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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Decretos ilegítimos


Nunca deixo de me admirar com os decretos que são feitos por inqualificáveis comentadores.

Um, muito em voga e debitado por muitos, é que o povo português detesta maiorias absolutas.

Não se percebe muito bem com que base o decretam até porque “o povo” (que penso quererem referir “os eleitores”) nunca lhes deu procuração para debitarem tal e, inclusive, em 48 anos já demonstrou em 5 eleições que não é avesso a tal ideia.

Votou maioria absoluta na AD (em 1979 e em 1980), no PSD (em 1987), no PS (em 2005 e agora em 2022) e até elegeu um empate – falhou por 1 deputado - no PS (em 1999).

Outro decreto que agora vejo, leio e ouço com frequência é que a Comunicação Social se transformou num “vigilante” da democracia – muito gosta esta gente de polícias – quase ao nível do Presidente da República e da Assembleia da República sem terem qualquer pejo em distinguir o valor das palavras “garante” e “vigilante” e sem contemplações na distinção do que é eleito daquilo que não o é, bem como na explicitação do que é imparcial e do que é assalariado e claramente manipulador.

Andamos nisto, sendo que isto é tudo uma cegarrega.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.020/2022]

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Mudar de livro


Nos debates a que temos assistido é recorrente o uso da expressão “mudar de página”.

Essa expressão, aliada à da “da geração mais qualificada”, como se não fosse normal que cada geração seguinte seja mais qualificada do que a anterior, e agora acrescentada pela do “mel e do fel”, que é reconhecida na maquilhagem aburguesada da abelha Maia para disfarçar o ferrão sempre pronto, diz bem aquilo que temos.

Falta ainda a expressão “Seis anos de Governo de Esquerda da Geringonça” quando todos sabemos que foram só quatro porque o mel e o fel há muito (e não só nos orçamentos dos dois últimos anos) anda de mão dada com a metade dextra do Parlamento onde sempre, exceptuando quatro anos para não ficar isolada da canhota que Jerónimo (boas melhoras, meu caro) proporcionou da última vez que o PSD ganhou as eleições, preferiu a radicalização do protesto por saber ser a única forma de ganhar palco.

Dito isto, preferia que em vez de “mudarmos de página”, mudássemos de livro para passarmos a ter uma prosa mais consistente e menos ficcionada.

Antes uma boa comédia de falas capaz de pedir um “encore”, do que este drama pífio de falsete que termina sempre em pateada.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.006/2022]

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Manifesto eleitoral


Não farei campanha.

Foi uma jura que fiz a mim próprio no dia em que afastaram António José Seguro com os votos do BE e de um outro Partido fabricado na altura (julgo que o nome era “o Livre”) do lugar para que os militantes do Partido Socialista haviam eleito Seguro.

Diga-se em abono da verdade que só foi possível esta jogada porque alguém muito néscio na equipa do Seguro inventou aquela coisa do voto alargado a não militantes, coisa que havia de ser bonito de ver acontecer, p.e., nas eleições dos corpos directivos do Benfica deixando que os Sportinguistas ou os Portistas votassem em igualdade (ou vice-versa).

Mas votarei, como sempre fiz, no Partido Socialista.

Continuo a rever-me na sua Declaração de Princípios, coisa em que nenhuma outra me consigo fazer rever por inteiro.

E votarei com a intenção de que o PS obtenha a maioria absoluta, embora isso não dependa de mim.

E esta minha declaração pública não se deve à revelação do segredo de lençóis que Catarina Martins revelou a meia dúzia de dias de se realizarem as próximas eleições, até porque sei que ela não o fez para chatear o António Costa mas sim para poder retirar o protagonismo ao PCP da construção de uma solução (coxa e imberbe, no meu entender, porque não responsabilizou os agentes dessa solução obrigando-os a serem parte activa do governo da Nação), mas porque, tal como Manuel Alegre sugeriu no o Público, as aberturas em política só têm validade quando são feitas em público e perante os eleitores, como o fez Jerónimo de Sousa na noite eleitoral, e não nas costas (e ainda para mais no segredo anterior à abertura das urnas de há quatro anos) enganando vergonhosamente aqueles que foram votar sem saber que iriam votar numa solução para a qual não estavam alertados.

Para além do mais sou um fervoroso apoiante da alternância do poder e sei que ela só poderá acontecer se o Partido Socialista obtiver maioria absoluta pois, caso contrário, o PS manter-se-à eternamente na governação e o BE e o PCP no poder, desde que o Partido Socialista ceda às minorias que o ajudam a aprovar os Orçamentos do Estado o protagonismo de parte (e ainda por cima da parte de leão) das benfeitorias que tem promovido e que têm levado os portugueses a viverem de novo a par das suas possibilidades (as tais que Passos Coelho dizia estarem acima daquilo a que eles tinham direito).

E assim, sem entrar em campanha, fica feito o meu manifesto eleitoral.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.009/2019]