Olá Helena, não há muito para desenvolver. Sabe, melhor do que eu, que se aqui se restringiu muito do tecido de produção foi na lógica de construção do projecto europeu.
Essa lógica era muito mais do que simples monetarismo e finança e implicava, como aliás se faz em todos estes negócios, zonas demarcadas de produção e de serviços e coesão social.
A Alemanha e a França têm más praias. Têm um clima mauzito (a França menos). Têm a vantagem de serem o centro geográfico da Europa.
Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc. têm outras vantagens e outras desvantagens.
Se se aproveitarem as vantagens de cada um e se se criarem as “zonas demarcadas” passamos a ter um espaço comum onde se exploram as potencialidades de especialidade de cada um e criamos um espaço global melhor para todos.
Mas isto implica coesão, solidariedade, entreajuda, respeito pela soberania dos outros e pelas suas opções políticas e outras coisas mais que não adianta agora escrever. Isso implica também responsabilidade e cumprimento dos pressupostos, e aqui teremos falhado em parte, mas que ninguém se esqueça do atraso com que arrancámos quando nos metemos no projecto. Que ninguém se esqueça que o projecto implicava para nós muito mais riscos porque, ao deixarmos de produzir no sector primário e na indústria, ficámos muito mais dependentes dos outros para poder comer.
No entanto abrimos estradas, desenvolvemos ciência, formámos a nossa gente, criámos condições melhores para que a praia pudesse ser mais qualificada e de melhor qualidade. A praia passou a ter balneários, restaurantes limpos e passadeiras para protegerem as dunas. O que agora pretendem é que elas voltem a ser selvagens?
Houve e há erros, é verdade. Há muito para corrigir. Tudo isto implica também um processo de aprendizagem no erro. O que nunca por nunca poderá implicar é que, os que mais vantagens tiveram em todo este plano europeu, se queiram agora aproveitar para tentar estrangular parte dos povos federados e sugar-lhes o sangue até à morte.
Para quem pensou este espaço europeu, tudo isto e as contrapartidas, era claro.
A Sr.ª Merkel não deve saber disso, o que é normal. Onde ela vivia, na altura, odiava-se a ideia da União, quando ela se reuniu à União só pensou na reunificação da Alemanha.
LNT
[0.076/2011]
Essa lógica era muito mais do que simples monetarismo e finança e implicava, como aliás se faz em todos estes negócios, zonas demarcadas de produção e de serviços e coesão social.
A Alemanha e a França têm más praias. Têm um clima mauzito (a França menos). Têm a vantagem de serem o centro geográfico da Europa.
Espanha, Portugal, Grécia, Itália, etc. têm outras vantagens e outras desvantagens.
Se se aproveitarem as vantagens de cada um e se se criarem as “zonas demarcadas” passamos a ter um espaço comum onde se exploram as potencialidades de especialidade de cada um e criamos um espaço global melhor para todos.
Mas isto implica coesão, solidariedade, entreajuda, respeito pela soberania dos outros e pelas suas opções políticas e outras coisas mais que não adianta agora escrever. Isso implica também responsabilidade e cumprimento dos pressupostos, e aqui teremos falhado em parte, mas que ninguém se esqueça do atraso com que arrancámos quando nos metemos no projecto. Que ninguém se esqueça que o projecto implicava para nós muito mais riscos porque, ao deixarmos de produzir no sector primário e na indústria, ficámos muito mais dependentes dos outros para poder comer.
No entanto abrimos estradas, desenvolvemos ciência, formámos a nossa gente, criámos condições melhores para que a praia pudesse ser mais qualificada e de melhor qualidade. A praia passou a ter balneários, restaurantes limpos e passadeiras para protegerem as dunas. O que agora pretendem é que elas voltem a ser selvagens?
Houve e há erros, é verdade. Há muito para corrigir. Tudo isto implica também um processo de aprendizagem no erro. O que nunca por nunca poderá implicar é que, os que mais vantagens tiveram em todo este plano europeu, se queiram agora aproveitar para tentar estrangular parte dos povos federados e sugar-lhes o sangue até à morte.
Para quem pensou este espaço europeu, tudo isto e as contrapartidas, era claro.
A Sr.ª Merkel não deve saber disso, o que é normal. Onde ela vivia, na altura, odiava-se a ideia da União, quando ela se reuniu à União só pensou na reunificação da Alemanha.
LNT
[0.076/2011]
6 comentários:
Luís,
engana-se: eu não sei. Por isso lhe perguntei.
Há vinte anos, quando entendia um pouco mais destas coisas, vi a Europa a enviar muito dinheiro para Portugal para modernizar a actividade produtiva. Não era só o turismo, era muita indústria também (até me lembro daquela altura em que foi preciso optar entre usar os fundos europeus para apoiar inúmeras pequenas e médias empresas ou apoiar um único projecto, a mega-fábrica de automóveis em Setúbal, com todos os seus efeitos de arrastamento). E os incentivos ao turismo não se limitavam a apoiar o turismo de praia, bem pelo contrário: eram sobretudo dirigidos ao interior. Também me parece que os trabalhos realizados na orla costeira tiveram sobretudo intenções de protecção do meio ambiente, nomeadamente a protecção das dunas.
Bom, isto foi o que observei há mais de vinte anos. O que terá mudado entretanto?
Sobre a agricultura e as pescas gostaria de saber muito mais. À época ouvi dizer que estavam a destruir esses importantes sectores nacionais em nome de interesses de outros países, mas nunca entendi o que estava por trás disso.
Quanto às indústrias tradicionais como a têxtil: não era preciso fazer acordos com a Europa para a matar. Ela morre, fatal como o destino, devido à concorrência do leste europeu e do extremo oriente. E mais recentemente o norte de África.
Como vê, não sei muito sobre este assunto, e gostava de entender. Por isso perguntei.
Helena,
Eu sei que você sabe muito mais do que aquilo que quer fazer crer que sabe (Tirada à CDS)
A praia é o efeito literário, como também sabe.
Nós somos a praia. Se querem melhor praia terão de pagar.
É assim na vida, tudo tem um preço, o que a Helana também sabe.
Já agora, minha cara Helena,
Você também sabe que isso dos texteis não é verdade. Há segmentos que os chineses se limitam a copiar. Nós temos potencialidades que não se podem confundir com as fabriquetas de má qualidade que serviram para muito bom animal nacional passar a ter iate numa qualquer marina.
Isto é complexo e querer simplicar, como a Helena muito bem sabe, não serve para coisa alguma.
Sofia,
Isso é em relação à mulher que manda na Alemanha e arredores?
Não insista que eu sei, Luís, que eu sou como o (primeiro) Sócrates.
O Luís também está a simplificar.
Até agora o Luís e eu temos estado a mandar bocas sem suporte factual. E é esse que me falta, por isso perguntei. Outra coisa que eu gostava realmente de saber - asseguro que não sei! - é como é que a economia alemã estaria se não houvesse uma união europeia. Se a Alemanha é realmente um tão grande ganhador, e por isso tem de pagar o que for preciso.
A Europa (não disse "a Alemanha") não pagou ainda o suficiente? Como foram aplicados os fundos que a Europa mandou para Portugal em cerca de 3 décadas?
Quanto aos têxteis: alguém nos está a impedir de desenvolver as potencialidades que temos? Tanto quanto sei, o problema é que muitas dessas fábricas são facilmente substituíveis por outras na República Checa ou na China. Aliás, ainda há tempos vi isso: no debate com um industrial sobre produzir em Portugal roupa interior numa fibra especial anti-fungos, ele desatou a rir: porquê Portugal, quando a Polónia está aqui ao lado e a China é tão mais barata?
Sabe como é que a questão da dívida é vista pelo povo deste lado? Assim: há países que não cumprem, onde impera a corrupção, onde o desporto nacional é fugir aos impostos, onde o Estado desperdiça em consumos de luxo e obras para inglês ver, e esses agora exigem que a Alemanha lhes resolva os problemas. É isso que o Sócrates devia vir dizer à Merkel, para esta transmitir ao povo alemão: que em Portugal ninguém foge aos impostos, que os fundos europeus são aplicados com competência, seriedade e responsabilidade, que o Estado é muito cuidadoso nas suas contas.
Factos?
PAC, por exemplo.
Não se esqueça que Portugal também é contribuinte líquido há muito tempo.
Os chineses são capazes de fazer roupa anti-fungos, mas possivelmente não foram os investigadores dessa tecnologia.
Como estaria a economia alemã sem a Europa, também não sei. Não consigo fazer essa adivinhação.
Dizer que os portugueses são todos corruptos, fogem aos impostos e etc. é o mesmo que dizer que os alemães (tendo em conta o que aqui se soube dos últimos acontecimentos com o marido da baronesa) são todos plagiadores e etc.
Quanto à aplicação dos fundos que vieram, se a Helena me costuma ler, sabe o que penso do assunto. Não foram todos estoirados, como se diz. Basta vir a Portugal agora e tentar puxar pela memória para comparar com Portugal de há 30 anos.
Houve muita roubalheira? Ouve. É absolutamente necessário reformar a justiça para que essas coisas terminem? Absolutamente.
Há muita gente a rir-se e de barriga cheia com tudo isto? Há. Mas há cá e há lá. Não foram só portugueses corruptos que beneficiaram com tudo isto. Pelos vistos, p.e. no negócio dos submarinos, parece haver por aí quem tivesse ganho muito. Os processos estão a decorrer nos tribunais.
Pedir-me que transforme uma barbearia electrónica numa enciclopédia e num repositório de informação é manifestamente um exagero, não acha Helena?
Até porque sabe que normalmente só faço texto de síntese e deixo os lençóis muito bem fundamentados e com bibliografia para o trabalho que desenvolvo, como qualquer alemão, mas pelo qual nunca fui pago como se alemão fosse.
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