Mesmo sem conseguir saber ao certo o que vai na cabeça desta gente e persentindo que irá muito pouco porque a massa cinzenta “
enormemente cara na formação” tem pouco que se lhe aproveite em resultados práticos (continua a ser irritante a confusão entre habilitações literárias e formação e entre canudo e saber fazer) adivinha-se que a associação cognitiva que as medidas em curso pretendem fazer, através do empobrecimento anunciado, resulta na reengenharia da estratificação social baseada no conceito: “
só faltava que as sopeiras se confundissem com as meninas da casa”.
Há por isso que estratificar para tratar em conformidade. O modelo que se propõe é:
- Ricos;
- Classe média alta;
- Classe média baixa; e
- Miseráveis.
Acaba-se com a fantasia de viver acima das possibilidades, isto é, acaba-se com a fantasia de que só há uma classe média e dá-se fim à confusão entre as meninas e as sopeiras.
Ricos são ricos e ponto final, não se questiona. Classe média alta é a que faz dos filhos dos doutores, doutores. Classe média baixa a que faz dos filhos de funcionários públicos, servidores do Estado e dos filhos dos canalizadores, canalizadores. Miseráveis, são miseráveis e ponto final, não se questiona.
- Aos ricos nada se pede, senão que se mantenham ricos.
- Á classe média alta pede-se que olhe com simpatia para a classe média baixa e com compaixão para os miseráveis.
- Á classe média baixa pede-se que reflita sobre a sua condição, se esforce para tentar passar à classe média alta e se sacrifique na esperança de ascensão.
- Aos miseráveis pede-se que não macem com a sua miséria e que sejam doces à compaixão e receptivos à caridade.
E nós, que gastámos um dinheirão a habitar estes canastrões para que nos imponham tais projectos, poderemos continuar a fingir que tudo isto é normal?
LNT
[0.510/2012]