terça-feira, 13 de julho de 2010

Trinta e quantos?

Caranguejo

Quando ela se preparava para sair à caça de um qualquer estupor entrou-lhe pela vida uma garrafa de gin com um caranguejo lá dentro. O crustáceo seguro da sua concha mexia-se pouco, divertido com as bolhinhas explosivas do quinino e do ácido da citrinagem que o envolvia.

Fazia curto tempo que perdera a ponta das asas e apercebia-se que já estava na calha para que lhas cortassem ainda mais rentes. Pensava ser da natureza dos caranguejos não voar, sabia ser seu costume andar de esguelha e que para o fazer havia sido dotado com visão periférica de larga abrangência.

Sabia que aquela maresia o ia quilhar. Mas não sabia, não podia na altura saber, que não são as asas que fazem os caranguejos voar e que mesmo baixinho, quase a rapar, ninguém glissa (*) tão bem como eles quando preferem um aquário ao mar.
LNT

(*) A glissagem deve ser iniciada e terminada com comandos suaves e simultâneos do mancho e de pedal. O que causa o aumento da razão de descida é a inclinação da asa que provoca uma perda de sustentação da aeronave. A função do pedal contrário é nada mais do que manter a recta, uma vez que a aeronave tenderia a voltar para o lado da inclinação da asa.
[0.255/2010]

3 comentários:

fatbot disse...

Um puro " devaneio " escrito em pura escrita " alternativa " ... mas aprende-se sempre quando se lê um post do Senhor Barbeiro! Obrigada e até sempre

Anónimo disse...

Venho aqui quase todos os dias mas, não sou de fazer comentários.
Desta não resisto. Porque vos conheço há trinta e quantos? Sei bem do que falas e diverti-me imenso com a leitura. Beijo grande e que venhas pelo menos cinquenta e quantos?

Liliana

Anónimo disse...

correcção: não é venhas é venham
bjs
Liliana