Naquele tempo de sapos, os mais acrobatas eram os que gritavam "agarrem-me senão ele engole-me!".
E eram esses que, quanto mais perto estavam do trampolim (as patinhas em mola já não tinham potência para os fazer saltar), mais gritavam fanfarronices, não só para se mostrarem valentões, mas também pelo receio de que se ouvisse o que pensavam.
Pendurados na membrana natatória do sapo maior que, inchado do trono, lhes enviava coaxos em surdina pelas vocais dos lacaios, os sapos untavam-se para melhor escorregar em direcção ao estômago com esperança de que, ao serem expelidos no término do circuito digestivo, pudessem regressar, sem mácula, ao charco.
LNT
[0.358/2010]
E eram esses que, quanto mais perto estavam do trampolim (as patinhas em mola já não tinham potência para os fazer saltar), mais gritavam fanfarronices, não só para se mostrarem valentões, mas também pelo receio de que se ouvisse o que pensavam.
Pendurados na membrana natatória do sapo maior que, inchado do trono, lhes enviava coaxos em surdina pelas vocais dos lacaios, os sapos untavam-se para melhor escorregar em direcção ao estômago com esperança de que, ao serem expelidos no término do circuito digestivo, pudessem regressar, sem mácula, ao charco.
LNT
[0.358/2010]
2 comentários:
No tempo da outra senhora usavam-se metáforas e fábulas para transmitir ideias, pensamentos, textos, etc. de oposição ao regime.E lá vinha o lápis azul ou a prisão para tais ousadias
Pelo texto deste "post", será que já chegámos à reedição do "Estado Novo" de então?????? É curioso
Boa noite
Ainda não é a reedição do Estado Novo. Já é a reedição do Estado a que Chegámos, como diria Maia.
Mas não é por isso que este texto aqui está.
Foi mesmo só por gozo, porque a mim, também, "ninguém me cala". :)
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