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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Andam aos figos

Duque de PausAnda tudo doido e quem não anda doido, anda aos figos pelo Allgarve. Se não andasse tudo doido (todos doidos) alguém evitaria que Álvaro fosse a um canal de televisão dizer as mais diversas coisas que lhe passam pela cabeça.

Aliás, a mesma lei que proíbe que alguns trabalhadores do sector Estado ganhem mais do que o Presidente da República deveria conter uma disposição que impedisse que qualquer titular pudesse fazer declarações mais alucinadas do que as que são proferidas pelo primeiro-ministro.

Quando Álvaro afirmou a Crespo, seu compagnon de voyage que por ele puxou cortando-lhe sempre o fim das frases para que se não comprometesse nas conclusões, que as reformas estruturais que já fez estão a dar resultados no equilíbrio das diversas balanças com o exterior, deu um sinal claro da língua-de-trapos com que esta gente mantém o regabofe em que está atolada desde que deitou a mão ao pote.

É verdade que as balanças se estão a equilibrar mas nada tem de verdade que esse equilíbrio advenha das “medidas estruturais” do Ministro Álvaro. Elas decorrem única e exclusivamente de dois factores que são a diminuição de importações devido aos cortes de salários, aos saques do fisco e ao desemprego que empobrecem todos os cidadãos e à razoável capacidade de se manterem as exportações.

Todos sabemos que o decréscimo de importação, mesmo que as exportações não aumentassem, provocaria o equilíbrio das tais balanças. O que isso não significa, antes pelo contrário, é que a economia esteja melhor, porque ela só estaria melhor se nós equilibrássemos essas balanças com produção. Todos sentimos na pele que o ”custe o que custar” significa empobrecimento.

Se todos conseguirmos morrer antes de usufruir das reformas para que descontámos a vida inteira, a questão das reformas fica resolvida. Se baixarmos a importação de matérias-primas e de combustíveis devido ao fecho das fábricas que os importavam, conseguiremos o equilíbrio das balanças de que Álvaro julga ser o fiel.

Do coiso salvou-se o velado aviso de imposição de orelhas de burro que fez a Passos Coelho quando o informou pela televisão que ensina aos seus alunos o contrário daquilo que Pedro anunciou no Allgarve.
LNT
[0.376/2012]

terça-feira, 6 de março de 2012

E, todavia, hiniu

FisgaNo desporto nacional do tiro ao Álvaro são mais os de pólvora seca do que os de cartucheira de sal.

Quando desenharam a demagogia e lhe chamaram Orgânica do Governo resolveram incluir um quadradinho que apelidaram de Economia e mais um disparate, sabendo de antemão que o disparate não deveria ser Emprego porque a política é do despedimento, da austeridade e da punição.

Também é verdade que não lhe deveriam ter chamado Economia porque a política do Pastel de Nata e dos Feriados tem pouco a ver com ela e a política do trabalho gratuito, também.

Para aguentar o frete foram buscar um Professor ao Canadá com o objectivo aparolado de dar aquele ar avançadex que os portugueses gostam de dar quando entendem ir lá fora buscar um bibelô.

O quadradinho do demagógico, que deveria ter sido baptizado como Ministério da Recessão e do Desemprego, ficou entregue a Álvaro, bom homem de quem fazem gato-sapato, para deitarem a mão ao naco do espólio que sobra no pote.

No entanto, e como ainda ontem se ouviu a Álvaro hinir - mais um lamento do que um nitrido - os encantadores de cavalos nem sequer lhe permitem o coice. Quem nasceu para pastel de nata nunca chegará a bom-bocado.

Álvaro ficará para a História como um saco de pancada cheio de vento.
LNT
[0.156/2012]

segunda-feira, 5 de março de 2012

O gato-sapato

GatoFoi difícil partilhar um Governo assez mignone como aquele que a demagogia mandou fazer. Portas, Deus menor de um reduzido paraíso, não se satisfez com pouco e deu nomes aos seus ministérios que nem às páginas amarelas faria lembradura.

Foi a técnica de arrebanhar competências comprimindo-as no topo para depois repartir o pote em patamares mais baixos (grupos de trabalho, task force, etc.) onde não se vêem as clientelas que, sem responsabilização directa nem notoriedade pública, agem na sombra usufruindo das regalias sem se sujeitarem ao escrutínio e à fiscalização.

Tácticas aprendidas com o estudo dos dossiers dos submarinos.

Pelos vistos a estratégia passa também por manter em funções um ministro gato-sapato, aparentemente com mil pelouros, a quem sorrateiramente se vão esvaziando competências. A influência política transita para quem fica com a competência mas o gato-sapato serve para fingir equilíbrios.

Não sei como se traduz gato-sapato para québécois mas deve ser qualquer coisa como: mon petit Álvaro, laissez faire puisque tu est ici, tu est dans l’eau.
LNT
[0.153/2012]

quinta-feira, 1 de março de 2012

As luzes de Álvaro

Magritte
Para aqui embrulhado nas minhas coisas, limitei-me a constatar que o Ministro Álvaro teve, hoje, honras de palestrante no bunker da comunicação social do Conselho de Ministros.

Sei, porque o vi numa televisão de café.

Pareceu-me bem e fiquei feliz.

Agradou-me especialmente por Coelho lhe ter dado esse tempo de antena e também por a televisão do café ser muda. Vivemos uma nova idade das luzes, agora de sol e sombra e evita-se o ruído. Já os franceses o comprovaram na gala dos Óscares.
LNT
[0.147/2012]

terça-feira, 25 de outubro de 2011

New Frontiers

New FrontiersAndava convencido que o contrato de concessão de ouro já tinha sido anunciado pelo Ministro dos Impostos na última conferência de imprensa mas, afinal, o Governo concluiu que as contas bancárias dos contribuintes não são a única mina aurífica a ser explorada.

O Álvaro anda numa excitação infinda de prospecção e prepara-se para um dia destes (as medidas que anuncia têm sempre um prazo indefinido para entrar em produção) abrir o garimpo no Alentejo que deverá passar a designar-se por Allentejo e deixará de ser conhecido como o celeiro de Portugal para passar a ser o Far West português.

Ah Álvaro, que nunca me enganaste com as tuas modernêras amaricanas.

Já estou a ver o lago do Alqueva a ser invadido por cowboys de peneira na mão a espantar tudo quanto seja pêga, achigã, pato bravo ou lagostim de água doce.
LNT
[0.478/2011]