrer após a tosquiadela.

Os avisos estão bem destacados na montra ao lado. Pode-se fumar, o acordo ortográfico há-de ser matéria para as calendas, aceitam-se manicuras desde que devidamente credenciadas e diplomadas, o estabelecimento foi plivatizado e the rabbits transform come from outerspace to take over the world!

É por isso (por não haver o costume de dar a volta à praça a exibir o troféu) que muitas vezes passa desapercebida a conversa do barbeiro, como por exemplo aconteceu aqui e aqui, sem que alguém tivesse dado grande relevo, mas que agora não há gato pindérico que não levante o topete para amarfanhar a decisão. É o que dá economistas, na vertente da engenharia financeira, meterem as mãos no rabecão.

Espera-se que este deslize não se transforme em trambolhão e que em vez de uma orelha não haja quem venha a perder a cabeça.
LNT
[0.031/2012]