sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Contas por alto

A terra a quem a trabalhaImaginando que há setecentos mil trabalhadores na Administração Pública e que desses 30% ganham mais de 1.500 Euros temos 210 mil trabalhadores da AP que vão contribuir para que toda a AP tenha um decréscimo de encargos salariais de 5%.

Coisa fina.

Fazendo as contas por alto, considerando os anos em que os salários na AP estiveram congelados (coisa de que ninguém fala) e apesar do aumento de 2,9 do ano passado (coisa de que não há quem não fale), os tais 210 mil trabalhadores da AP irão ficar com salários semelhantes aos que tinham há 10 anos.

Nesses 10 anos essa gente assumiu compromissos mediante os vencimentos que tinha. Meteu-se a comprar casa, a educar os filhos, etc. e, como tinha as contas feitas, não se considerava na faixa do chamado “risco de crédito malparado”. Também os Belmiros e quejandos mantinham as prateleiras aptas para essa gente e o fisco que lhes paga com uma mão e que, com a outra, lhes arrecada parte, vai ter decréscimo na receita.

A espiral criada irá retirar o sorriso cretino da cara de quem agora pensa que isto é o mal dos outros. Esquecem-se que o problema reside no facto de Portugal ser um País de funcionários públicos.

Uns, porque têm esse estatuto de papel passado, como diriam os brasileiros, são os bodes-expiatórios, os outros que não o têm, mas cujas empresas vivem quase exclusivamente do erário público, julgam-se diferentes e afinal a diferença assenta só naquilo que os segundos empocham a mais do que os primeiros.

Costumo dizer que em Portugal os funcionários públicos são de primeira e de segunda. Uns picam o ponto e deles se diz serem o mal da nação, os outros estão isentos desta obrigação e repimpam-se à mesa do orçamento pendurados nas rubricas de "aquisição de serviços" ou de "serviços diversos".

Os primeiros calam-se e comem (pouco), os segundos enchem o bandulho, criticam os primeiros atirando-lhes à cara que são eles que lhes pagam os vencimentos, como se o vencimento de uns e outros não resultasse do pagamento do trabalho.
LNT
[0.336/2010]

7 comentários:

Anónimo disse...

Olá Parabens por este Post gostei muito é isso mesmo que sucede..
E os ignorantes que têm tempo de antena todos os dias ainda querem medidas mais duras contra nós ...

Manuel M. oliveira disse...

Post bem esgalhado. Vou "roubar".
Camarada Luís, aquele abraço.

Manuel Oliveira.

PS.: não sou funcionário público.

C.C. disse...

Ah! Senhor Barbeiro, anda a dar umas tesouradas muito bem dadas. Estoucinhe à vontade que a moda de inverno é de cabelos curtos e bem desbastados

Cecília disse...

Tenho andado de candeias às avessas com o sr. barbeiro. Estou a reconciliar-me, os últimos posts efectuaram uma acentuada viragem à esquerda. Parabéns.

Anónimo disse...

Boa-Noite

Lamentável, o que se viu esta noite no programa:Plano Inclinado.
Um Sr. Fiscalista,com sorriso manso, cujo nome nem vou repetir ,tal a náusea que me provoca, atreveu-se a declarar, na maior das calmas, que uma boa Politica seria: Acabar com o Estado Social( a não ser para os “ mais pobrezinhos”).
Tal nem me devia espantar ….mas o que me enojou foi a “facilidade” da afirmação, sem que um jornalista(Mário Crespo), tenha feito qualquer comentário, a tal verborreia mental!
Bastava a M. Crespo, questionar o “fiscalista” com a seguinte questão: E como é que fazia? Tão só. Calou-se. Lamentavelmente.L.R.

PS. Bom comentário,na mouche!

mdsol disse...

:)))

Anónimo disse...

Excelente. Vou levar para o Luminária.