terça-feira, 25 de novembro de 2014

Livre

25/11
Com mãos se faz a paz se faz a guerra
Com mãos tudo se faz e se desfaz
Com mãos se faz o poema ─ e são de terra.
Com mãos se faz a guerra ─ e são a paz.


Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedra estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre
LNT
[0.319/2014]

2 comentários:

Anónimo disse...

Luís,
posso dizer-lhe uma coisa, com toda a sinceridade, que não fica zangado comigo?

Adoro toda a poesia do Poeta Manuel Alegre! Este soneto pode ter servido de Hino para milhares de pessoas.
Quando leio ou recito, para mim própria, "Trova do Vento Que Passa", até me arrepio. Sobretudo, nesta estrofe:

(...)

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

(...)

Bom, mas a confissão é a seguinte:

Adoro o Poeta, mas não consigo gostar do homem...Manuel Alegre!

Janita

Luís Novaes Tito disse...

Ficar zangado, porquê?
Gostar ou não das coisas que alguém produz não implica gostar de quem as produz.
Neste caso gosto de uma e de outra coisa.