segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Cadeira com Afecto
[0.075/2007]
Na cadeira com afecto [ VI ]
e com António de Almeida

Bem-vindo, Sr. Almeida, bons olhos o vejam.
O seu gosto pelos Pink Floyd, Björk e Radiohead revela que vossa senhoria, ainda para mais sendo liberal, é adepto de penteados tipo lado escuro da Lua.

Talvez seja de humedecer um pouco o cabelo para que a lâmina não entre fundo e vamos ao que interessa, que hoje é dia de corte à francesa.

O resmungo da hipocrisia e das tretas de Brown sobre os Direitos Humanos é mais uma das facetas da fleuma britânica para inglês ver. Os Ingleses têm sempre políticas estranhas quando se trata de Direitos Humanos, basta ver a sua história da colonização e as relações que mantém com grandes defensores "desses direitos" como é o caso das conferências nas tendas do Califa Kadafi ou o exílio do Senhor General Pinochet.

Claro que quando se trata dos interesses dos súbditos de Sua Magestade gostam de se mostrar como o expoente máximo dos Direitos Humanos, o que é um seu direito e, inclusive, uma lição para aqueles que trocam os interesses dos seus governados por tuta-e-meia de conveniências, ou por um empregozito de relevo na cena mundial.

Mas adelante, Sr. António.
Diga-me lá o que acha desta salganhada que se prepara para Dezembro.


AA: Nem sequer temos moral para criticar os ingleses nesta matéria, deixemo-nos de hipocrisias e vamos por partes, Mugabe atentou contra a propriedade de cidadãos britânicos e não garantiu a sua segurança no conturbado processo da reforma agrária, o governo britânico isola Mugabe como pode, Portugal já fez o mesmo à Indonésia na questão de Timor-Leste, quando e bem a meu ver, recusávamos qualquer tratado internacional Europa/Ásia onde constasse assinatura Indonésia, mesmo que nada tivesse a ver com o caso.

Mas aqui estamos perante uma cimeira internacional europeia que vai muito para além dos interesses ingleses. Sabemos que os ingleses não se importam de manter a maior cordialidade com a China ou até com o Paquistão e no entanto os direitos desses povos estão longe de um patamar mínimo de decência. Não lhe parece que lhes bastava evocar os interesses dos seus súbditos e deixar de lado a máxima dos Direitos Humanos?

AA: Em questões de princípio não há cedências, os ataques de Mugabe aos cidadãos britânicos expropriando-os das suas terras, e não evitando que muitos deles fossem atacados por bandos foram uma clara violação dos direitos humanos, e uma humilhação a pessoas desnecessária.

Sobre essa questão estamos de acordo, meu caro. Os lideres ingleses devem defender os interesses dos seus cidadãos. Estranho seria que Brown tivesse posição diversa depois daquilo que Mugabe tem feito no Zimbabué contra ingleses e antigos colonos (alguns já com nacionalidade). Mas insisto que escusava a hipocrisia.
Deve ser nessa escola que se apanha o sentido para a frase do Sr. Ministro Amado quando fala de "razões óbvias".


AA: O governo português na expectativa de marcar esta presidência da U.E. colocou a fasquia demasiado alta, quis realizar esta cimeira a qualquer preço, esqueceu-se do problema Robert Mugabe, procurou um dia europeu contra a pena de morte, considerações à parte, esqueceu-se da Polónia, quer aprovar a toda a velocidade um tratado europeu, mas não será fácil, a arrogância dos nossos ministros que por cá querem, podem, e realmente mandam, tal o desnorte nas fileiras da oposição, na U.E. não pega, por razões óbvias como diria Luis Amado, seja lá o que quer dizer...

É uma questão de estilo, cliente amigo. Aquilo da Estratégia de Lisboa foi marca do meu estimado Engenheiro Guterres e o nosso actual Primeiro não é de ficar atrás de ninguém.
Gostaria de deixar para a História grandes feitos, pelas tais "razões óbvias", se bem me entende.


(diálogo ficcionado a partir de um comentário de António Almeida - Direito de Opinião)
LNT

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