A vida e as 62 coisas

A vida é um fio. Nem curto, nem comprido. Um fio frágil sujeito a rebentar mas que não se quer tratado com cerimónia e temor.

É uma linha plástica e elástica pronta a ser esticada, apta para construir. Se na construção partir, torcer ou moer, paciência.

Um fio enrolado num carrinho, envolto em celofane e acomodado em algodão acabará por apodrecer à mesma sem ter servido a sua função.

Era só isto. Só, e já não é pouco.

Viva o vinte e seis do seis.
LNT
[0.239/2015]

Da vida

Não lhes passe pela cabeça que desisti do que quer que seja. Estou um pouco cansado, é certo, desta guerra argumentativa em que alguns pretendem submeter todos os outros deixando correr impunes os desmandos que nos são impostos, mas nunca me canso da inteligência.

Não desisti do que quer que seja e não temo nem as ameaças veladas que vou recebendo, nem me rendo perante os argumentos sonoros de quem tem direito de antena.

Quando temos razão, a nossa, não se cede.

Acontece que há pausas necessárias, mesmo em tempo de guerra, e mesmo nesse tempo julgo que se devem limpar armas, ao contrário do que vulgarmente se diz. As munições estão pelo preço da morte e devem ser usadas com parcimónia preferindo a sua eficácia no tiro-a-tiro ao desperdício das rajadas.

Entretanto parto para outros destinos. Encho caixotes de lixo com papéis que me levaram muita sabedoria e esforço de anos. Limpo milhares de ficheiros de trabalho e pesquisa. Preparo-me para mudar de vida e para me concentrar no que importa da vida restante que irei iniciar quando voltar de férias.

Sem desistir do que quer que seja, principalmente sem abdicar de mim e dos meus princípios.
LNT
[0.300/2014]

Às vezes

Às vezes temos tantas saudades de nós. São vezes em que nos alheamos daquilo que nos cerca e olhamos para dentro ou para uma foto cheia de fantasmas.

Às vezes dá vontade de terminar as saudades e de que tudo volte a ser o que foi ou que, mesmo não tendo sido, volte a ser o que lembramos ter sido e que nos seja possível encastrar nos registos de papel ou de bits e ficar por lá até que as saudades passem.

Às vezes tudo o que é real parece tão pouco importante.
LNT
[0.130/2014]

Da vida

A vida tem coisas muito mais importantes do que as coisas da vidinha. Nela há abanões que nos despertam para pequenas notas tão vulgares que as fazem parecer de pouca relevância mas que, no entanto, são o âmago de tudo.

Reconhecê-lo a tempo serve para reposicionar a agulha e corrigir o rumo da navegação. Já o sabia do tempo em que voava por instrumentos e falhava a pista de aterragem por meio grau.

É isto, mesmo que mal explicado, mesmo que mal explícito.

Adelante!
LNT
[0.029/2014]

Percepções erradas

No lote das percepções erradas que todos temos há uma para que é preciso estar alerta e que é a de que as Mães são eternas.

Não são, pelo menos em forma material, e por isso tratem-nas bem em vida.

Dito isto ao sétimo dia, a vida continua.
Obrigado a todos pelas vossas mensagens.
LNT
[0.610/2012]

[0.192/2008]
A rota do tabaco


Pela manhã escutei no RCP a Ana Gomes a estranhar não se ouvirem vozes do PS sobre o Casinogate nem sobre as escalas técnicas da rota Cuba Livre.

Gosto de Ana Gomes, sempre gostei, e aprecio nela a roleta russa que gosta de jogar, mas desta vez não percebo porque anda a cartear em vez de ir a jogo.

Será que ela não ouviu a declaração do croupier a anunciar que rien ne va plus, les jeux sont faits (só falta o segredo de justiça).
LNT
Rastos:

-> Ana Gomes – Causa Nossa

[0.165/2008]
A grande maçada

É que logo, logo pela manhãzinha, vou ter de ir trabalhar e verificar que há um País real.
LNT

[0.159/2008]
No País dos basbaques

Atrasado no seguimento dos grandes acontecimentos, observo agora a reportagem da SIC sobre a reabertura do túnel do Rossio.

Um País de basbaques borlistas (julgam eles) que entram em comboios que não circulam ou noutros que não importa para onde vão.

Um País que sente angústia por denunciar contratos com empreiteiros incompetentes.

Espera-se que essas angústias não inviabilizem a indemnização devida ao Estado por incumprimento de contrato, o que levou a gastos (chamam-lhes derrapagens) no preço final da obra.
LNT

[0.095/2008]
Volto já

Há dias assim, como esta segunda-feira, em que houve coisas muito mais importantes do que blogar.
LNT

[0.093/2008]
Poing

Esta barbearia destina-se à estética. Só muito raramente se discutirá aqui política, porque não é um espaço agregado à partidarite assim como só por vezes abordará futebol porque não é uma secção de clubite.

Claro que o barbeiro não é indiferente a nenhuma dessas matérias. Por exemplo hoje tinha vontade de ser um blog verde, até porque uma vitória lagarta diminuiria a diferença que o Glorioso tem da margem direita do Douro. No entanto, o barbeiro sente vontade de reserva até pelo pouco que entende destas matérias e não fosse o bichinho que faz parte de todos os barbeiros, dedicar-se-ia só à arte da navalha que pretende manter de fio bem afiado, bem como a acompanhar o interessante trabalho das suas magníficas colaboradoras.

O barbeiro concorda, por exemplo, com o senhor bastonário quando ele atira para a praça pública aquilo que toda a gente sussurra, mas ninguém se atreve a dizer. Venderam-nos, em tempo, que para levantar questões é necessário ter provas, condicionando-nos ao silêncio. Não somos nós, cidadãos, que temos de provar o que quer que seja, que para investigar existem serviços que os nossos impostos pagam.

O meu Blog é só um Blog, um caderno de pensamento e de experiência que entendo partilhar publicamente. Não pretende ser escola e menos ainda manual de coisa alguma. Por isso muitas vezes a escrita alternativa e introspectiva que aqui se faz não está ao alcance de todos.

Hoje, por exemplo, não sei porque escrevi este texto, mas no entanto ele está escrito e publicado. Se o meu estimado cliente já aqui chegou é porque o leu e isso é bom, acho, ou então não.
LNT

[0.037/2008]
Está bem, abelha!

Desculpem qualquer coisinha.
Seguindo...
LNT

Rastos:

-> Bee Movie - Trailer 04.

[0.036/2008]
...

Irão desculpar mas há dias em que apetece chegar aqui, mandar-vos à merda, e seguir pelo silêncio até ficar surdo-mudo.

Há dias assim, acreditem, dias loucos de desperdício, meu que perco horas de outros lazeres neste, e vosso, que sois muito mais dignos e desperdiçais o vosso tempo a ler-me, combater-me ou a validar-me.

Isto dos Blogs é uma porra, crede, uma coisa de cansaço e ternura.

Como tudo na vida, até que uma qualquer morte nos separe.
LNT

[0.401/2007]
Recordes

Noticiava a televisão que este ano foram batidos todos os records de mensagens telefónicas (SMS e Compª).

Acredito, pelo número que recebi e pelo que observei.

Neste Natal também atingi um record pessoal. Não enviei um único SMS de Boas-Festas, nem um único cartão pelo correio. Limitei-me a boas-festas em caixas de comentários, a meia-dúzia de e-mails, a votos no corpo do Blog, a dois ou três telefonemas e às saudações verbais àqueles com que cruzei.

Não foi por indelicadeza, por desleixo ou qualquer outra razão especial, mas só porque este ano o tão evocado espírito do Natal andou arredio e as mensagens electrónicas e outras, limitaram-se à transmissão de pensamentos o que não contribuiu, nem para o enriquecimento das operadoras, nem para os scores da competição entre elas.

Diz o Rui Perdigão (de cuja arte me atrevi a fazer algumas adaptações livres) que é uma época de Merry Christmas and Happy New Year neste tempo de provincianismos e estranhas modernidades.

Concordo, embora pressuponha que a consequência do bater do mar na rocha não relaxa o mexilhão da forma representada.
LNT
Rastos:

-> Vida das Coisas

[0.343/2007]
Todos temos momentos de nojo

Depois de ter escrito o post anterior, de o ter publicado e lido, pareceu-me bem deixá-lo ficar sem nada por cima até que o homem da tenda fizesse a trouxa e zarpasse.

Não era grande coisa, afinal seria só uma homenagem às suas vítimas, publicada em português, num blog com só 200 leitores diários e como tal incapaz de influenciar o que quer que seja.

Não forçaria nada, mas era a minha forma de demonstrar o desagrado por termos em território nacional um bando de malfeitores a serem recebidos como gente de bem.

Sei não estar sozinho mas, mesmo acompanhado, a postura diluí-se em cada sorriso de felicidade vaidosa dos promotores do evento, laivos exibidos nas pantalhas do mundo enquanto tecem loas à bondade do raciocínio de ser preferível sentar-se à mesa com os bandidos do que tratá-los como tal.

Com outros ditadores e facínoras do século passado outros democratas fizeram o mesmo e o resultado é conhecido.

Espero que em cada garfada dos banquetes de Estado em honra de tão ilustre gentalha (salvaguardada a necessidade de excluir os de bem que lá estão), não lhes sobrevenha o odor de carne humana putrefacta nos Darfurs, Somálias, Congos e por aí fora.

Façam bom proveito.
LNT

[0.306/2007]
De novo, a caminho de Dezembro

É possível passar um fim-de-semana em Portugal, entre família e amigos, e não se saber nada de notícias, nem de tragédias, nem de governação e similares.

É possível e recomenda-se.

Fica tudo muito mais saudável e feliz, acreditem.
LNT

[0.302/2007]
Já venho

Este é um fim-de-semana tão bom como qualquer outro para ir apanhar ar debaixo de um chaparro.

A margem esquerda do Guadiana vai ter festança e reclama os cuidados estéticos de qualidade que só os profissionais deste estabelecimento sabem prestar.

Mesmo sem pessoal para os atender, as portas deste estabelecimento ficam escancaradas para que possam utilizar os seus mais diversos cómodos.

Não se acanhem.
LNT
Rastos:
- Young Reporters

[0.292/2007]
Louva-a-Deus


E todos os dias temos de os aturar.

Aos ressabiados, aos chatos, aos empatas, aos complexados, aos convencidos, aos ignorantes, aos provincianos, aos desqualificados.

Todos os dias, dia após dia, como se fosse um castigo divino, como se a paciência não pudesse ter fim, como se tivéssemos nascido para isto de ter de os aturar.

LNT

[0.210/2007]
Reconheço

O excesso de trabalho, a falta de pachorra para ler jornais, a dispersão por inúmeras coisas importantes e o preenchimento dos tempos livres com ocupações únicas retiram a capacidade criativa para a escrita, incluindo a alternativa.

Há-de passar e em breve voltarei aos textos de grande densidade e de profundo conhecimento que sempre caracterizaram este autor. Voltarei às certezas absolutas que são a minha marca de estilo e aos tratados arrebatadores e influentes que os meus muitos leitores anseiam ler amiúde.

Enquanto assim não acontecer, enquanto esta crise de criatividade se mantiver e enquanto tiver ali à direita o Palma a querer encostar-se a toda a gente e a Mafalda a pedir paciência, tenham-na, por favor, e não abandonem este local de culto narcisista que é o orgulho do barbeiro meio-anafalbeto, embora esforçado.

Fico grato.

Agora outra coisa,
há tempos, (alguns) passei por Viana do Castelo, onde também já fui feliz, e encontrei os destroços de uma traineira que fotografei para fazer a imagem chegar a um dos meus blogger's de sempre.

Nunca soube que embrulho escrever para lhe fazer a entrega do registo até que hoje inventei este texto.

Fica aqui com um abraço para o judeu luso-americano, Nuno Guerreiro, homem de paz, como prenda de aniversário da Rua da Judiaria.

E agora, para finalizar, ainda outra coisa.

A tal preguiça blogueira chegou ao ponto de desleixar os comentários dos comentários.

Não que os não leia, porque não perco um.

Não porque este Blog tenha deixado de ter gente cá dentro.

É o resultado do mesmo bloqueio de que falei antes e que se começa a parecer com um esvaziamento de alma.
LNT
Rastos:
- Rua da Judiaria
- Philosemitism

[0.152/2007]
Coisas e vidas

Sabe-se que a felicidade, principalmente os momentos de felicidade, são estados de espírito enquadrados no tempo e no espaço. Podemos ser felizes na criação, na contemplação, na participação, na solidariedade, na preguiça, e por aí fora, umas vezes em momentos prolongados e noutros de fracções de segundo.

Tendemos a esquecer esses momentos mas importa um esforço que consiga reavivar os fragmentos de felicidade. Essa consciência ajuda a suportar o acordar de todos dias.

Por isso, meu caro Rui, nada tenho que perdoar ou autorizar pelo aproveitamento da ideia, porque ela não é só minha.
O facto de a repetir todos os dias nesta barbearia, de há 15 dias a esta parte, tem-me aberto a uma perspectiva diferente e, agora que entendo ser possível fazer um post destes todos os dias durante vários anos, quedo-me mais sossegado e optimista quanto ao futuro.

Faz-me feliz saber que esta visão possa contagiar.
LNT
Rastos:
- Perdigão.net
- Vida das Coisas

[0.126/2007]
Invejas de barbeiro

Gostaria de andar a ver o que o nosso vizinho Pedro Correia tem relatado no Corta-Fitas.

Imagino que ele esteja a trabalhar na cobertura da vista presidencial, mas ainda assim, e já que não poderia ter melhor companhia, pelava-me por andar a saltar de ilha em ilha, mesmo que fosse na labuta pelo pão.

Inveja minha porque, pasme-se (é uma vergonha), nunca pisei terra açoriana. De todo o território nacional só falta conhecer aquele naco que ainda por cima tem como líder Carlos César, um político com tantas estrelas como as que constam da bandeira regional.

Para o ano não escapa.

Enquanto lá não vou talvez compense tentar uma infiltração no jantar dos 54 anos do Zézé Camarinha do qual tomei conhecimento pelo destaque de meia página do gratuito Destak.
Coisa de relevo na socialite, está bem de se ver.
LNT
Rastos:
- Corta Fitas