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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Até no gamanço são desiguais

O trio gargalhada
Nota: Paulo Portas não se vê na imagem porque está escondido debaixo da alcatifa da tribuna do Governo. No entanto adivinha-se que seja ele que está a fazer cócegas nos pezinhos dos retratados.

Os reformados e os trabalhadores que têm o Estado por patrão viram hoje surripiado do seu vencimento, já anteriormente emagrecido, um catorze avos dos seus rendimentos anuais do trabalho (no caso dos segundos) e das economias forçadas (no caso dos primeiros).

Ao contrário da linguagem de trapos com que os poderosos pretendem endrominar, não se trata de um subsídio mas sim de uma parcela do vencimento anual que, em Portugal, se paga em 14 prestações. Não se trata de uma benesse dos portugueses, até porque os vencimentos anuais dos outros europeus ficam a milhas de distância (para cima) daquilo que por cá se recebe e não é o facto de nos países civilizados se pagar esse vencimento anual em 12 prestações e por cá ser liquidado em 14 que isso representa uma regalia dos trabalhadores.

A política de empobrecimento em curso passa, isso sim, por um ataque desigual à classe média que inventou o conceito de funcionário público para classificar uma vasta parte dessa mesma classe, muita dela qualificada e com grande mérito nas áreas mais evoluídas do trabalho (desde investigadores a profissionais das forças armadas, passando pelos sectores da educação, da saúde, da tecnologia, etc.), como parasita e merecedora de toda a espécie de sancionamento.

O poder conseguiu finalmente cindir essa classe média para a enfraquecer, virando profissionais das mesmas profissões uns contra os outros, bastando para o facto ter aplicado critérios diferentes na busca das soluções para todo o País, diferenciando profissionais tão ou mais capazes, entre os que trabalham no Estado ou no privado. Fez ainda pior porque foi buscar o sustento dos que lhe confiaram as suas economias forçadas (os reformados) e lhes retirou parte do usufruto dessas mesmas economias, num sinal de puro abuso de poder e da quebra prepotente do contrato que firmou com cada um deles sempre que guardou, em cada mês de trabalho, parte do seu vencimento.

Dizem-nos que é necessário um esforço nacional para colmatar o roubo e os despautérios dos impunes. Mas esse esforço nacional recai unicamente sobre alguns, retirando aos que nunca fogem às suas obrigações fiscais a parcela acrescida que mantém a outra parte da classe média.

O chamado "subsídio de férias" foi retirado de forma inconstitucional aos trabalhadores do sector Estado remetendo-os para o segmento da classe média que se pretende empobrecer em favor da outra que sustenta com o seu trabalho a classe alta para que ela continue a fugir aos impostos, a usufruir do social sem nada contribuir e a cometer os mais variados despautérios, ainda por cima com ostentação.

Os trabalhadores do sector estado deixaram já neste mês de Junho de dispor da parte do vencimento com que mantinham os filhos nas escolas, com que pagavam as casas que compraram, com que faziam face aos seguros que lhes são exigidos e com que conseguiam pagar as contribuições que cada vez mais os apertam. Os reformados deixam de ter recurso a uma parte do seu próprio amealhado que lhes permitia ter uma vida um pouco mais longa com a dignidade que a poupança forçada de uma vida de trabalho lhes devia proporcionar.

A diferenciação deixou de ser pela competência, esforço ou mérito para passar a resultar unicamente de uns terem por entidade patronal uma classe política incapaz e incompetente e outros uma classe empresarial que sempre soube beneficiar da catapultagem desses políticos para o poder.
LNT
[0.306/2012]

Um catorze avos

NegroHoje, dia 20 de Junho de 2012, data em que a maior parte dos trabalhadores do sector Estado e os reformados recebem o seu vencimento, ficará para a História como o dia da iniquidade nacional.


Hoje, investigadores, professores, médicos, juristas, enfermeiros, informáticos, administrativos, engenheiros, fiscalistas, economistas, arquitectos e muitos outros profissionais qualificados e especializados, só porque trabalham para o Estado ao contrário de todos os outros que trabalham em regime liberal ou por conta de empregadores privados, vêem-se espoliados de 1/14 do seu vencimento anual porque o actual poder entende que os sacrifícios exigidos para a reabilitação das finanças públicas que foi (e é) objecto de roubos ignóbeis e de despesismo incompetente e imoral desse mesmo poder e dos poderosos que nele se aninham devem ser suportados por uma só parcela do povo português.


Hoje, os reformados que descontaram toda a sua vida para usufruírem da reforma por si adquirida, vêem-se privados de 1/14 do pecúlio anual, num roubo descarado, injusto e prepotente.


Hoje, nós que garantimos a educação de uma Nação, que garantimos a saúde de todos, que garantimos os sistemas tecnológicos, que garantimos a equidade fiscal, que garantimos a segurança, que garantimos o que resta da justiça, que garantimos a democracia, que garantimos a Constituição, a Lei e a Ordem, passamos também a ser os que garantimos, com aquilo que nos retiraram, os conceitos e preconceitos dos que escolhemos para nos governarem e passamos também a garantir que, ao nos fazerem os bodes expiatórios da incompetência e da corrupção de quem gere este nosso Portugal, esses gestores continuarão a ser impunes de todos os crimes que cometem, incluindo os de lesa-pátria.


Hoje é um dia de luto pela iniquidade que se materializa, ao arrepio de tudo aquilo porque lutámos antes e depois de nos tornarmos livres num País e numa Europa cada vez mais desiguais, em oportunidades e em respeito pelas pessoas que os povoam.
LNT
[0.305/2012]

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Sol e a colossal sombra

BiomboDa série dos chavões para o injustificável, o de hoje vai ser:
"Exceptuam-se os capitais para evitar que eles fujam"

Como todos os chavões justificativos para a pouca vergonha e para o roubo aos que tudo pagam em benefício dos que se julgam com direito a tudo, também este ignora a existência da Lei e a máxima de que, num Estado de Direito, ninguém está acima dela.

Sabemos que os capitais são apátridas. Por o serem não fogem. Movimentam-se sem preconceitos de fronteira e de Nação e funcionam onde lhes é mais rentável. Se ainda existem no nosso território é porque têm interesse em cá estar.

O Ministro das Finanças vai fazer a sua primeira "colossal" acção de propaganda e vai-nos tentar convencer que os poucos capitais que permanecem em Portugal estão na mão de beneméritos que, por o serem, têm de ser poupados aos sacrifícios impostos a todos os restantes cidadãos. Vai explicar, para justificar mais um assalto, a colossal incompetência da "trindade" que nos auditou deixando-se ludibriar pelo Governo cessante, como se ela não tivesse os instrumentos para não se deixar enganar e não os soubesse usar.

Esta colossal conferência de imprensa encriptada em economicês irá deixar marcas. Não se destina a quem vai pagar, porque a esses está garantida a retenção na fonte, mas sim aos que detêm a chave da desencriptação da mensagem que lhes garante haver ainda lugar a muito saque para seu proveito.

Quando o Ministro anunciar logo que quem trabalha ou trabalhou toda a vida vai ser chamado, de novo, para sustentar os lucros de uns quantos, confirmará a esses quantos que os seus direitos são intocáveis. Vai anunciar-lhes que não se devem preocupar, com a mesma calma com que um destes dias anunciará, colossalmente, que não se devem investigar e prosseguir os assassinos em série porque eles poderão fugir para voltar a matar.

O Sol quando nasce é para todos mas a sombra que dele protege só está reservada para alguns.
LNT
[0.276/2011]