quarta-feira, 4 de julho de 2012

Porque fogem?

EstrelaCom meio País a discutir o caso da licenciatura de Relvas (manifesto exagero porque só a anda a discutir a meia–dúzia de pessoas do costume) neste portugalito de doutores e engenheiros, os governantes que ainda se atrevem a meter o seu longo nariz fora dos gabinetes fogem e fintam os seus governados que já não os aguardam de bibe e de bandeirinha, nem lhes dão vivas nem efeerreás.

A partir do dia em que Álvaro teve de mandar consertar a estrelinha que o guie, símbolo da potência europeia a que este governo presta vassalagem e a quem, em troca de uns beijinhos e do epíteto de bom aluno, se mordoma a sacrificar o bem-estar dos seus governados transformando-os numa subclasse europeia empobrecida, que os restantes governantes passaram a usar as portas das traseiras.

Agora foi a vez de Passos Coelho que, para se deslocar a uma multinacional alemã, usou a camuflagem e ordenou ao seu motorista que procurasse no GPS um caminho escuro para aparecer onde estavam as câmaras de televisão sem ter de se cruzar com aqueles que lhe pagam o carro, o motorista, o Google Maps, a gasolina e os disfarces matreiros. Não foi um Cavacal António Arroio, mas andou por lá perto.

Porque se esconde esta gente? Porque vive esta gente só na zona de conforto que aconselha os jovens a abandonar? Porque fogem ao povo os que anunciam que o povo está consigo? Do que (de quem) terão medo?
LNT
[0.331/2012]

segunda-feira, 2 de julho de 2012

As canas da barbearia

CanasA Barbearia fez-se canavial para que, com essas canas, se proteja dos patos bravos que sacaneiam este povo.

Como se sabe, todos os patos bravos são protegidos em Portugal.

Partindo dessa premissa e sabendo que os patos bravos se escondem nos canaviais e sabendo também que é voz popular de que a melhor protecção é a que mantém os inimigos debaixo de olho e à mão de semear, dispuseram-se as canas e afinaram-se os cartuchos.

A clientela habitual há-de ser bafejada, um destes dias, com uma arrozada.

Até lá recostem-se e fiquem a vê-los voar.
LNT
[0.329/2012]

Mais além

Escher Mobius
“O ir mais além é uma forma que Passos Coelho e Paulo Portas arranjaram para verem até onde podem ir.
Começa a ser tempo dos portugueses lhes dizerem que já foram longe demais.”
Moi même in FB
Enquanto que na Europa já quase todos entenderam que as medidas de austeridade impostas aos países mais frágeis têm de ser revistas por estarem a destruir o próprio conceito da Europa, em Portugal Passos Coelho e Paulo Portas consideram que o empobrecimento do seu povo é o desígnio nacional e que as medidas que nos foram impostas são curtas, insistindo em ir mais além do que internacionalmente nos é exigido.

O “além de” é um programa de retrocesso civilizacional, é uma obsessão pelo passado, é um aquém daquilo que a nossa História admite, é uma atitude política escondida cobardemente num memorando de resgate exigido pelos que agora o apregoam como herança para esconderem aquilo que pretenderam para Portugal quando inviabilizaram soluções alternativas.

Recebo pedidos de esclarecimento para o texto que aqui publiquei. Estranho, porque não vejo nele qualquer dúvida ou contradição. Nós, portugueses, vivemos em democracia há quase 40 anos. Não é muito, porque o período que a antecedeu formou gerações de conformados com a miséria e com a falta de liberdade. Fez-nos mansos, carne para canhão, submissos e “bons alunos”. Mas trinta e seis anos já é tempo suficiente para que entendamos que, sendo o voto o poder que temos na mão, ao abdicarmos de o exercer sujeitamo-nos a ser submetidos por minorias.

Nas últimas presidenciais e nas últimas legislativas o direito e o dever de voto não foram exercidos. Muitos dos que não se revêem no “mais além, custe o que custar” entregaram, por omissão, o poder a quem hoje o exerce e reclamam medidas. Alguns outros que se apressaram a provocar que Portugal tenha hoje o Presidente e o Governo que tem, organizam “esperas espontâneas” onde apupam os poderes que ajudaram a instalar, tentando manipular com as suas bandeiras um povo levado ao limite por quem entende, custe o que custar, que esse povo terá de pagar com a fome a fartura de quem o rouba.

Tal como disse no meu texto anterior este povo gosta de chorar sobre o leite derramado mas o leite já rareia e, à sua falta, as lágrimas irão secar. Os que continuam a não entender que já foram além demais e os que até agora orquestraram os apupos para tirarem proveito da terra queimada vão acabar por perder o controlo.

A Constituição que determina que o poder reside no Povo através do voto é a mesma que institui o direito de resistência quando não há poder público que defenda os direitos liberdades e garantias que essa Constituição consagra.

Foi isto que quis dizer anteriormente e espero ter-me feito agora entender.

É necessário que os poderes instituídos se façam ouvir e que impeçam a continuidade pela obsessão do miserabilismo que se prevê com o novo pacote de austeridade que já se anuncia (só falta dizer quando). A todos nós compete assumir, se necessário resistindo ao confisco e exigindo justiça e equidade, as responsabilidades que a liberdade determina para que continuemos a ser um povo digno, não espoliado nem manipulado.
LNT
[0.328/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLIV ]

Encerramento das CCTM
Comemorações do Centenário de Tito de Morais - Lisboa - Portugal
LNT
[0.327/2012]

sábado, 30 de junho de 2012

Quando se insiste em ir sempre além de...

ÁlvaroOs portugueses gostam de se manifestar pacificamente e chocam-se quando vêm outros portugueses manifestarem-se violentamente.

Os portugueses têm este condão de levar as escrituras à letra e de darem a outra face sempre que lhes estalam mais uma bofetada na cara.

Mas os portugueses, mais vezes do que aquelas que lhes querem fazer crer, já explicaram a outros (portugueses, espanhóis, ingleses e franceses) que além de bochechas também têm outra mão para dar quando a mão que lhes acerta ultrapassa a racionalidade e os seus princípios de sobrevivência e dignidade correm risco.

Até agora, depois dos portugueses terem retornado à democracia, sempre que em vez da outra face ofereceram a mão, houve organização por trás. Um dia também isto poderá modificar-se. Basta que os limites continuem a ser ultrapassados e não se consciencializem de que a impunidade e a prepotência têm de ser processadas dentro de parâmetros aceitáveis.

Os portugueses gostam de chorar sobre o leite derramado, mas tem de haver leite para derramar. Caso contrário secam as lágrimas e passam à acção.
LNT
[0.326/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLIII ]

Jacarandá
Jacarandás - Lisboa - Portugal
LNT
[0.325/2012]

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Os bons alunos dos maus professores

MagritteOra bem, lá parece que nem todos os resgates têm de ter a forma de memorando e nem todos os apoios têm de exigir a destruição do tecido social.

Espanha está aí para demonstrar aos defensores da austeridade irracional e do custe o que custar que há outras formas de tratar os problemas, principalmente quando a intenção é resolvê-los e não multiplicá-los e principalmente quando se procuram soluções para os problemas e não subterfúgios justificativos para ideologias radicais.

É uma boa ocasião para recordar que só se avançou para a solução que existe em Portugal (e que ainda por cima tem vindo a ser desvirtuada devido à teoria do “mais além”) porque se recusou a alternativa que os nossos parceiros europeus se tinham disponibilizado a apoiar. É boa ocasião para relembrar ao PSD/CDS/BE/PCP que foi necessário recorrer ao actual programa de apoio devido ao pacto contranatura que estabeleceram para derrubarem, com o assentimento presidencial, a alternativa proposta pelo Governo anterior.

Chegou a ocasião de nos questionarmos do que vale ser considerado bom aluno quando quem assim nos avalia é tão mau professor.
LNT
[0.324/2012]

Surdinas [ L ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Pior do que se ser ignorante é ser-se sabedor de regras e não lhes conhecer as excepções. Aos ignorantes desculpa-se a ignorância, mas aos pretensiosamente sabedores é difícil perdoar a prosápia.
LNT
[0.322/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLII ]

Lucien Freud
Lucien Freud - Berlim/Londres
LNT
[0.321/2012]

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Orgulho

Tito de Morais

E por falar em orgulho, faz hoje exactamente dois anos que uma excelente equipa que tive a honra de coordenar levou a cabo a tarefa de ajudar a imortalizar a memória de Manuel Alfredo Tito de Morais.

O tempo passa mas não pode passar a memória dos bons que nos legaram o seu exemplo como caminho do futuro.

Tito de Morais faria hoje 102 anos.

Imagens das CCTM no Facebook.
LNT
[0.320/2012]

Orgulhosamente afogados na rebentação da praia

Mar PraiaSei que não se deve bater em mortos e geralmente não o faço, mas como leio em toda a comunicação que morremos com dignidade e que esses mortos nos enchem de orgulho, faço aqui as exéquias.

Portugal jogou melhor que Espanha. Portugal apontou mais que Espanha. Portugal concretizou menos que Espanha o que colocou a Espanha na final e Portugal no avião de regresso.

Sei que sou barbeiro e que os barbeiros sabem tanto da poda como os cientistas da bola sabem de coisas sérias. Mas, nada entendendo, sei que o orgulho deve resultar da concretização e não do falhanço.

Acabo já, sei que não se deve bater nos mortos.

Acabo a reflectir sobre o orgulho balofo há séculos iniciado em Alcácer-Quibir e que, excluindo a fase em que foram dados novos mundo ao Mundo, faz encher o peito a este povo que insiste em afogar-se orgulhosamente na rebentação da praia em vez de se esforçar para pisar a areia e continuar a viver.

A taxa de sucesso português, seja na bola, seja na política ou na economia continua a medir-se pelo esforço exigido e não pelos resultados obtidos, o que é manifestamente insatisfatório.
LNT
[0.319/2012]

Já fui feliz aqui [ MCXLI ]

Casa Nuno Álvares Pereira
Casa Nuno Álvares Pereira - Barcelos - Portugal
LNT
[0.318/2012]

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Sorte e olé

Invasão de campoHoje ao fim da tarde há que estar atentos. Com o País pendurado nas televisões para saber se Ronaldo não se vai lembrar que é a Espanha que lhe paga os bifes, ou se Ronaldo vai fazer o gosto aos castelhanos e tentar dar cabo dos català, Passos Coelho com o invisível Paulo Portas e com o mago das finanças vão estar de rédea solta para se lambuzarem no que lhes sobra do pote.

Enquanto o País se aliena a ver 11 em cuecas a correrem de um lado para o outro, arrisca-se a ser driblado.

Oxalá a Catalunha perca, oxalá os irmãos Metralha do eixo São Bento/Necessidades/Praça do Comércio não se aproveitem da alienação para demonstrar que, ao contrário do que pensa o Presidente da República, ainda há muito trilho de confisco para trilhar até ao precipício.

Como diria (lentamente) o sábio das finanças, o dia seguinte é o dia imediatamente após o dia anterior, o que na sua linguagem de trapos quer dizer que amanhã é novo dia e hoje é aquele que o antecede.

Sorte, atenção e olé! Não se deixem distraír com as invasões de campo.
LNT
[0.317/2012]