quarta-feira, 11 de julho de 2012

Yellow submarine

Submarino Portas

Vagamente, porque a memória já não é o que era, lembro-me do uso da expressão “amarelo” para caracterizar o estado de “sim, mas” de gente que se arrastava pelos meios estudantis, sindicais e do trabalho.

Os Beatles vieram dar um sentido novo à cor de quem se diz que se não existisse, não existiria o mau gosto, e cantaram-lhe uma musiquinha com a seguinte letra:
In the town where I was born / Lived a man who sailed to sea
And he told us of his life / In the land of submarines

So we sailed on to the sun / Till we found a sea of green
And we lived beneath the waves / In our yellow submarine

(Refrão) We all live in a yellow submarine / Yellow submarine, yellow submarine
We all live in a yellow submarine / Yellow submarine, yellow submarine

And our friends are all aboard / Many more of them live next door / And the band begins to play
(Refrão)

Full speed ahead Mr. Boatswain, full speed ahead
Full speed ahead it is, Sgt.
Cut the cable, drop the cable
Aye, aye, Sir, aye, aye Captain, captain

As we live a life of ease / Every one of us has all we need (One of us, has all we need)
Sky of blue and sea of green (Sky of blue, sea of green) / In our yellow submarine (In our yellow, submarine, aha)
(Refrão)
Pareciam estar a adivinhar que, uns anos depois, enquanto que os alemães mandavam alguns dos marujos dos Trident para a choça, a Ministra da Justiça de Portugal dava um jeito para que os submersíveis deixassem o mar da palha e ficassem em banho-maria. And our friends are all aboard / Many more of them live next door / And the band begins to play (Refrão).
LNT
[0.344/2012]

Surdinas [ LI ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Tal como em tudo na vida lusófona (e por isso se diz que os lusos vivem acima das suas posses) também na vida académica viaja mais quem mais créditos tem.
LNT
[0.343/2012]

terça-feira, 10 de julho de 2012

Isto não é o que é

MagritteA moda mudou em Portugal. Agora sempre que se fala no presente vem alguém falar no passado para justificar a miséria do futuro.

Se alguém falar da inépcia deste Governo e do falhanço das políticas que estão a ser teimosamente impostas apesar de já ser evidente que são inapropriadas para atingir os objectivos anunciados (não os pretendidos), aparecem logo os defensores do empobrecimento e da miséria, evocando o passado para esconderem um caminho intencionalmente traçado mas que negam ser opção sua.

Dissimulam a agenda e passam a culpa para os que os antecederam, para a Troika, para a crise internacional (que anteriormente negavam), para a qualidade de vida acima das posses (dos outros, claro) e, sempre que possível, para coisas e coisos ainda mais antigos como o Mário Soares que entregou as colónias aos nativos ou aos bandidos milicianos que pegaram em armas há quase uma quarentena de anos para acabarem com a ditadura que os fazia marchar além-mar para matarem e morrerem em defesa de causas indefensáveis aos olhos do Mundo civilizado de então.

Pouco interessam as teorias da mágoa, mesmo que a mágoa seja real e que, por não ter sido enfrentada, nunca foi ultrapassada.

Embora a História seja irreversível e sirva para lá se ir beber a experiência, o futuro tem de ser construído na actualidade combatendo o faducho do saudosismo. Aos vindouros pouco importam as desculpas do passado, porque o nosso futuro será o seu presente.

Qualquer avaliador (e qualquer avaliado também, principalmente se os objectivos foram determinados por si) sabe que a avaliação se refere aos resultados atingidos no termo do prazo determinado para concretização do planeado. Ao avaliado compete monitorizar o seu desempenho no decurso, medir os resultados obtidos em cada etapa e replanear, repensar e corrigir a trajectória para dar cumprimento àquilo com que se comprometeu, no prazo estabelecido.

É inadmissível a mentira e a manipulação permanente para disfarçar as intenções fingindo sempre que os objectivos pretendidos não são os que resultam da sua determinação para os atingir, mas os que resultam de circunstâncias anteriores ou exteriores.

Esta gente prefere fingir-se incompetente a assumir as suas reais intenções.
LNT
[0.342/2012]

Já fui feliz aqui [ MCL ]

Magritte
Tugir em Português
LNT
[0.341/2012]

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Por portas travessas

Pedras sorrisosPelo que se sabe, na única declaração que Paulo Portas fez na China só referiu que o acórdão do Tribunal Constitucional é preocupante.

O desabafo sino de Portas feito em Macau é, tal como ele refere, preocupante.
Não tanto no sentido que Portas lhe quis atribuir (os maus do TC) mas por revelar que Portas e Coelho se julgam acima da Lei e de que entendem que tudo lhes é permitido para alcançarem os seus intentos.

Portas, não faz declarações quando está no exterior, o que quer dizer que nunca faz declarações. Sempre que há alguma bronca não está cá. Aliás, nunca está cá, mesmo quando as broncas estão em descanso. O que anda a fazer no exterior é tabu até para ele próprio. Sabe-se que adora viajar de Falcon (para o qual nunca se comprou um Kit de classe económica) porque, ao fazê-lo, não corre nem o risco de ser vaiado nem o de ter de responder a questões incómodas dos jornalistas.

O ausente PP passa pelos pingos da chuva como se fosse transparente e continua a fingir que nada é com ele deixando cozer em lume brando os seus colegas de executivo. Seria interessante conhecer o custo/benefício da sua vida de caixeiro viajante, seria interessante ter uma ideia de quanto custa cada descolagem do Falcon e qual o valor total das passeatas que já fez, bem como interessante seria saber de que negócios anda a tratar uma vez que já não há mais submarinos para comprar e não há conhecimento de qualquer posto de trabalho português criado por estrangeiros em território nacional.

Consta que estará no Parlamento daqui a dois dias para participar no debate sobre o Estado da Nação. Para já terá o Tribunal Constitucional para servir de bode expiatório aos insucessos do Governo. Quem sabe se a seguir não irá invocar a imunidade diplomática para dizer que, mesmo estando cá, está com a cabeça lá fora o que faz com que não possa prestar declarações.

Que saudades do Paulinho dos mercados que tinha soluções para tudo e do tagarelar jovial que nas feiras tinha aprendido com os vendedores de banha da cobra.
LNT
[0.340/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLIX ]

Boiar
Praia de Carneiros - Brasil
LNT
[0.339/2012]

domingo, 8 de julho de 2012

Custe o que custar, mesmo para além de…

Passos CoelhoJá todos entendemos de que o “custe o que custar” pode ir para além da legalidade e do cumprimento dos próprios preceitos que definem a existência do actual Governo.

Já todos nos apercebemos de que a mil vezes evocada condição de economista do Presidente da República o faz confundir o juramento constitucional de cumprir, defender e fazer cumprir a Constituição, com a sobreposição dos seus interesses partidários e com o cumprimento, defesa e obrigatoriedade de cumprimento do Orçamento do Estado, mesmo que seja contra os interesses nacionais e contra a Constituição.

Já todos entendemos que o Presidente da República justifica os seus actos, nomeadamente este que revela uma quebra consciente e assumida do seu juramento constitucional – uma vez que tinha declarado, anterior e publicamente, estar consciente da violação da norma constitucional - com desculpas esfarrapadas como a de que nunca, anteriormente a ele, algum Presidente havia inviabilizado um OE e omitindo (como aliás é useiro e vezeiro em omitir no que lhe interessa (lembram-se da questão das pensões em que só falou de uma parte insignificante do que recebia?), que também nenhum dos seus antecessores tinha promulgado conscientemente uma Lei que contivesse clausulas inconstitucionais.

Já todos nos apercebemos de que Paulo Portas só aparece quando os actos estão consumados e que se faz sempre de vítima quando os escândalos de que é co-responsável já são do domínio público.

Já todos nos apercebemos de que este Governo exerce a política da chantagem e da ameaça e que só se prontifica a negociar depois de verificar que a sua chantagem não funciona (caso da greve dos médicos e da dos pilotos da TAP).

Já todos nos apercebemos de que a agenda é despedir 100.000 trabalhadores da Administração Pública e que a estratégia seguida está a caminho de concretizar esta agenda.

Já todos nos apercebemos de que o “ir mais além” é o ensaio para se saber até onde podem ir e que, se não lhes explicarmos que já foram longe demais, tentarão ir sempre ainda mais além.

Já todos nos apercebemos de que, quando a Troika tiver de admitir que as suas políticas são miseráveis e que não servem os seus próprios interesses (porque não é possível conseguir o reembolso de quem já nada mais tem para reembolsar), irá desculpar-se com “o mais além daquilo que tinham proposto” com que Passos Coelho e Paulo Portas entenderem empobrecer Portugal.

Já todos entendemos de que o “custe o que custar” está à beira de custar o próprio cumprimento dos nossos compromissos internacionais.

Já todos entendemos e parece que só o Governo não entendeu ainda, de que estamos no caminho errado e de que a determinação do actual poder mais não é do que uma teimosia na defesa dos interesses de muito poucos à custa do inadmissível sacrifício de todos os outros.
LNT
[0.338/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLVIII ]

Chaparro
Fuseta - Algarve - Portugal
LNT
[0.337/2012]

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Confiscos e Lei Fundamental. A culpa de Sócrates

Cravo BrancoTudo está normal. Claro que a culpa é do Sócrates e da actual “abstenção violenta”. Claro que a culpa é do PS.

O Governo Coelho/Portas saltou por cima da Constituição e fez aprovar na Assembleia da República, pelos Grupos Parlamentares do PSD e do CDS, uma Lei do Orçamento ferida de inconstitucionalidade.

O Presidente da República mandou às malvas o juramento que fez na Assembleia da República quando foi empossado e não defendeu, não cumpriu, nem fez cumprir a Constituição.

A comunicação social e os jornalistas tipo Crespo e os comentadores tipo Gomes Ferreira insistem na mentira de que os cortes dos subsídios dos trabalhadores do sector estado fazem parte do memorando.

Os comentadores em geral continuam a dizer que o memorando foi assinado pela Troika e por Sócrates e a omitir o papel fundamental do PSD e do CDS na escritura desse memorando. Omitem que só foi necessário pedir dinheiro à Troika porque o PSD/CDS/BE/PCP chumbaram um acordo que o Governo anterior tinha feito com os nossos parceiros da União Europeia. Esquecem que, ao contrário do PSD/CDS que contou com a chancela do Presidente da República, o PS tudo fez para que não fosse necessário chamar a guarda dos mercados – vulgo Troika – e fazem crer que o PEC IV era insuficiente para fazer face aos problemas nacionais que então existiam.

Todos fazem por esquecer que no tempo do Governo anterior a voz comum era a de que estávamos numa crise nacional e que depois, com Passos Coelho, passou a ser de que vivemos uma crise internacional.

Os impostos e o confisco nunca andaram sequer perto daquilo que se instalou de há um ano para cá. Os apoios sociais, a segurança social, a saúde, a justiça e a segurança nunca estiveram em fasquias tão miseráveis como aquelas em que este Governo as colocou.

Os direitos dos cidadãos, conseguidos por décadas de esforço, nunca foram tão maltratados. As garantias fundamentais, idem. O emprego e o trabalho ibidem.

O PSD e o CDS são Governo. Cavaco Silva é o Presidente da República. Eles são o poder, são eles que mandam e têm por filosofia política o empobrecimento, custe o que custar e para além da Troika.
O PS é oposição. A sua acção está condicionada por ser uma colossal minoria.
O PCP e o BE são oposição a tudo e só valem pelo que apregoam. Fogem do poder como o diabo de cruz.

Mas a culpa é do PS, melhor, é do Sócrates ou, em alternativa, é da actual direcção acusada de se “abster violentamente”.

Tudo normal, portanto. Normal, mas irreal.
LNT
[0.336/2012]