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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Botão Barbearia[0.068/2008]
Conversa de barbeiros

No barbeiroPorta aberta, a freguesia lá ia passando a desfazer as barbas ou aparar cabelos. Antes da missa das dez, era obrigatória a rapagem dos queixos empedernidos da escassa lavagem e do pó entranhado na produção filiforme de uma semana de jornadas de sol-a-sol. A esta hora matinal, a conversa era pouca e o trabalho rápido. Falava-se do tempo, do calendário agrícola, do coice que o João tinha levado da égua e o mandara para o hospital com três costelas partidas, enquanto a navalha ia desfazendo o matagal desenvolvido nas fronhas dos fregueses. Cara limpa, uma mão concha de aguardente provia à desinfecção e perfume das peles e, toca a andar para a santa missinha.

PenteadoOra, ora. A isto chamam trabalho fino de tosquia e escanhoo de barbas grossas?

Uma data de rudes a rapar queixadas de banco corrido às costas.

Neste quase SPA não há desses tormentos e as clientes e os clientes, porque isto além de selecto é unisexo, estão no patamar dos serviços à medida. As coisas que aqui se passam são mais de Inferno do que de Paraíso e ninguém cá vem a caminho da santa missa.

PenteadoNão cheira a aguardente e há muito que as navalhas rombas foram inovadas com tecnologias laser. A nossa prezada clientela é urbana, não conhece os vizinhos e só coscuvilha a vida dos ilustres, que também não conhece, mas de quem se faz íntima.

Dizem eles na Aldeia que aguardam o TGV para que os citadinos se desloquem até aos rústicos Cus de Judas.

Bem podem esperar sentados no mocho a ganhar calo e a verem passar os TGV que os não servirão porque se destinam a atravessar, ainda mais rápido, estes locais recônditos onde o João, se hoje levar um coice, terá de fazer 50 km para costurar as mazelas.
LNT
Rastos:

USB Link
-> Notícias d'Aldeia
-> Escrita d'Água

sábado, 20 de outubro de 2007

Na Cadeira com Afecto[0.173/2007]
Na cadeira com afecto [ VIII ]
e com João Tunes

Entre Engenheiro João, entre e sente-se porque é um gosto tê-lo por aqui.
Não é todos os dias que temos o prazer de ter sentado nas nossas cadeiras um dos mais consistentes bloggers da nossa praça.

Pena não ter trazido a túnica com que nos habituámos a vê-lo quando andámos nas guerras turcas mas, sabendo-se que não é o hábito que faz monge e a opinião que Vossa Senhoria tem sobre os monges (com excepção para os da Birmânia), vou chamar a nossa colaboradora turca, a menina Nalgän, para lhe aparará os pelos das orelhas antes que algum dos seus ex-correligionários lhos queira arrancar.
O Senhor Eng. João, conhecedor, como é, dos assuntos soviéticos, não acha que Gorbachev tem sido muito maltratado pelo seu próprio povo?


JT: Sabe-se que um dos aspectos trágicos do Sr. Gorbatchov foi ter adquirido, internacionalmente, uma notoriedade prestigiante e uma força de carisma messiânico ao desmontar mecanismos de domínio no limite da irracionalidade e, assim, aliviar o mundo, enquanto, internamente, gozava de uma generalizada antipatia e descrédito pela incapacidade em regenerar um sistema irrecuperável e esgotado na capacidade de criar progresso e bem estar, sem outra saída que a implosão.

Mas a assim ser (com o prestígio mundial que detém), custa a perceber o que o terá levado a cair na nova Rússia e ainda hoje ser olhado com grande desconfiança pelos seus nacionais.

JT: Gorbatchov caiu porque, mesmo sendo admirado e estimado mundo fora, era detestado portas dentro. E, sem apoio dos patrícios, não há palmas estrangeiras que salvem um líder isolado e sujeito à confluência de alergias.

Essa conversa, caro Engenheiro, faz lembrar outras estórias que aqui na lusitânea se desenrolam.

JT: Desde há anos, Portugal parece ter-se transformado num viveiro de dirigentes políticos com o "sindroma Gorbatchov". Foram Guterres e Durão Barroso.

Comparar Barroso ou até mesmo o meu estimado Senhor Engenheiro Guterres a Gorbachev é uma bondade sua, mas percebo que às vezes seja preciso empolar para no exagero se entender a tese. Mas também acha que isso se poderá aplicar a Sua Excelência o nosso Senhor Primeiro?

JT: Agora temos Sócrates a mergulhar nesta doença com um prazer autista e extasiado e com a inconsciência própria dos narcisistas. Convém irmos reparando na testa de Sócrates. A "mancha do sindroma" não deve tardar a aparecer.

Realmente nota-se já na testa do nosso Primeiro uma qualquer alteração mas não tinha dado conta que fosse isso para que nos alerta. Vou estar mais atento, prometo.

Vejo que a menina Nalgän já acabou o seu trabalho e eu terminei o meu.
Quando precisar de aparar as patilhas sabe V. Exª onde nos procurar.

(diálogo ficcionado a partir de um texto de João Tunes)
LNT
Rastos:
Link - Água Lisa (6)
Link - Mikhail Sergeyevich Gorbachev

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Na Cadeira com Afecto[0.165/2007]
Na cadeira com afecto [ VII ]
e com Cristina Vieira

Uma Senhora no meu estabelecimento é uma honra, Dr.ª. Cristina.
Fartou-se certamente das Bimby’s e cansou-se das verduras, ainda para mais estando reciclada dos malditos cigarros que a todos apoquentam, não é assim?

Queira Vossa Senhoria, tomar o assento que de imediato a passarei a cuidar para que possa estar à altura de representar dignamente esta Nação de Soldados e Marinheiros nesse grande evento que é a cimeira entre as nações da abundância e as outras.

Como já disse ao Senhor António numa passagem por essa cadeira, o resmungo da hipocrisia e das tretas de Brown sobre os Direitos Humanos é mais uma das facetas da fleuma britânica para inglês ver. Os Ingleses têm sempre políticas estranhas quando se trata de Direitos Humanos, basta ver a sua história da colonização e as relações que mantém com grandes defensores "desses direitos" como é o caso das conferências nas tendas do Califa Kadafi ou o exílio do Senhor General Pinochet.


CV: Grande preocupação com a afirmação de Gordon Brown de que não vem a Lisboa participar na Cimeira entre a União Europeia/África se o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, estiver presente.
Grande drama! Há quem defenda até, que o governo deveria tomar uma atitude em defesa do "amigo" contra o assassino, louco, ditador, blablabla.

Mas terá de reconhecer a loucura do ditador, cara Doutora. A queima das fazendas dos ex-colonos, os assassinatos mesmo entre a sua gente.

CV: Ah bem, louco facínora não duvido que ele seja mas, será que o governo inglês está muito preocupado com os direitos humanos dos "zimbabueanos"?
Até porque, a presença do presidente angolano, ou da maioria dos dirigentes africanos que têm idênticas políticas, não o incomodam pois não? Então, conclui-se que o problema é de política doméstica... pois que a resolvam.
Quem vai estar presente não é "Mugabe" mas a OUA para quem o ditador é um como os demais que por lá pululam e que aqui virão. E se Gordon Brown e os seus ministros não se querem cruzar com Mugabe nas reuniões internacionais, que accionem os tribunais internacionais, à semelhança do que se fez com outros facínoras. Isso sim, seria defender efectivamente os direitos do povo do Zimbabwe e tornar consequente a defesa dos direitos humanos.

Quando refere facínoras não está certamente a referir-se a Khadaffi nem a Pinochet porque esses são gente de bem, segundo a diplomacia britânica.

CV: Para quê a atitude hipócrita de fingir que se defende o povo oprimido? Doeu na própria pele, foi o que foi e, já se sabe, a pele dos súbditos de sua majestade é mais sensível mas, não é por isso que se põe em causa uma cimeira que pode ajudar a resolver tantos outros problemas em África. A atitude de isolamento de um país, até agora, só tem mostrado resultados desastrosos: um país isolado é um país cada vez mais fora do controlo da comunidade internacional.
Posto isto, concordo com Sócrates: «Devemos fazer um esforço para separar aquilo que é a relação da União Europeia e o Zimbabwe, da relação entre a União Europeia e todo o continente africano.»
Acho que os europeus merecem isso, e os africanos também.

Uma grande verdade, cara Dótora. Tem dias em que o nosso Primeiro consegue dizer umas certas sem ter de usar a fórmula "mas também" e ainda bem.

Prontinho. A manicura, a esteticista e a massagista já acabaram o trabalho.
A madame está com um magnífico e câncio aspecto.
Volte sempre.

(diálogo ficcionado a partir de um texto de Cristina Vieira)
LNT
Rastos:
Link - Contra Capa
Link - Marquesa
Link - Contra Capa Fotoblog
Link - Contador de Viagens

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Cadeira com Afecto
[0.075/2007]
Na cadeira com afecto [ VI ]
e com António de Almeida

Bem-vindo, Sr. Almeida, bons olhos o vejam.
O seu gosto pelos Pink Floyd, Björk e Radiohead revela que vossa senhoria, ainda para mais sendo liberal, é adepto de penteados tipo lado escuro da Lua.

Talvez seja de humedecer um pouco o cabelo para que a lâmina não entre fundo e vamos ao que interessa, que hoje é dia de corte à francesa.

O resmungo da hipocrisia e das tretas de Brown sobre os Direitos Humanos é mais uma das facetas da fleuma britânica para inglês ver. Os Ingleses têm sempre políticas estranhas quando se trata de Direitos Humanos, basta ver a sua história da colonização e as relações que mantém com grandes defensores "desses direitos" como é o caso das conferências nas tendas do Califa Kadafi ou o exílio do Senhor General Pinochet.

Claro que quando se trata dos interesses dos súbditos de Sua Magestade gostam de se mostrar como o expoente máximo dos Direitos Humanos, o que é um seu direito e, inclusive, uma lição para aqueles que trocam os interesses dos seus governados por tuta-e-meia de conveniências, ou por um empregozito de relevo na cena mundial.

Mas adelante, Sr. António.
Diga-me lá o que acha desta salganhada que se prepara para Dezembro.


AA: Nem sequer temos moral para criticar os ingleses nesta matéria, deixemo-nos de hipocrisias e vamos por partes, Mugabe atentou contra a propriedade de cidadãos britânicos e não garantiu a sua segurança no conturbado processo da reforma agrária, o governo britânico isola Mugabe como pode, Portugal já fez o mesmo à Indonésia na questão de Timor-Leste, quando e bem a meu ver, recusávamos qualquer tratado internacional Europa/Ásia onde constasse assinatura Indonésia, mesmo que nada tivesse a ver com o caso.

Mas aqui estamos perante uma cimeira internacional europeia que vai muito para além dos interesses ingleses. Sabemos que os ingleses não se importam de manter a maior cordialidade com a China ou até com o Paquistão e no entanto os direitos desses povos estão longe de um patamar mínimo de decência. Não lhe parece que lhes bastava evocar os interesses dos seus súbditos e deixar de lado a máxima dos Direitos Humanos?

AA: Em questões de princípio não há cedências, os ataques de Mugabe aos cidadãos britânicos expropriando-os das suas terras, e não evitando que muitos deles fossem atacados por bandos foram uma clara violação dos direitos humanos, e uma humilhação a pessoas desnecessária.

Sobre essa questão estamos de acordo, meu caro. Os lideres ingleses devem defender os interesses dos seus cidadãos. Estranho seria que Brown tivesse posição diversa depois daquilo que Mugabe tem feito no Zimbabué contra ingleses e antigos colonos (alguns já com nacionalidade). Mas insisto que escusava a hipocrisia.
Deve ser nessa escola que se apanha o sentido para a frase do Sr. Ministro Amado quando fala de "razões óbvias".


AA: O governo português na expectativa de marcar esta presidência da U.E. colocou a fasquia demasiado alta, quis realizar esta cimeira a qualquer preço, esqueceu-se do problema Robert Mugabe, procurou um dia europeu contra a pena de morte, considerações à parte, esqueceu-se da Polónia, quer aprovar a toda a velocidade um tratado europeu, mas não será fácil, a arrogância dos nossos ministros que por cá querem, podem, e realmente mandam, tal o desnorte nas fileiras da oposição, na U.E. não pega, por razões óbvias como diria Luis Amado, seja lá o que quer dizer...

É uma questão de estilo, cliente amigo. Aquilo da Estratégia de Lisboa foi marca do meu estimado Engenheiro Guterres e o nosso actual Primeiro não é de ficar atrás de ninguém.
Gostaria de deixar para a História grandes feitos, pelas tais "razões óbvias", se bem me entende.


(diálogo ficcionado a partir de um comentário de António Almeida - Direito de Opinião)
LNT

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Na Cadeira com Afecto[0.060/2007]
Na cadeira com afecto [ V ]
e com o Francisco Almeida Leite (FAL)

É sempre um prazer vê-lo por aqui, Sr. Leite, nesta casa destinada ao corte.
Fatinhos de treino e corridinhas são coisa boa para quem gosta de suar.
Mas vamos lá ao nosso coiffeur, uma vez que foi para isso que aqui veio.
Hoje vai ser curto, máquina zero, se me parece.
Então o que acha das novas leis?


FAL: É curioso que seja o Presidente da República, e não o primeiro-ministro, a pôr água na fervura depois das críticas à entrada em vigor do novo Código de Processo Penal (CPP), que contém alterações ao instituto das prisões preventivas.
Enquanto Cavaco Silva fica a defender o que não é da sua pena, José Sócrates parte para Washington, onde pretende fazer algum jogging para manter a forma.

Parece-me estar a ser um pouco injusto com S. Ex.ª, o nosso Primeiro.
Já viu a projecção que o nosso magnífico e deslumbrante País terá quando os grandes jornais americanos derem à primeira página as fotografias do Senhor Engenheiro em cuecas a correr com o Barney ao lado? Tem de admitir que não existe outro PM no Mundo que o faça e que este fá-lo com muito saber.
Quanto ao Senhor Presidente cabe-lhe sempre puxar da pena, sua ou alheia, para mais agora que as aves andam constipadas.
Para além disso, o Senhor Engenheiro merece louvor por não ter descurado os seus deveres com a Nação. Mesmo agora que anda assoberbado com as tarefas europeias, nunca deixa de ter no porta-bagagens alguma tralha informática para distribuir por aí.
As pessoas são é do contra, Sr. Francisco. Quando o Senhor Valentim andou a oferecer outros electrodomésticos ninguém se queixou.


FAL: A estratégia do propagandista-mor é simples: anda pela Europa e pelo Mundo, aparece aos sábados no País profundo a oferecer computadores a preço de amigo e vai passando por entre os pingos da chuva. Quem se molha são os seus ministros. Jaime Silva e Rui Pereira em casos como o da herdade de Silves e os assaltos de Viana do Castelo, Alberto Costa no CPP e em vários outros. Quando todos eles falham e ninguém aparece a dizer "presente", Sócrates deixa que Cavaco Silva se auto-responsabilize por ter promulgado o diploma que naquele momento estiver a ser alvo de críticas. Governar assim é fácil.

São estratégias, meu caro. São estratégias.
O Senhor Professor quando era PM dizia que os Secretários-de-Estado eram meros adjuntos. O nosso Engenheiro é um pouco mais radical e estende a coisa a posto mais elevado. Mas não se preocupe, Senhor Francisco, que eles gostam tanto de ser Ministros que não se importam de fazer o frete.
Quem não estava para isso já saiu e olhe lá que até houve quem tivesse trocado a governança pela edilidade. Sempre eram fogos mais suaves, se bem me entende.


FAL: O problema é que a estratégia não dura para sempre e Cavaco só se compromete quando quer (mesmo neste caso, sublinhou que é preciso pôr o Parlamento vigiar a aplicação da lei). Sem um número dois, desde a saída de António Costa para a Câmara de Lisboa, Sócrates optou por não reforçar o Governo com pesos políticos. É ele e "os outros". Os "outros" servem para tudo. Apagam os fogos, ficam com a má imagem, mas como também não têm peso político próprio são dispensáveis quando se fizer a remodelação pré-eleitoral lá para 2008. Sócrates fica limpinho até lá.

Prontinho. Só uma escovadela para retirar os pelos do casaco e está pronto para ir à sua vida.
Dê cumprimentos ao Sr. Correia e se vir a estimável Miss das pérolas, mande-lhe cumprimentos respeitosos. (gosto tanto de a ouvir falar sobre a 7ª arte, que nem imagina!)


(diálogo ficcionado a partir de um texto de FAL - Corta-Fitas
LNT

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Botão Barbearia
Maiores 18 anos



[0.049/2007]
Na cadeira com afecto [ IV ]
e com o Besugo

Amigo Besugo, que prazer ver V.Exª por aqui!
Vai ser uma rapidinha, que V. Exª está sempre apressado para fazer seguir o tango.
Se bem me lembro é só aparar as patilhas a meia bochecha.

A Srª Dona Lolita ficou de boa saúde espera-se, malgrado as emoções que sofreu com a jogatana sérvia mais parecida a uma prova de decatlo onde nem sequer faltaram a marcha e o pugilismo.
Mas diga lá, que o seu dizer importa. Ali houve marosca do árbito, certo?


Besugo: O golo da Sérvia foi fora de jogo. Foi o dentista, outra vez, o ranhoso que não viu o óbvio. O Merck. É preciso dizer isto. É dentista, o Merck. Se fosse oftalmologista merecia lapidação e murros nos olhos. Assim, sendo um gajo dos dentes, nem por isso.

Bem, meu estimado amigo, mas a coisa compôs-se quando o treinador da nação não quis deixar a reparação das injustiças em mão alheia.

Besugo: Se eu fosse o Scolari tinha acertado na substituição do Deco. Mas também tinha acertado a sério no sérvio do Sevilha, tinha-lhe acertado mesmo a sério, um murro nas ventas, mesmo dois, e tinha-lhe fodido aquela mandíbula toda, estaria agora o sérvio sevilhano na Cirurgia Maxilo-Facial dum dos Civis de Lisboa, a abrir ficha. Castigo da UEFA? Que se foda a UEFA.

(parte do diálogo ficcionado a partir de um texto do Besugo que, por ser em português do norte, se aconselha a ler na íntegra no Blogame Mucho)
LNT

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Botão Barbearia
[0.031/2007]
Na cadeira com afecto [ III ]
e com Jerónimo de Sousa

Bons olhos o vejam, camarada Jerónimo.
Então o meu caro veio até aqui para fazer uma rastas para a Festa as quais a porão em conformidade com os pavilhões que vai ter na área internacional.
Aquilo que esses fascistas dos Blogs têm dito sobre a rapaziada das FARC é tudo uma maldade que começou com uma declaração do seu camarada Nobel com a qual o senhor certamente não concordará, não é assim?


JS: Não costumo comentar afirmações de camaradas meus. Para o bem e para o mal. Mas considero que é importante esclarecer que o PCP pauta as suas relações internacionais com uma grande solidariedade para com aqueles que lutam contra a tentativa de imposição do imperialismo e pela defesa de soberania de regimes fascistas e reaccionários. E quando convidamos o PC da Colômbia, que é um partido constitucional, com eleitos no Parlamento e no Senado, nós reconhecemos que esse partido, legítimo e legitimado pelo povo, está a travar uma luta tremenda.

Isso é um bom princípio, caro Secretário-Geral, até mesmo se aplicado em países onde camaradas do PC local são eleitos para os Parlamentos, como acabou de dizer. O que estranho é que em Cuba, por exemplo, não existam não-comunistas no seu Parlamento mas isso deve-se certamente ao facto de as forças reacionárias não quererem concorrer.
Adelante!
As FARC, que têm uma relação muito especial com o PC da Colômbia, têm morto e raptado inúmeros cidadãos que nada têm a ver com Uribe, incluindo Ingrid Betancourt que foi sua oponente em eleições presidenciais e que, segundo consta, até era apoiada por um partido irmão dos Verdes com que o PC português está coligado.


JS: Quanto às FARC, não me choca que as pessoas em relação aos reféns das FARC tenham uma posição solidária, o que é profundamente estranho é este silêncio de chumbo em relação a este dado objectivo:
90 por cento dos sindicalistas assassinados em todo o mundo são colombianos. Ainda quanto aos reféns, nós fazemos uma proposta: que haja uma solução política, que se libertem todos. Agora, não se veja as coisas só com um olho.

Tem razão camarada. Há alguns que vêm só com um olho. Esses vesgos, queira desculpar a linguagem, que nunca falam dos sindicalistas colombianos quando falam das FARC, se calhar não o fazem porque não é esse o assunto que está em questão quando abordam a presença de um grupo terrorista em território nacional. Mas será que o PCP entende que há terroristas bons e terroristas maus?

JS: Independentemente do questionamento e da não subscrição deste ou daquele método, o PCP considera que o povo colombiano, na sua expressão das FARC, com essa separação em relação a métodos, tem todo o direito a responder a uma violência fascista, terrorista, que não limpa a imagem do Governo Uribe. Há um processo de intenção de classificar de terrorismo uma parte que luta pela defesa da soberania e de procura da melhoria das condições do seu povo. Para não ser deturpado nas palavras, o PCP tem como princípio geral a solidariedade para com todos os povos, movimentos e organizações que lutam pela sua independência, por uma vida melhor para os seus povos, incluindo a luta armada.

Deus (ou o Diabo) queira que o Camarada nunca entenda que este estabelecimento é fascista senão lá vem cocktail molotov pela montra. O tráfico de droga que está associado a esta associação/organização com quem o PCP é solidário também está incluído nos meios de luta?

JS: O PCP é contra qualquer acto terrorista que ignore essa luta de resistência e essa luta de emancipação.

Muito bem, muito bem. E que bem lhe fica essa rasta, caro camarada.
Volte sempre e, se poder, não nos recomende aos seus amigos, que isto aqui é loja democrática e pacífica.


(diálogo ficcionado a partir de uma entrevista de São José Almeida e Leonete Botelho publicada no o Público – 7 de Setembro de 2007 – pág. 6))
LNT

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Botão Barbearia
[0.027/2007]
Na cadeira com afecto [ II ]
e com Paulo Gorjão

Ainda bem que o tenho por aqui, Dr. Gorjão. O senhor estava mesmo a precisar de aparar as patilhas agora que fala na rádio e tem de manter o aspecto em dia.
Então o que acha que vai acontecer com as investigações ao caso Somague?

PG: O Ministério Público decidiu não avançar para a investigação do financiamento ilícito do PSD.

É como diz o homem da rua. Se fosse um tipo qualquer a sacar umas laranjas ao merceeiro para dar de comer aos filhos já o Ministério Público agia, mas com os tubarões...
PG: Nada a acrescentar, Sr Luís. Tudo o que tinha a dizer já o disse anteriormente quando falei da The tail that wags the dog.

Lá vem V.Exª. com essas coisas gringas sabendo que não pesco nada de estrangeiro. Explique-se lá, por favor!
PG: Há uma observação a fazer: ao contrário do que afirma José Luís Arnaut, secretário-geral do PSD na altura, a não abertura de um inquérito criminal não «confirma a correcção de comportamentos e atitudes do então secretário-geral adjunto, Vieira de Castro». O que Arnaut poderia ter dito é que se «confirma a correcção de comportamentos e atitudes do secretário de Estado das Obras Públicas, Vieira de Castro».

Agora sim. Estou muito mais esclarecido. O tal de Castro SG-Adjunto é irmão gémeo do outro que era Secretário de Estado (risos da Laika e da Kaline). Então aquilo do TC foi só fogo de vista?
PG: O financiamento da Somague ao PSD não deixou de ser ilícito apenas porque não há inquérito criminal. Evidentemente, houve comportamentos incorrectos, ainda que não sejam alvo de sanção criminal.

Assim parece Doutor. Pelo que se vai sabendo o TC ainda tem coimas por aplicar o que irá corrigir a incorrecção que o Dr. Arnault afirma ser correcta.

Prontinho, está com óptimo new look para aparecer aos seus ouvintes.
Se o Dr. falasse em francês, em vez de inglês, ainda arranjava um bom emprego nas Europas, acredite.

(diálogo ficcionado a partir de um texto do Bloguítica)
LNT

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Botão Barbearia
[0.025/2007]
Na cadeira com afecto [ I ]
e com António Almeida

Diga lá, Senhor Almeida, quem lhe parece que irá ser o próximo chefe laranja?
AA: O grande vencedor das eleições directas no PSD será José Sócrates.

Mas esse não está a concurso, pelo menos até que Cavaco decida.
AA: A. Cavaco Silva não fará cair o governo, pelo menos no primeiro mandato, após as legislativas Marques Mendes que agora deverá segurar a liderança, pois conta com o apoio das elites interessadas em assegurar o seu lugarzinho de candidatos a deputado, vereador or whatever, pois existe muito emprego para distribuir em 2009, com PS e PSD a ficarem com a maior fatia.

Oh meu caro, essa das elites mata-me.
Tive um Grand Danois que se chamava Elite. Baptizámo-lo assim porque o animal dava nas vistas por ser grande e burro. De resto, e com a sua licença, também não estou em total acordo. Tenho do Sr. Presidente a ideia que usará todos os meios para atingir o segundo mandato e nada me diz que para o conseguir tenha de obter o apoio de S.Exª o Sr. Primeiro-Ministro. Falta o tempo que falta e a decisão será no próprio tempo. No entanto a ser como o Sr. Almeida diz, quando acha que o PSD corre com o Dr. Mendes?

AA: Depois. Só depois, Marques Mendes ouvirá o afiar das lâminas, não as utilizadas aqui na barbearia, mas as das facas longas...

Veremos meu caro. A ver vamos.
(diálogo ficcionado a partir de um comentário)
LNT