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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Hoje em Lisboa

Infinito MajestosoComo foi para dar boas notícias lá apareceu o Vice-Primeiro nas pantalhas com a sua irrevogável amiga. A maçaroca já cá canta. Venha o cheque, esqueçam o segundo resgate porque o tempo da chantagem pré-eleitoral já lá vai e tratem de amochar mais um ano porque isto é a vida real e reformar o Estado dá um trabalhão quando se quer ir além da troika e aquém de tudo o que é decente.

A coisa não merece mais referência. Paleio até que o OE entre na Assembleia da República e se entenda, de vez, que o caminho do empobrecimento é um trilho estreito à beira do precipício que terá de ser palmilhado até ao fim, quando se confirmar que o trilho foi um beco sem saída.

Passemos então ao que interessa e o que hoje interessa é a apresentação da narrativa ficcional que está contida pela capa do novo livro de José António Barreiros. Infinito Majestoso será hoje presente em Lisboa, Telheiras, na Biblioteca Orlando Ribeiro e a Labirinto de Letras convida de porta aberta.

Tenho por Barreiros uma simpatia especial que vem desde o tempo do VI Governo Provisório e do I Constitucional onde partilhámos tarefas no gabinete de Manuel Tito de Morais.

Desconheço o que está escrito nesta obra mas posso adivinhar a forma porque lhe conheço o estilo, a clareza de raciocínio e o rigor das palavras.
Até logo.
LNT
[0.349/2013]

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Contorcionismos

ContorcionismosMesmo correndo o risco de me repetir (já o escrevi de inúmeras formas) e mesmo correndo o risco de vir alguém de dedo em riste para acusar estarmos perante mais uma teoria da conspiração (fórmula mágica para silenciar os incómodos) retomo a tese de que este governo personifica a cobardia e a falsidade política.

É verdade que aqui e ali deixa escapar, sorrateiramente, querer ir mais além do triunvirato mas nunca explica que é nesse “mais além” que reside aquilo que sempre teve intenção de fazer. É verdade que deixa passar, como ontem fez no cursinho da sua juventude, que a troika e o “mais além” são a oportunidade para implementação das suas orientações neo-liberais.

Escudam-se com a imposição estrangeira, com a qual estão de acordo e com a qual acertam o que pretendem fazer, para fundamentar como obrigatoriedade o sacrifício e o empobrecimento, base doutrinal da cartilha por onde se guiam.

Sempre que os PSD/PP se referem à troika remetem as suas medidas para uma decisão do anterior governo fazendo crer que foi por iniciativa de Sócrates que os senhores do Mundo foram chamados para nos ditarem as suas leis, o que não é verdade.

A solução para a crise apresentada pelo anterior Governo nunca passou pelo pedido de apoio internacional nos termos que aí estão e só foi necessário recorrer a ela, já com o governo demissionário, porque a coligação de direita que se apoiava no Presidente da República e na esquerda radical, não permitiram outra solução. O PSD foi peça chave nessa negociação e muitas das condições do acordo foram impostas por si (mesmo com memória curta há que relembrar o papel e as fitas que Catroga fez na altura).

A tropa de choque está aí de novo e, ao contrário do que se faz crer, não vem para auditar.

Chega para validar as orientações do governo e para dar cobertura às medidas que Gaspar e o resto da pandilha já decidiram aplicar com o intuito de destruírem o que resta do estado social a que os portugueses chamavam progresso e civilização e a que Passos Coelho chama “viver acima das possibilidades”.

Estão-se lixando para a classe média excluindo desse “lixando” a parte que constitui a sua clientela.
LNT
[0.393/2012]

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PEC n

Luta de lamaNo início deste ano da graça de 2011 Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Aníbal Cavaco Silva fizeram saber que apoiavam os portugueses que estavam atafulhados de impostos e que, uns agindo directamente e outro por portas-travesssas, não iriam aceitar que fossem exigidos mais sacrifícios.
Jerónimo e Francisco também concordaram.

Quando Sócrates e o seu Governo anunciaram que teriam de deitar mão a um PEC IV, pacote que lhes bastaria para endireitar a nossa flácida economia, o trio (+ os outros dois) descabelou-se, bateu com o pé no chão, comunicou que as medidas estavam para lá do máximo razoável e criaram todas as condições para que a crise política obrigasse a recorrer ao peditório internacional.

As medidas que nos foram impostas passaram a ser muito mais gravosas do que as que se pretendiam com o PEC IV mas passou a haver dinheiro em barda para se desfazerem dos engulhos dos BPN’s, submarinos, Madeiras e Comp.ª e criar condições óptimas para que as políticas de direita pudessem ser implementadas à sombra dos compromissos assumidos com o credor externo.

Os troikos impuseram um PEC mais gravoso do que o de Sócrates, porque nele estava contido mais mel exigido pela clientela sedenta de chegar ao pote. Já no decurso da campanha, apercebendo-se de que o pote estava à mão de semear, os ansiosos por lhe deitarem a mão faziam saber que queriam mais, mais além da troika, e os eleitores satisfizeram-lhes a vontade.

Mas eles são insaciáveis. Aquilo que para uns era um pote meio-cheio, para os outros passou a ser um pote meio-vazio e, assim que estes últimos mergulharam no mel, trataram de fazer com que ele transbordasse.

Agora vale um novo PEC. O IV, V, VI, sei lá, já se perdeu a conta, e para 2012 prevê-se que a fúria do arrebanho leve à exaustão dos fornecedores do mel.
Oxalá o pote não lhes rebente nas mãos.
LNT
[0.376/2011]

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Voltámos ao mercado

Homem de coco com peixesLá fomos de novo às compras.
Desta vez limitámo-nos a comprar o que precisávamos, o que representa uma melhoria depois de termos aprendido que os sofás que se compram com o acréscimo pedido no empréstimo para aquisição da casa ficam pelo preço da morte.

Ainda assim e para confusão dos portugueses que continuam convencidos de que o empréstimo da Troika se destinava a não ter de fazer outros, nestes próximos tempos, ao preço de usura que “os mercados” impõem, mantém-se a perplexidade e a incompreensão para o facto de, havendo tantos cientistas da ciência económica a debitar palpites na praça pública, ainda nenhum deles ter explicado, preto no branco, a que é que se destinou o endividamento contraído junto da Éfe É É Éfe (usando a lição de dicção dada pelo Professor Cavaco à comunicação social).
LNT
[0.291/2011]

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quero o meu naco do empréstimo

Rolo de dinheiroSerá verdade que o dinheiro que pedimos emprestado ao exterior, antes de Cavaco ter dissolvido a Assembleia da República e ter comprado a passagem de Sócrates para a Sorbonne, foi só para garantir que podíamos pedir mais dinheiro emprestado aos "mercados" ao preço que eles entendessem?

Será verdade que ainda não parámos de ir aos "mercados" às compras de dinheiro e que eles, sabendo que ainda temos o dinheiro troiko para lhes pagar, não deixam de nos vender o dinheiro cada vez mais caro?

Será verdade que o dinheiro troiko que pedimos se destinava a por as contas em ordem e a pôr-nos a salvo da especulação dos "mercados" uma vez que nos fazia ficar fora desses "mercados" durante uns anos?

Se sim, então porque é que estão constantemente a dizer que continuamos a ir aos "mercados", que em princípio nos estão vedados, para comprar dinheiro mais caro em vez de usarmos o dinheiro barato que os nossos amigos troikos cá deixaram ficar?

Por mim, vou reclamar o meu naco do empréstimo. Se o pedi emprestado era porque o queria usar e se me dizem que tenho de o pagar com o meu subsídio de Natal e com as outras alarvices que estão na forja, quero gastá-lo como muito bem me apetecer.

Irrita-me que andem a fazer empréstimos em meu nome e que eu tenha de os pagar sem que nunca me sejam creditados. Ainda por cima em negócios que vejo à partida serem ruinosos e que se resumem a pedir dinheiro emprestado a 5% para garantir que me emprestem dinheiro a 16%.

Dêem-me já o dinheiro que me compete e cá me hei-de governar com ele.
Se não poder comer bifes de boy, fico-me pelo ensopado de coelho.
LNT
[0.263/2011]

terça-feira, 31 de maio de 2011

Um absurdo chamado Alto-Comissário

BombeiraSempre que oiço falar de um Alto-Comissário lembro o António Vitorino, aqui há uns anos numa conferência internacional sobre migrações na Torre do Tombo, ao lado do José Leitão, a dizer à assistência que embora o José Leitão não fosse muito maior do que ele se distinguia por ser Alto-Comissário (para a Imigração e Minorias Étnicas) e ele só ser Comissário (Europeu).

Uma chalaça para fazer descontrair uma plateia recheada que me deixou memória sobre a pompa e circunstância que gostamos de cultivar.

Fala-se agora de um alto-comissário que garanta a preparação das emergências da Trindade (se o outro lhe chama triunvirato, eu prefiro chamar-lhe assim até porque sendo eles resgatadores, contém algo de espiritual) nos entretantos do poder que ainda estão vinculados à Constituição da República Portuguesa.

Precisamos de pompa e circunstância, hierarquia e autoridade, na aflição dos resgatadores, como se os Partidos que assinaram a Carta de Penhora não estivessem calhados para cumprir os seus pressupostos e não tivessem obrigação de fazer cumprir aquilo a que se comprometeram no dia seguinte ao da tomada de posse do novo Governo. Para o fazerem não precisam de aprovação do seu programa na Assembleia da República assim como não precisaram dela para dar o seu acordo nas negociações e, sendo Partidos responsáveis que ambicionam o poder, têm obrigação de estar preparados para o exercer de imediato.

A criação desta figura de Alto-Comissário é uma aberração. Cavaco não quis dar posse a um Governo transitório da sua confiança quando convocou eleições o que fez este Executivo manter-se em funções até às eleições. Compete-lhe (ao Governo) fazer a gestão, logo, preparar os dossiers para que se cumpra o acordado.

Se ganhar as próximas eleições executará o que preparou, senão terão de ser os outros a fazê-lo introduzindo-lhes as alterações que nesta altura já terão estudadas.

Sabemos que o que muito os move é o conteúdo do pote, já o afirmaram, ou o degredo de Sócrates, também já o disseram, mas nós, que vamos escolher e os que assinam o cheque, exigimos-lhes mais do que isso.

Nota: Se o Bloco ou o PCP ganharem as eleições (agora há quem defenda esses votos como úteis) deverão no mesmo prazo fazer a denúncia do acordo, a devolução dos dinheiros que já nos foram entregues e implementar os seus planos para a renegociação da dívida existente. Rapidinho, não se esqueçam que os salários da Administração, as Pensões, os Subsídios de Desemprego e todas as dívidas do Estado, nacionais e internacionais, não podem esperar.
LNT
[0.196/2011]