Desta vez foi
Cavaco. Acredito que ele tenha dito o que disse para explicar que também lhe caiu em sorte uma parte dos "
sacrifícios" exigidos aos portugueses e que faz parte do grupo daqueles a quem eles são impingidos de forma desigual.
No fundo
Cavaco é pensionista e é sobre os pensionistas e os trabalhadores da administração pública que estão a recair as maiores cargas de pancadaria.
Cavaco Silva, o Presidente que jurou a Constituição, que reconheceu que as medidas tomadas por este Governo ferem o princípio da igualdade enunciado nessa mesma Constituição e que mesmo assim promulgou as medidas sem consultar o Tribunal Constitucional, é o mesmo que agora se lamenta por lhe ter sido retirado parte do seu sustento a favor de muitos que não são chamados equivalentemente a colaborar no esforço nacional.
Até aqui entendeu-se (incluida a incoerência), a partir daqui ofendeu-nos.
Quando só refere a pensão de 40 anos como Professor e fala de 1.300 euros mensais está a falar de qualquer coisa da qual
omite razões. Nenhum professor universitário que trabalhou 40 anos recebe 1.300 euros de reforma a não ser que os descontos feitos se refiram a parcelas muito curtas de trabalho diário.
Quando não refere o valor da pensão que recebe de Banco de Portugal nem o tempo que nele fez descontos para a poder usufruir, está a tentar
enganar aqueles a quem dirige a mensagem. Sabemos que as pensões do
Banco de Portugal são uma afronta a todos os que trabalharam toda a vida, fizeram descontos toda a vida e agora estão na dependência da prepotência de uma entidade patronal que unilateralmente lhes subtrai parte do pagamento.
Quando diz que prescindiu do ordenado que a sua função lhe determinou e não explica o porquê, isto é, que entre o ordenado de
Presidente da República e aquilo que recebe em reformas acumuladas preferiu as reformas por lhe darem um rendimento superior, está a tentar
fazer de parvos todos os cidadãos.
Quando informa que ele e a sua mulher foram muito poupados toda a vida e que agora usam parte dessas poupanças para fazer face à vida de luxo que levam (porque a quem
10.000 euros mensais não chegam tem de ter uma vida de luxo) está a
insultar todos os portugueses que nunca puderam poupar porque o dinheiro nunca lhes chegou até ao fim do mês.
Azar não ter acontecido mais perto do Natal. Alguém lhe teria metido uma fatia de bolo-rei na boca e teríamos sido poupados a mais este ultraje.
LNT[0.045/2012]