Abrem-se janelas de oportunidade por esse Portugal fora. Depois de Álvaro ter mandado que se fizesse prospecção de petróleo, gás natural e ouro em tudo quando se pode escavar e escarafunchar, descobriram agora que as crassostreas, as saborosas e libidinosas ostras algarvias da Formosa, andam a engalanar-se com pérolas e que uma delas, tipo Jerónimo Martins, até conseguiu parir quatro que, embora de tamanho minúsculo, pode ser o garanhão que abre uma dessas fenêtres (acordo ortográfico luso-canadiano) que perspectiva matéria de enriquecimento.
Afinal 2012 pode ir além do marasmo de empobrecimento e os algarvios, que há cinquenta anos andavam de mula a apanhar caracóis e que agora têm BMs por terem transformado a terra onde os caracóis pastavam em lotes de betão com vista sur-mér, voltam a ganhar esperança de vida fácil caso as ostras se ponham a jeito e se deixem comer com brinde.
Já estou a ver o "saco-de-porrada luso-canadiano" (está aberto o tiro-ao-álvaro) de botas até às virilhas, enxada nas unhas, mergulhado no lodo das margens da Ria a ferir de morte bivalves a fio com a sua naifa de pesca, desperdiçando a carne afrodisíaca em busca de coisas novas que possam brilhar em fila ou em cordões para pendurar no cou.
Temos novo desígnio. Em vez de apelar à emigração, o governo vai passar a apelar à ostricultura.
LNT
[0.005/2012]
Afinal 2012 pode ir além do marasmo de empobrecimento e os algarvios, que há cinquenta anos andavam de mula a apanhar caracóis e que agora têm BMs por terem transformado a terra onde os caracóis pastavam em lotes de betão com vista sur-mér, voltam a ganhar esperança de vida fácil caso as ostras se ponham a jeito e se deixem comer com brinde.
Já estou a ver o "saco-de-porrada luso-canadiano" (está aberto o tiro-ao-álvaro) de botas até às virilhas, enxada nas unhas, mergulhado no lodo das margens da Ria a ferir de morte bivalves a fio com a sua naifa de pesca, desperdiçando a carne afrodisíaca em busca de coisas novas que possam brilhar em fila ou em cordões para pendurar no cou.
Temos novo desígnio. Em vez de apelar à emigração, o governo vai passar a apelar à ostricultura.
LNT
[0.005/2012]
1 comentário:
A propósito do Algarve eu filho de camponeses pobres,natural de Boliqueime e já velhote (87anos)
e emigrante na Holanda desde 1964deixo aqui êste meu desabafo àcerca de Vilamoura.
Mais conhecida por Vilamoura,
era antes,a Quinta do Morgado.
Veio o Turismo com sua «vassoura»,
e descobriu ali outro Mercado,
e isto p'ra muitos,não desdoura,
antes,p'lo contrário,é bem molhado.
Dos terrenos,o prêço especulativo,
subiu em flecha,por tal motivo.
Existiam os «quartos»de Quarteira,
eram pequenas glebas cultivadas,
e muitos levavam a noite inteira,
puxando as «cegonhas«bem pesadas,
para regar a pequena sementeira,
e terem as vidas mais desafogadas.
Pois Boliqueime é terra de sequeiro
o Morgado tinha água o ano inteiro.
Mas qualquer um,não podia ter
um «quarto» arrendado no Morgado,
não era só uma questão de querer,
era necessário ter amealhado
algum dinheiro,para assim poder
comprar carroça,muar e arado.
O pobre trabalhador assalariado,
tinha,pra tal,salário minguado.
Daí a razão que faz nascer
a emigração,pelo Mundo fóra,
e com trabalho e muito sofrer,
o algarvio,sua vida melhora,
êle volta á terra que o viu nascer
mais desafogado do que outrora.
Alguns até ricos regressaram,
outros há que não voltaram.
De Norte a Sul,dum modo geral,
a emigração é uma sina constante,
dêste pobre,infeliz Portugal,
que para muitos é infamante.
Será isto um destino fatal,
do pobre trabalhador errante?!
Não.É apenas a táctica da Burguesia
que despreza o Povo,nêle não confia.
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