[0.395/2007]
Provincianismos e parolismos
Sigo uma ligação que a vizinha Joana Lopes teve a amabilidade de fazer a esta barbearia e acabo a ler dois ou três textos por ela referenciados.
Fixo-me no de Ana Sá Lopes onde compara o provincianismo de Poço de Boliqueime com o de Vilar da Maçada e parece-me que ela comete o erro de comparar o incomparável para justificar que tudo é algo e o seu contrário. Acontece que o pai de Boliqueime nada tem a ver com o pai de Maçada e só o facto de ambos não serem urbanos não basta para extrair que não são cosmopolitas.
De resto tudo difere entre as duas personagens em comparação:
Cavaco é uma primeira geração com sucesso e Sócrates é o produto de uma segunda geração mal sucedida (mon père, architecte, s’est arraché à la misère).
Cavaco trabalhou para chegar onde chegou e Sócrates nunca fez mais do que política.
Cavaco subiu a pulso e por seu mérito e Sócrates subiu a rampa às cavalitas de outros, alguns dos quais até gosta de mostrar, hoje, como seus antagónicos.
A questão não é de provincianismo mas de parolice e de esperteza saloia e não são um par de sapatos italianos que fazem um parolo deixar de o ser, nem mesmo quando diz:
C’est vrai, je suis un provincial, je me suis fait sans demander la permission à personne. Je n’ai pas d’alliés parmi les maîtres à penser portugais et l’aristocratie de gauche.
LNT
Rastos:
-> Entre as Brumas da Memória;
-> Diário de Notícias - Ana Sá Lopes;
-> Liberation.fr - entrevista Sócrates;
-> El País - entrevista Sócrates.