quarta-feira, 14 de maio de 2014

Todos os direitos adquiridos são iguais embora uns sejam mais iguais do que outros

Pássaros praiaAlertado pelo meu vizinho João Gonçalves chego ao conhecimento da alarvidade que se prepara para, na senda do “vivermos com as nossas posses”, nos retirarem também a possibilidade de gozar, de borla, um pouco de Sol e um mergulho no mar.

Mais um avanço nestas preia-mares que se destinam a retirar-nos o pé para nos afogar.
LNT
[0.158/2014]

As badaladas do Caldas

Bébés chinesesQuando no Caldas soarem as badaladas de 1640 e o fogoso cavalo dos dentes brancos se voltar a transformar num rato, quando o brilhante atrelado laranja voltar a ser a abóbora retornada em que se transformou há muito, só vai sobrar o sapatinho de cristal e a procura do pezinho que lhe sirva.

Nós, os personagens desta fábula da treta, desta fantasia de estarmos melhor por estarmos mais purificados e pobres, voltaremos a ser os servos e os nossos filhos vão ter de continuar a servir os príncipes no carrego da chinela que lhes garanta uma formosa gata borralheira.

Enquanto isto, o inclino* de Belém anuncia no Império do Meio que gostaria de ver uma linha alada directa entre o Mar da Palha e o Rio Amarelo sem sequer tentar saber as razões que levaram a companhia de bandeira a abandonar a rota de Taipa. Pouco lhe interessa, a demagogia que o assiste é sempre mais forte, e como o seu sonho é, à laia do homem da Indústria e das Imperiais, diminuir a taxa de desemprego exportando os desempregados nem que seja para uma roleta chinesa que controla a natalidade preferindo importar gente já formada a ter que a formar, não hesita no sound byte.

Aguardemos as badaladas, as mais sérias que soarão no dia 25, para ver se os ratos e as abóboras tomam consciência do desprezo que por aí lhes têm.

Este 1640 dos ratos do Caldas sem defenestração anunciada será aquilo que nós quisermos, sendo certo que a praga se propagará caso não se blinde o pote que lhe continua a encher a prosápia.

*para evitar que os habituais correctores ortográficos que abundam por aí venham chamar à atenção, declara-se que a palavra foi escrita com o propósito que tem.
LNT
[0.157/2014]

Já fui feliz aqui [ MCDI ]

Bengala águia
e espero voltar a ser feliz mais logo
LNT
[0.156/2014]

terça-feira, 13 de maio de 2014

Contrafeito

Quasimodo
Inda outra muita terra se te esconde
Até que venha o tempo de mostrar-se;
Mas não deixes no mar as Ilhas onde
A Natureza quis mais afamar-se
Esta, meia escondida, que responde
De longe à China, donde vem buscar-se,
É Japão, onde nace a prata fina,
Que ilustrada será co a Lei divina.
Os Lusíadas (canto X)
Voltamos ao início. Compraram-no numa loja chinesa e agora é vê-lo, já em fim de validade, a regressar às origens. Podia ficar por lá, embora, por ser um produto descontinuado, lhe reste pouco mais que um carregamento das pilhas.

Como todos os outros produtos contrafeitos parece o que não é e a própria etiqueta que lhe pespegaram contém produtos inconseguidos. Ninguém pode dizer que foi enganado porque as características do trebelho nunca deixaram dúvidas quanto à origem do fabrico. O chip marado, a repetição em loop do “consensual com ele”, a certeza de nunca se enganar e raramente ter dúvidas, o respeitinho exigido, o gatilho rápido contra os adversários e a surdez de Tiananmen são características que só enganam quem nunca se importou de comprar coelho por lebre.

Se a nossa electricidade já foi sino-nacionalizada, mais pintelho, menos pintelho, deveríamos exigir a contrapartida de arcarem com os resíduos tóxicos. Uma questão de negócio, uma melhoria na qualidade das nossas trocas comerciais, embora sejamos fracos na gestão de contrapartidas, vide os negócios submersos do demagogo-mor.

No fundo tudo isto é um desperdício. Pagámos a ida para a passeata, devíamos ter deixado clara a cláusula de que a volta só se desse daqui a dois anos. Lucrávamos nós que compensávamos o prejuízo e lucravam os nossos amados golden-líderes que passavam a dispor de mais um ocidental que os idolatrasse, agora que o ideólogo maoísta está de abalada do poleiro europeu.
LNT
[0.155/2014]

Já fui feliz aqui [ MCD ]

Orlando
Orlando - USA
LNT
[0.154/2014]

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Quando os vencedores não o são porque só há perdedores (e predadores)

MagritteTudo parecia garantido, inclusive a pouca penalização nas eleições que se aproximam. O País governamentalizado roçava-se pelas paredes e esfregava-se preguiçosamente nas árvores rugosas no coça-coça da comichão das costas com a esperança de que, para além dos que se espreguiçavam pelos gabinetes do poder e pelas luzes dos tempos de antena que arregimentam, choveriam uns quantos votos a evitar a tal hecatombe que fizesse das europeias um sinal esmagador de descontentamento.

Aí, aparece Marcelo pelo lado dos não muito derrotados, a dizer que a derrota está mal calculada e que provavelmente a sondagem pouco penalizadora (como se os 3% a mais do principal partido da oposição não fosse uma valente sova porque representa mais três por cento do que a soma dos dois partidos que ainda gostam de ser chamados de maioria) não pode corresponder à realidade.

Aí, aparece pelo lado da oposição não muito vencedora a rapaziada de facção a defender teses da situação e a impingir a "não alternativa" para ver se a vitória esperada é tão frouxa que ainda reste hipótese de conseguir, apesar de uma vitória, a queda dos vencedores e a ascensão da facção no ano que vem.

Aí, nós a vê-los, nós a senti-los e nós a cheirá-los, nós com os bolsos vazios e sem a vidinha regalada da gente que nunca vê rua a não ser quando uma televisão os mostra numa loja de electrodomésticos, temos de lhes ser desobedientes e dizer que já basta o que basta e que andamos fartinhos do seu paleio estafado em letras de colunas pouco lidas ou de conversetas televisivas muito asseadas mas cada vez menos ouvidas.

A coisa vai ter de ir lá com aqueles que queremos, porque o nosso querer anónimo é o que manda e porque para o exercer basta um X confidencial e sem argumentos. Vai ter de ser só isto, embora saibamos que os engajados analistas hão-de fazer crer que, mesmo uns tendo ganho e os outros perdido, só houve derrotados.
LNT
[0.153/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCIX ]

FAP
Museu da FAP - Sintra - Portugal
LNT
[0.152/2014]

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Do espanto

landingSó me resta ficar espantado perante o espanto demonstrado na sequência das declarações de Coelho de que irá aumentar impostos a todos, caso o Tribunal Constitucional chumbe a anterior tentativa de aumento de impostos só para alguns.

Passos Coelho e a sua rapaziada nunca souberam fazer mais do que aumentar impostos (directamente ou através de cortes), umas vezes ilegalmente, quando o fizeram só para alguns, outras colossalmente dirigidas a todos. O objectivo de empobrecimento anunciado tem de ser atingido e nunca se destinou a ser coisa transitória que proporcionasse meios para fomentar o desenvolvimento.

As reformas de que fala não são, nem nunca foram, acções de desenvolvimento, de qualidade, ou de melhoria mas somente medidas para disponibilizarem mão-de-obra excedentária disposta a vender-se barata e a fazerem de travão ao consumo que, cada vez mais, tem de ser satisfeito com produtos importados dado que a produção nacional para consumo interno foi aniquilada.

O anúncio de novos impostos destina-se unicamente, para além de condicionar o Tribunal Constitucional e de dividir portugueses uns contra os outros, a retirar dinheiro da economia fazendo dele sumaúma para atafulhar almofadas.

E ainda se espantam?
LNT
[0.151/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCVIII ]

Rui Perdigão
A Blogos+fera nos seus melhores tempos - Rui Perdigão - Portugal
LNT
[0.150/2014]

quinta-feira, 8 de maio de 2014

De volta aos mercados

Here ThereSobre os mercados estamos falados. O do Bulhão em crise endémica e o da Ribeira, epidémica. Sobre o regresso ao mercado do Bom Sucesso não se fala e sobre o do Bom Senso não há registo.

Excitados pela quebra abrupta das taxas de juro que nos são tão devidas por sermos bons alunos como aos atenienses que, por serem maus alunos, vão a caminho de as juntarem aos perdões de valor semelhante ao todo que devemos, lá vamos vendo uma boa parte do governo a navegar numa chata de brincadeira entre paquidermes de plástico e arbustos de fantasia cheios de mãos ocultas como se fosse verdade que ter adultos retardados no comando desta tropa nos garantisse a esperança bíblica contida no apelo divino: "deixai vir a mim os pequeninos".

Ficou a faltar o outro macaco a trepar num coqueiro de esferovite para ver, do cocuruto artificial, se a chata não descarrila do percurso que lhe desenhou.

Resta-nos voltar aos mercados activos da capital. O de Benfica e o de Alvalade.

Não votar dá nisto. Depois não se queixem de só ver nas pedras e bancas dessas praças formas residuais da simbologia patrioteira submersas pelos produtos e matérias-primas dos mais díspares recantos.
LNT
[0.149/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCVII ]

Manuel Alegre
Presidenciais - 2008 - Portugal
LNT
[0.148/2014]

quarta-feira, 7 de maio de 2014

A almofada

AlmofadaUma almofada recheada de notas surripilhadas a quem se esmifra para pôr uns bifitos do cachaço na mesa é o grande trunfo de quem, com meia dúzia de votos, ganhou a capacidade para fazer do saque uma coisa legal. Gaba-se essa gente de nos ter libertado do jugo de uma troika de interesses que, pela sua mão, nos subjugou e gaba-se o palhaço rico deste circo de que a razão o assiste.

Escravizam-nos a uma entidade sem rosto que há muito se apoderou dos políticos no poder e que, em nome de uma ideologia que dizem não ter, prepara o caminho do descrédito que faz com que os cidadãos acomodados não se disponham a perder cinco minutos para depositar nas urnas a mensagem de desprezo que tem por este bando de miseráveis.

Espoliam e usam o espólio obtido para encherem travesseiros cheios de livros de escola que os nossos filhos e netos não puderam comprar, dos cuidados de saúde de que os nossos pais e avós não puderam usufruir e do solo pátrio que falta à sobrevivência dos que formamos, para deitar a cabeça e dormirem descansados e de consciência tranquila.

Fazem-no como se aquilo que nos sacam fosse deles e massacram-nos com fantasias e ilusionismos para sermos gratos.
LNT
[0.147/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCVI ]

Bouganvilea
Bouganvilea - Algarve - Portugal
LNT
[0.146/2014]

terça-feira, 6 de maio de 2014

Higienização

Rolo raspadeiraCoelho fala de saída limpa mas não especifica que fez do seu povo o papel higiénico capaz de limpar a saída.

Ele e os seus capangas nacionais e estrangeirados não conseguiram ir além do confisco. Foram incapazes de aumentar a receita pela economia e pela reforma. Destruíram tudo o que havia para destruir, dos empregos à esperança.

O anúncio solene da limpeza, com o demagogo mestre no primeiro lugar da linha de trás a encabeçar um guardanapo cheio de nódoas, foi um momento que temos obrigação de nunca esquecer, se não por nós, pelos milhares que não têm trabalho, pelos outros milhares que não tiveram alternativa senão partir e pelos milhões que são exterminados na pobreza neste canto da Europa rica.

Coelho, Portas, Cavaco, Barroso chamam-lhes heróis, dizem que esse sacrifício valeu a pena, continuam a afirmar que esta limpeza fê-los ser melhores, mais puros e mais consentâneos com aquilo que eles entendem que é sobreviver à luz das suas possibilidades.

Pobrezinhos mas asseados. O faducho na sua pior forma. Limpinho, limpinho.
LNT
[0.145/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCXCV ]

Alentejo
HB - Alentejo - Portugal
LNT
[0.144/2014]