As pessoas sensíveis não são capazesSem apontar os hipócritas, porque não lhes dou o troco, associo-me ao Eduardo Pitta no repúdio à utilização abusiva do nome de Sophia.
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
Sophia de Melo Breyner Andresen
A Sophia tenho profundo respeito e dela guardo a memória, como marca de vida, da sensibilidade e do respeito pelos outros, principalmente pelos que sofrem.
O ocasional encontro nos passos perdidos, coisa de dois ou três minutos, foi tempo suficiente para saber que ela não perdoava, principalmente aos devotos, a hipocrisia e o obscurantismo.
O seu apelo ao "não o façam" não é um apelo ao "condenem-nos!".
Leia-se o poema e compreenda-se.
LNT
[0.369/2010]
4 comentários:
Que beleza este poema de Sophia!!! Grande escritora ... adoro ler tudo aquilo que Ela produziu! Este poema deveria ser policopiado, entregue a quem manda no nosso Pais, lido e analisado ... talvez alguém aprendesse alguma coisa! OBRIGADA! Um até BREVE
Este poema saiu num teste que fiz no ano passado, 11ºano. Li-o e achei-o simplesmente fantástico, de uma pertinência incrível e actualidade constante. De facto, a hipocrisia é inconsciente: para aqueles que a praticam. Resta só mesmo pedir a compaixão divina para os desgraçados...
escreve poemas numa língua muita inteligível
cumprimentos de Antuérpia
Este poema lembra-me sempre a Mónica (é Mónica, não é?) dos Contos Exemplares.
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