sexta-feira, 16 de julho de 2010

A vida inteira

Torquato da Luz - Espelho Íntimo
Quando a manhã chegar e tu voltares
com o intenso cheiro a maresia
que usas deixar em todos os lugares
por onde passas, pura poesia
ou perdida lembrança dos olhares
que surpresos trocámos algum dia,
vou apertar-te ao peito de maneira
que fiques a meu lado a vida inteira.

Torquato da Luz
Espelho Íntimo
Torquato da Luz lançou o seu último livro de poesia – Espelho Íntimo – no passado dia 26 de Maio, na Barata, em Lisboa. Foi-me impossível estar presente e agora que me preparava para o ir buscar para juntar aos outros livros que estão dentro do saco das férias, o estimado autor fê-lo chegar pelo correio com a assinatura da sua simpatia.

Torquato da Luz é lido no Ofício Diário, onde divide connosco a poesia que lhe escorre da caneta. Tem vasta obra publicada e um currículo invejável na comunicação social e na academia.

Mais uma honraria de um cliente ilustre a inscrever, com gratidão, nas paredes desta barbearia.
LNT
[0.258/2010]

Door's dream

Portas RumsfeldQuando Paulo Portas implora que lhe dêem um novo Ministério, seja do Mar ou das Barragens Agrícolas e da Lavoura desde que lá possam emergir os submergíveis que comprou, nota-se aquele ar preocupado que ele gosta de pôr quando se aproxima das barracas de K7 pirata para beijocar o agente da economia paralela que as comercializa.

Ele já não aguenta aparecer sempre com o mesmo cenário que lhe arranjaram na Assembleia da República. Tem saudades das varandas do Forte de São Julião, da piscina, da guarda de honra e dos salpicos da maresia em dias de borrasca.

O Paulinho sonha alto o sonho que tem tido em surdina: "Sócrates, vai-te embora! Nomeia um substituto e faz-me vice de um Governo que tenha por versa, Passos Coelho. Fá-lo em nome dos altos serviços que prestei aos States e que foram devidamente recompensados com a condecoração de Rumsfeld"
LNT
[0.257/2010]

terça-feira, 13 de julho de 2010

Trinta e quantos?

Caranguejo

Quando ela se preparava para sair à caça de um qualquer estupor entrou-lhe pela vida uma garrafa de gin com um caranguejo lá dentro. O crustáceo seguro da sua concha mexia-se pouco, divertido com as bolhinhas explosivas do quinino e do ácido da citrinagem que o envolvia.

Fazia curto tempo que perdera a ponta das asas e apercebia-se que já estava na calha para que lhas cortassem ainda mais rentes. Pensava ser da natureza dos caranguejos não voar, sabia ser seu costume andar de esguelha e que para o fazer havia sido dotado com visão periférica de larga abrangência.

Sabia que aquela maresia o ia quilhar. Mas não sabia, não podia na altura saber, que não são as asas que fazem os caranguejos voar e que mesmo baixinho, quase a rapar, ninguém glissa (*) tão bem como eles quando preferem um aquário ao mar.
LNT

(*) A glissagem deve ser iniciada e terminada com comandos suaves e simultâneos do mancho e de pedal. O que causa o aumento da razão de descida é a inclinação da asa que provoca uma perda de sustentação da aeronave. A função do pedal contrário é nada mais do que manter a recta, uma vez que a aeronave tenderia a voltar para o lado da inclinação da asa.
[0.255/2010]

Um post à RCP

LNT
[0.254/2010]

segunda-feira, 12 de julho de 2010

domingo, 11 de julho de 2010

Baliza

Sara CarboneroPolvos, periquitos, crocodilos, tudo serve para se conseguir adivinhar o resultado que esta tarde vai dar o título de campeão do mundo à Espanha, ou à Holanda.

Mas a coisa podia ser já mais clara se perguntassem à Señorita Sara Carbonero se o namorado iria defender a honra da baliza espanhola fazendo com que lá nada entrasse a não ser o prémio que ela lhe dará no regresso a casa com o caneco no bolso.

O periquito vira cartas, o polvo escolhe bandeiras, o jacaré morde a carne e a Señorita Sara Carbonero suga o esparguete que na ponta tem assegurada a vitória.

Com uma guarda-redes destas não há dique que resista.
LNT
[0.252/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCLIX ]

Margarida e Sara














Margarida e Sara - Sevilhanas - Teatro Armando Cortês - Lisboa - Portugal
LNT
[0.251/2010]

sábado, 10 de julho de 2010

No fio da navalha

Orelha PiercingTerminadas as Comemorações do Centenário de Tito de Morais esta barbearia regressa à sua habitual função.

Deixa de lado os muitos clientes ilustres que por aqui andaram e volta a preocupar-se com coisas comezinhas, como o bem-estar das nossas colaboradoras mais rechonchudas e com a satisfação da estimada clientela fiel, mesmo aquela mais orelhuda que de vez em quando sente o fio da navalha a afagar-lhe os lóbulos.

O calor convida a pôr os pezinhos na água mas o final do primeiro semestre que antecede o ripanço à sombra do toldo, obriga ao cumprimento dos objectivos ainda não atingidos. Por isso, a assiduidade da escrita continua condicionada e durante os mergulhos ficará suspensa porque, como sempre, as férias incluem a abstinência de bits.

De tesoura em punho, gravata no cabide e mangas arregaçadas, escancaram-se as portas.

Haja engenho e arte e que a clientela não falte.
LNT
[0.250/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCLVIII ]

Hermitage
Hermitage - Palácio Ajuda - Lisboa - Portugal
LNT
[0.249/2010]

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho

Portugal Socialista Poder imaginar Tito de Morais com cem anos a partir da memória de há trinta e seis é um exercício difícil para quem com ele partilhou a energia verde do olhar e vermelha dos cravos, da solidariedade e da fraternidade que sempre distribuiu a quem com ele se cruzou.

Imaginar o País que ele queria e por quem nunca vacilou no seu querer, é colocarmo-nos num patamar de progresso social e económico ao nível das democracias sociais da Europa do norte, modelo de desenvolvimento que o Tito ambicionava para o Portugal moderno, afastado da miséria e da desigualdade contra a qual lutou e que lhe custou a diáspora, o exílio, a prisão, a tortura e o afastamento dos seus.

Imaginar a civilização e a cidadania que Manuel Tito queria, quando se bateu no Governo pelos direitos dos trabalhadores e na Assembleia da República pela dignificação pela ética, pelo trabalho, pelo esforço e pela humildade dos representantes do povo, é entender a lógica e a determinação, que alguns apelidavam de teimosia, de um pensamento claro e dirigido ao serviço público, à abnegação, à valorização da coisa política e do bem comum.

Esta Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais teve por objectivo promover um conjunto de acções que convocassem a memória para os princípios de um dos homens que, no Século XX, foi dos maiores impulsionadores do regresso de Portugal à democracia europeia e um dos lutadores para que todos os cidadãos tivessem as mesmas oportunidades e se pudessem expressar e agir em liberdade.

Para desenvolver o meu trabalho na Comissão Executiva tive de manipular documentos que não via há anos, imagens que me recolocaram no século passado, informações que já são história e a partir daí projectar, como o Tito fazia, um futuro que sendo presente fica muito aquém do futuro que ele projectava numa visão correcta do conceito de liberdade.

Tito sabia que liberdade não era uma abstracção nem um valor teórico e de retórica. Tito defendia que a Liberdade tinha de ser “para fazer” e que só há liberdade para fazer quando o saber não é ignorância, quando a cultura não é desconhecimento e quando os movimentos, a imaginação e a criatividade não estão restringidos pela miséria, pelo desemprego e pela desigualdade de oportunidades.

Recordar Tito de Morais não é um retorno ao passado mas uma projecção na sociedade que ele defendeu toda a vida com determinação frontal e é acompanhar a visão de progresso social e económico baseada nos seus conceitos de integridade intocável, por impoluta, e na honestidade do pensamento e da acção.

Foi uma honra ajudar a não deixar que o seu exemplo se perca na voraz superficialidade dos dias que correm. É um orgulho ter sido seu colaborador nos momentos de poder que a liberdade permitiu ao povo atribuir-lhe por voto secreto e universal. Poder que, sou testemunha, sempre usou em prol do bem comum e com a ambição de proporcionar a quem o investiu, retorno de justiça e de bem viver.

Esta viagem a Tito de Morais é uma passagem geracional de testemunho. É um apelo aos jovens para que compreendam que sem os valores universais dos direitos da humanidade que guiaram a sua vida, o futuro não tem sentido.

Como ele sempre fez e assinou, deixo-lhe este testemunho solidário e fraterno com um apertado e afectuoso abraço do camarada e amigo.
LNT
[0.248/2010]

Notícias CCTM

Blog da Comissão Executiva das CCTMTêm estado a ser publicados no Blog da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Tito de Morais todos os textos que compõem o número especial comemorativo do Portugal Socialista, órgão central do PS, fundado por Tito de Morais ainda na clandestinidade.

Hoje estão em publicação os textos de Manuel Alegre, o meu (que será publicado em simultâneo neste Blog) e o do José Neves.

No final ficará disponível, também para quem não recebe a revista, o conteúdo integral desta publicação dirigida por José Augusto Carvalho, que constituiu uma das importantes acções das Comemorações da semana passada.

Fica o link para a área do Blog das CCTM que agrega essa informação.
LNT
[0.247/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCLVII ]

Manuel Tito de Morais e LNT
Veleiro Dar Mlodziez (1983) - Navio Escola Polaco - Portugal
LNT
[0.246/2010]

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Parem de puxar a língua ao cão!

Diálogos norte-sul

Bola do Campeonato do Mundo de 1930Não deixa de ser interessante que a final do campeonato mundial de futebol se realize no cu do continente africano entre as equipas que na Europa representam o norte rico e o sul da penúria.

Não deixa igualmente de ser interessante verificar que essa final será uma disputa monárquica entre a Europa da democracia social envolta em fumos diversos e em maus-costumes sexuais e a outra dos bons-costumes e da moral-cristã degradados pela libertinagem que os nórdicos loiros lhe impõem quando, no estio, invadem as areias mediterrânicas em busca de mestiçagem.

O combate hormonal a realizar no dia do descanso-santo na terra que fez do apartheid a sua marca do último século, anuncia ao mundo que um solo salgado conquistado ao mar pelo engenho e pela persistência é capaz de ser uma nação próspera. Resta saber se o estoque final está destinado aos acérrimos protectores dos animais ou aos defensores do sangue e da morte no redondel.

Quer-me parecer que a Grande y Felicíssima Armada vai ser, de novo, só fanfarronice.

De qualquer forma torcerei pelos touros.
LNT
[0.244/2010]