quarta-feira, 18 de abril de 2012

500.000

E o prémio vai para o Brasil. O nosso visitante meio milhão veio do Google à procura de Olhos de Macaco às 10.11.52 pm, do dia 2012.04.18, tendo levado daqui esta imagem:

Olhos de macaco


que foi publicada no Post 446/2010 em 2010.12.03.
Já com o patrocínio garantido, resta que o cliente se apresente comprovando ser:

500.000

Para todos os outros fica o abraço de quem, do lado de cá, vai deixando rasto.
LNT
[0.222/2012]

Antero

"Cousa alguma grande e duradoura se fundou ainda no mundo senão pela moral: e, se o socialismo tem de ser uma esplêndida realidade, só o será como um passo mais no caminho da evolução moral das sociedades (...), moralidade, moralidade e sempre moralidade".
Antero de Quental
LNT
[0.221/2012]

Miúdos

Mafalda


A miúda que acompanhava a mãe ao emprego naquele dia de carnaval em que os filhos não tinham aulas mas que, porque parecia bem lá fora, o governo tinha mandado os pais trabalhar, espantou-se com o êxodo que contrariava a entrada às oito e trinta da manhã e perguntou-lhe:
- Porque é que, no seu emprego, os do "turno da noite" são pretos?
A mãe incomodada com a constatação conseguiu dar a volta:
- Não é por serem pretos, filha, é porque estas senhoras não têm estudos. Sabes que há uns anos atrás os do "turno da noite" em França e na Alemanha eram quase todos portugueses brancos?
A miúda ficou em silêncio até o elevador abrir as portas no décimo quarto piso. Já no átrio, quase a seguir viagem para cima, ouvi a miúda perguntar à mãe:
- Porque é que a mãe, que já tem os estudos, vem trabalhar hoje se eu, que estou ainda a estudar, não tenho aulas?
LNT
[0.220/2012]

Chamamentos

João CutileiroA TMN lançou uma campanha optimista da série que foi iniciada futebolisticamente, há uns anos, por um brasileiro que dirigiu os nossos rapazes da bola.

Felizmente a campanha "Portugal está a chamar" não é da autoria da EDP senão teríamos a percepção de que nos queriam de novo em Macau mas desta vez navegando por um mar de pentelhos, como diria o negociador da troika que agora alterna energia positiva com o gozo dos figos marafados da Coelha.

"Portugal está a chamar" é um hino. Faz lembrar as bandeiras nacionais estampadas de quinas chinesas penduradas nas janelas de todos os pacóvios que se convenceram que iríamos, já naquela altura, vencer a Grécia e que, depois de tanto peito cheio, acabaram por perceber que os gregos, mesmo em cuecas, conseguiam ter melhor jogo avançado do que nós.

"Portugal está a chamar" é um desalento. Imagino, penso eu e muitos outros, que está a chamar a esta malta que nos espreme aquilo que os portugueses lhe vão chamando nos autocarros, nas conversas de rua e em cada multibanco onde se pede um saldo de conta.

"Portugal está a chamar" é um sofrimento. É a confirmação de que Portugal não são os portugueses e que o chamamento é para o indefinido, para o "Vamos Lá". Chama porque sim, parece a morte a reclamar as almas ou os centros de emprego a enviar-nos para a caridadezinha de uma associação benfazeja.
LNT
[0.219/2012]

Já fui feliz aqui [ MCV ]

Torquato da Luz
Torquato da Luz - Espelho Íntimo - Portugal
E assim vamos gastando os dias em novelos e ninharias.
LNT
[0.218/2012]

terça-feira, 17 de abril de 2012

argumentum baculinum [ I ]

Cobra leiteOs portugueses são um povo indeciso.

Quando tinham um Salazar diziam (baixinho) que o que isto estava a precisar era de liberdade.
Quando tinham liberdade diziam (a bandeiras despregadas) que o que isto estava a precisar era de um Salazar.
Agora que têm aquilo que merecem dizem (entre dentes) que o que isto está a precisar é que abra a caça aos láparos.
LNT
[0.217/2012]

Surdinas [ XLIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Vasco Graça Moura disse ontem na Buchholz o poema que escreveu a Alegre na sequência da leitura que fez no fim-de-semana.

Fica o registo nesta série para que em surdina fique:
Manuel Alegre deu o dito por não dito
quando escreveu "nada está escrito"
(e eu repito)
nele, o poema é o som e o sentido
de um problema vivido
(e eu não duvido)
voz que afirma ou nega à tona e no fundo,
joga à cabra-cega e desvenda o mundo
(e eu o secundo)
voz que entrelaçou o feio e o bonito,
o mais chão, o voo, o não dito e o dito
(e eu acredito).
LNT
[0.216/2012]

A formiga no carreiro *

Escher MobiusNão é por não tentar que não consigo chegar onde é preciso. Sou baixote (metro e setenta e dois), talvez seja por isso, porque de resto tenho-me esticado o quanto posso mas a cepa torta anda sempre por aí.

Já fiz de tudo, quase tudo, já fui pimenta e canela, já voei, já escrevinhei basto (olá tripeiros), já dei electrónica a muita besta que nem palha merecia, já comi o pão que o diabo amaçou e também comi papa de urso de bufos e brutamontes. Já dei muito petisco, convencido de ser verdade o que dizem para quem arrisca.

Mas não consigo chegar onde é preciso. Não que não tente, porque vou tentando, mas talvez por ser fracote (para aí uns setenta quilos).

Aquele velho que pinta quando não chove, continua a dormir no mesmo sítio, os miúdos que já nem pedem na rua continuam a ter fome, o outro que me respondia sempre: - "lá vou andando" – deixou de andar.

Fico para aqui de teclas na mão, vou tentando. Nunca mais chega Abril, pois não, *Zeca?
LNT
[0.215/2012]