Não pode impunemente mentir-se ao povo português
Mário Soares–Comício da Fonte Luminosa-Lisboa 1975
Tanto o título como a primeira frase deste texto foram proferidos por Mário Soares quando, todos nós com ele, com Salgado Zenha, com Tito de Morais, com Mário Sottomayor Cardia, com Marcelo Curto, com Lopes Cardoso, com Luís Filipe Madeira, com Manuel Alegre e com muitos outros, em 1975, precisámos de ir à rua dizer que não cedíamos perante as ameaças e perante os medos com que nos queriam fazer mansos.
Voltamos a tempos em que o pairar de ameaças permanentes nos tenta condicionar.
Voltamos a afirmar, tão alto como outrora, que nós não temos medo.
Temos a nossa ideia, temos a nossa paixão pela liberdade e pela democracia, não achamos que sacrificar e submeter seja bem-governar e consideramos que um Governo eleito é corajoso quando cria bem-estar social e não quando esmifra.
Como não nos ouvem em recinto fechado, chegou a altura de o dizer na rua. Se não conseguirem entender o que faz com que as duas centrais sindicais portuguesas conjuguem as vozes, percebam pelo menos que uma greve geral não é a tagarelice dos círculos fechados e dos gabinetes e compreendam, não só os poderes eleitos mas também os senhores da finança e os especuladores que, tal como em 1975, nós continuamos a não ter medo.
Amanhã em greve, com a greve geral, obviamente.
LNT
[0.425/2010]