quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A crise vista daqui

A crise vista daqui

Já se lê que neste momento há demasiados portugueses a descansarem como se o lazer de quem trabalha não fosse um direito.

A coisa ameaça dominar o pensamento fazendo com que todos os que ainda têm trabalho em Portugal (e são cada vez menos por obra deste miserável Governo que tem por base de raciocínio o empobrecimento e a necessidade de nos transformar em seus lacaios sem remuneração nem tempo de descanso) mergulhem na neura de quem ainda não entregou o resto que tem para gáudio dos pançudos que odeiam o Sol e vivem refastelados o ano inteiro e à custa do nosso esforço, nos ares condicionados onde vegetam.

O pensamento é atroz, lê-se:
A esta hora, milhares de portugueses estão de pança ao sol, inermes como camaleões obtusos.”

É a miséria de espírito dos que odeiam todos em favor do espelho que os anima. Um espelho comprado com o nosso labor, sugado do nosso sacrifício para lhes sustentar a vaidade e o convencimento de que são mais, ou melhores, do que aqueles que os sustentam.

Em Julho e neste princípio de Agosto viu-se a crise a partir daqui. As praias ostentavam panças de alemães, franceses, ingleses, noruegueses, espanhóis e de outras gentes que se habituaram aos direitos de quem trabalha. Há quem chame a isto, civilização.

Os verdadeiros pançudos lusos jibóiam no conforto, mesmo aqueles que andam em dietas para parecerem que não são barrigudos.
LNT
[0.358/2012]

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Baratas tontas


LNT
[0.357/2012]

Barrigudos

BarrigudoPedro Passos Coelho confirma que faz dieta porque não quer parecer barrigudo. No entanto, Pedro Passos Coelho e o seu governo são barrigudos, apesar das dietas que anunciam fazê-los falsos magros.

Pedro Passos Coelho é um barrigudo do poder. Certo que esse poder foi-lhe entregue pelos verdadeiros magros que estão cada vez mais chupados para manterem a barriga de Passos Coelho e daqueles a quem ele serve e que dele se servem e que exigem magreza a quem os sustenta, mas certo também que, tirando uma pequena parte que ainda o apoia porque à sua sombra também engorda, os outros que lhe garantem a gamela começam a dar sinais claros de que a ração se está a esgotar.

Passos Coelho, que se está lixando para as eleições e que faz dieta para manter a imagem de falso magro, usa a obesidade do poder para sacar, para secar até à tísica, o sangue de um povo que lhe confiou a esperança de uma vida melhor.

Passos Coelho é um barrigudo. Falso, mentiroso e infernal como são todos os vampiros que, tal como ele, nunca aparentam gordura.
LNT
[0.356/2012]

sábado, 21 de julho de 2012

Surdinas [ LIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

O Governo, convencido que todos temos os seus vencimentos e negócios, criou uma medida que permite deduzir no IRS parte do IVA pago em restaurantes e SPAS, qualquer coisita que, para ter efeito, terá de se fazer com gastos mensais de 2.000 euros.

Nice, yeah!

O mínimo que tinha a fazer era anunciar qual é o produto com que se anda a injectar para que todos nós pudéssemos viver no mesmo mundo virtual em que ele vive.
LNT
[0.355/2012]

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ III ]

Castelo de Areia
Não me agrada fazer política à volta das desgraças que se vão sucedendo, muito menos sobre aquelas que sei de antemão serem recorrentes. Mas ainda me agrada menos ver nas televisões os (as) megafones do actual poder político a dizerem que tudo o que há a fazer nos incêndios está a ser feito e a vangloriarem-se da capacidade que estão a demonstrar (lembram-se das cobras e lagartos que disseram em anos anteriores?).

Nos últimos dias tem-se visto nos ecrãs uma senhora fardada que reza as mais díspares sentenças e fala como se aquilo que se tem passado no terreno fosse uma vitória da competência, nomeadamente nos incêndios da zona de Tavira (os da Madeira nem comento até porque não estou lá para saber toda a realidade que Alberto João tenta esconder até com ameaças à comunicação social).

No entanto, por aqui em Tavira, a cinza cai na praia como se estivesse a nevar, o fumo invade tudo e forma nuvens como se o Sol estivesse em eclipse, a labareda vê-se à noite como se fosse um festival de luz e o trabalho silvícola e agrícola de gerações desaparece em cada nova chaminé que surge no horizonte.

Não farei demagogia à volta de tudo isto mas, por favor, parem com a máquina de propaganda, agora manobrada por fardas com dourados e rabos-de-cavalo, e tratem de ser sérios.

Todos sabemos que o fogo vai parar, até porque já pouco mais há para arder, mas não parará devido à propaganda e ao engano que querem promover. No mínimo tenham respeito por este povo a quem tudo tiram e a quem, em troca, cada vez dão menos.

Incêndio em Tavira

LNT
[0.354/2012]

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ II ]

Castelo de Areia
Um dia de calor, um dia de mais vento, um dia diferente dos dias que o antecederam.

Ao fim da tarde formaram-se nuvens negras quando nada o fazia crer. O mar sem couves, amansando, como diria qualquer alentejano, o cheiro a esturro que comprova ainda haver muito para arder nesta terra de estranhos.

A serra de Tavira (como diziam na TV e eu sem saber que havia uma) em fogaréu.

Desatino dos bombeiros, gente angustiada, o desleixo de sempre.

Incêndio em Tavira

LNT
[0.353/2012]

terça-feira, 17 de julho de 2012

Croniqueta de vacanças [ I ]

Castelo de Areia
Auto-estrada do sul com pouco trânsito. Dizem os distraídos que em Portugal só há carros de luxo, porque são esses que se vêm nas auto-estradas.

Há sempre duas formas de analisar as coisas.

125 com trânsito, Via do Infante com matrículas espanholas e muitos carros que se percebem alugados. Os cabelos loiros não enganam. Dizem os distraídos que em Portugal se ganha de mais, que há que empobrecer para que passemos a ser viáveis e fiquemos ao nível da Europa.

Há sempre duas formas, ou mais, de analisar as coisas.

Os restaurantes com a maior parte das mesas vagas e as que estão preenchidas a falarem nórdico, anglófono e castelhano. Na praia, e em barda, toldos e palhotas para alugar.
Chamam-lhe qualidade de vida e liberdade de escolha.

Há sempre duas formas de analisar as coisas.
A dos que continuam a poder e a da maioria que paga para que alguns possam.
LNT
[0.352/2012]

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Vou dar-vos uma folga

Manuel AmadoAs colaboradoras já partiram. Seguiram os conselhos de quem gere o dinheiro que temos a mais (subsídios de férias, de Natal, ordenados a precisar de cortes para que deixemos de viver acima das nossas posses e nos fazem ocupar as auto-estradas em vez de deixarmos o caminho livre para os BM’s do estado e quejandos) e mandam saudades das Maldivas onde se refugiaram para fazerem uns trocados nos SPA que estão atafulhados de chineses e de outros pentelhos.

Agora chega a vez do mestre barbeiro, que ficou para trás para fechar a luz. Desta vez parte com alguns gadjets do tipo que Passos Coelho usa, mas adquiridos com dinheiro pessoal porque o do Orçamento de Estado é só para quem se lambuza no pote, e entre umas mergulhaças de tanga no Atlântico e uma ou outra sardinha que ainda não tenha sido privatizada deixará por aqui serviços mínimos, não vá o religioso Ministro do SPS (Serviço Privado de Saúde) ordenar a requisição civil mal acabe a genuflexão acompanhada da última Salve-Rainha do terço das cinco.

Ficam mais sossegados, vão ver. A má notícia é que penso voltar.

Se quiserem manter o hábito e impedir que as minhas médias de acessos fiquem ao nível da popularidade do nosso querido Presidente, vão dando um saltinho por cá. Como disse, as portas não ficam encerradas e embora as meninas não estejam cá para vos animar, sempre poderão sentar-se na cadeira dos cortes para relaxarem.

Beijos e abraços.
LNT
[0.351/2012]

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A autoridade dos coisos

Coelho VentoinhaAté aqui na Barbearia se sabe que, quando se trata de falar com os clientes no salão, se deve evitar o calão e a vulgaridade. É um princípio do estabelecimento que não se aplica nos privados das massagens porque aí cada um tem a liberdade para se exprimir da forma que melhor cative a nossa sempre ilustre clientela.

Na Casa dos Representantes do Povo já o piar passou a ser outro e a oratória e a elevação andam em processo de empobrecimento revelando que a directiva para o País decorre da própria condição dos carroceiros que o conduzem.

A linguagem usada na Sala do Plenário, onde nem sequer se respeita a senhora que a dirige, é a mesma que costumo ouvir na taberna da rua o que pouco admira porque se sabe que a educação e o enlevo não decorrem do automóvel em que se anda, nem da equivalência ao canudo que se tem, mas da bagagem que se trás de casa.

Dir-me-ão que um país não se governa com punhos de renda e eu concordarei. Dir-me-ão que a vivacidade do debate não se compagina com os “vossas excelências” de outrora e volto a concordar. Dir-me-ão que o cinzentismo precisa de um abanão para acordar os acomodados e dou o meu assentimento.

Mas dir-lhes-ei que confundir tudo isso com vulgaridade, com ventoinhas e com a porcaria que nelas se não lança por ser a matéria prima com que produzem o metano que lhes serve de combustível ao pensamento é mais um dos muitos maus caminhos que andam a trilhar.

Não se espantem que quem os oiça os mande para sítios para onde não gostam de ser mandados o que também não constituiria problema maior se isso não revelasse que a fasquia da autoridade do Estado está ao ser colocada no mesmo baixo nível revelado por quem tem de a exercer.
LNT
[0.350/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLI ]

Paulo Ossião
Paulo Ossião - Lisboa - Portugal
LNT
[0.349/2012]

O estado a que chegou a nação


Coelho Ventoinha

Não foi muito grave. O homem conteve-se e não disse “merda”.
Palavras para quê? É um Primeiro-Ministro português (ou um coiso português, como diz o coisinho).
LNT
[0.346/2012]

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Surdinas [ LII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Consta que a greve dos médicos foi um fracasso.

O Ministério da Saúde fez um levantamento de todos os doentes internados há mais de dois meses e a Lusófona licenciou-os.
LNT
[0.345/2012]

Yellow submarine

Submarino Portas

Vagamente, porque a memória já não é o que era, lembro-me do uso da expressão “amarelo” para caracterizar o estado de “sim, mas” de gente que se arrastava pelos meios estudantis, sindicais e do trabalho.

Os Beatles vieram dar um sentido novo à cor de quem se diz que se não existisse, não existiria o mau gosto, e cantaram-lhe uma musiquinha com a seguinte letra:
In the town where I was born / Lived a man who sailed to sea
And he told us of his life / In the land of submarines

So we sailed on to the sun / Till we found a sea of green
And we lived beneath the waves / In our yellow submarine

(Refrão) We all live in a yellow submarine / Yellow submarine, yellow submarine
We all live in a yellow submarine / Yellow submarine, yellow submarine

And our friends are all aboard / Many more of them live next door / And the band begins to play
(Refrão)

Full speed ahead Mr. Boatswain, full speed ahead
Full speed ahead it is, Sgt.
Cut the cable, drop the cable
Aye, aye, Sir, aye, aye Captain, captain

As we live a life of ease / Every one of us has all we need (One of us, has all we need)
Sky of blue and sea of green (Sky of blue, sea of green) / In our yellow submarine (In our yellow, submarine, aha)
(Refrão)
Pareciam estar a adivinhar que, uns anos depois, enquanto que os alemães mandavam alguns dos marujos dos Trident para a choça, a Ministra da Justiça de Portugal dava um jeito para que os submersíveis deixassem o mar da palha e ficassem em banho-maria. And our friends are all aboard / Many more of them live next door / And the band begins to play (Refrão).
LNT
[0.344/2012]

Surdinas [ LI ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Tal como em tudo na vida lusófona (e por isso se diz que os lusos vivem acima das suas posses) também na vida académica viaja mais quem mais créditos tem.
LNT
[0.343/2012]

terça-feira, 10 de julho de 2012

Isto não é o que é

MagritteA moda mudou em Portugal. Agora sempre que se fala no presente vem alguém falar no passado para justificar a miséria do futuro.

Se alguém falar da inépcia deste Governo e do falhanço das políticas que estão a ser teimosamente impostas apesar de já ser evidente que são inapropriadas para atingir os objectivos anunciados (não os pretendidos), aparecem logo os defensores do empobrecimento e da miséria, evocando o passado para esconderem um caminho intencionalmente traçado mas que negam ser opção sua.

Dissimulam a agenda e passam a culpa para os que os antecederam, para a Troika, para a crise internacional (que anteriormente negavam), para a qualidade de vida acima das posses (dos outros, claro) e, sempre que possível, para coisas e coisos ainda mais antigos como o Mário Soares que entregou as colónias aos nativos ou aos bandidos milicianos que pegaram em armas há quase uma quarentena de anos para acabarem com a ditadura que os fazia marchar além-mar para matarem e morrerem em defesa de causas indefensáveis aos olhos do Mundo civilizado de então.

Pouco interessam as teorias da mágoa, mesmo que a mágoa seja real e que, por não ter sido enfrentada, nunca foi ultrapassada.

Embora a História seja irreversível e sirva para lá se ir beber a experiência, o futuro tem de ser construído na actualidade combatendo o faducho do saudosismo. Aos vindouros pouco importam as desculpas do passado, porque o nosso futuro será o seu presente.

Qualquer avaliador (e qualquer avaliado também, principalmente se os objectivos foram determinados por si) sabe que a avaliação se refere aos resultados atingidos no termo do prazo determinado para concretização do planeado. Ao avaliado compete monitorizar o seu desempenho no decurso, medir os resultados obtidos em cada etapa e replanear, repensar e corrigir a trajectória para dar cumprimento àquilo com que se comprometeu, no prazo estabelecido.

É inadmissível a mentira e a manipulação permanente para disfarçar as intenções fingindo sempre que os objectivos pretendidos não são os que resultam da sua determinação para os atingir, mas os que resultam de circunstâncias anteriores ou exteriores.

Esta gente prefere fingir-se incompetente a assumir as suas reais intenções.
LNT
[0.342/2012]