quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ainda a estória do coelho e do consultor

CoelhoSe bem li, a coisa mais interessante no Plano B para o OE apresentado por Passos Coelho, é a compensação da redução dos benefícios fiscais em sede de IRS – vulgo "deduções" –, através da atribuição de Títulos de Dívida Pública ou Certificados de Aforro.

A coisa é interessante, repito, e é um achado. Melhor, nenhum outro consultor seria capaz de inventar com tanta imaginação. Uma verdadeira janela de oportunidade, um mundo novo sem complexidade de onde olhando transversalmente se conclui que a operacionalização da tal medida ficaria mais cara do que a poupança arrecadada.

Será que esta gente alguma vez pára para pensar?

A coisa menos interessante é verificar que alguém faz uma proposta para, em troca, se abster na votação daquilo que propõe.
LNT
[0.367/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCV ]








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LNT
[0.366/2010]

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Aos peixes

AspirinaO Val, base activa do Aspirina, tem em comum com este vosso barbeiro os ensinamentos da escola jesuíta.

Tal como nos idos em que os Távoras quase desapareceram no churrasco e em que a Companhia de Jesus foi persona non grata aos olhos de Carvalho e Melo, personagem que mais tarde veio a merecer o castigo de ficar perpetuamente associada a um leão no mamarracho que lhe erigiram entre o falo do vinte e cinco do quatro e o espaço das "barracas dos tirinhos", que o menino guerreiro e o eng.º que o intercalou meterem em bolandas e negociatas, a escola de João de Brito continua a ser alvo de ódios dos dominicanos e dos burgueses dominantes que nunca conseguiram entender a diferença entre nobreza e fidalguia.

O Valupi é muito mais elaborado que este vosso esteticista. É, digamos, mais culto, uma vez que fala de livros e faz transcrições e é, digamos também, mais hábil, porque faz de conta que mal por mal, antes assim do que assado. Deve ser mais recente nos ensinamentos de Inácio de Loyola.

Talvez por isso o Val escreva que: "Chavéz vem aí e eis o que pode acontecer: compra-nos o segundo submarino e paga-o com petróleo". Com isto segue o ensinamento da Companhia: "A humildade não tem mérito quando é contrária à obediência".

Se fosse um rebelde da contra-reforma, como pretende ser este que aqui escreve, acrescentaria à oração sobre Chavéz, a seguir a "o segundo submarino", – "...capitaneado pela muita tralha que anda por aí e equipado com tecnologia magalhãenica".

Ao não o fazer ficamos como no quartel de Abrantes - tudo como dantes.
LNT
[0.365/2010]

Quatro, três, três

CenouraA equipa do ainda maior Partido da oposição, desde que contratou o júnior massamamense como mister, tornou-se tão previsível nas fintas que os defesas abrantinos já lhe preparam o terreno de forma a que os avançados passem o meio campo, aparentemente à-vontade, para de seguida lhes tirar o esférico e, mesmo dali, o dispararem com efeito e potência para o fundo das redes.

Ao meio-tempo, o Desportivo de Massamá está na posse da bola engonhando nos 22% o que a estratégia dos Académicos das Beiras tinha colocado nos 23% para lhes dar uma cenoura em campo minado por sapos.

O povão ululante, de peito cheio e com vovuzelas nas beiças, continua a encher a bancada.

Ainda não será desta que acenarão com lenços brancos, embora tenham de pagar mais caro os couratos.
LNT
[0.364/2010]

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Que nem uns alhos

Alho

Os americanos não têm Bilhete de Identidade.
Os ingleses não têm Constituição.
Os belgas não têm Governo.


Quer isto dizer que há paises civilizados que já descobriram haver certas inutilidades que só servem para atrapalhar.
LNT
[0.362/2010]

Sapo azul e branco – higiene oral

SapoPelo que se lê vai haver festa no charco.

Já se montou a tenda e o prato do dia, à noite, é caldeirada de batráquios.

Com tantos órgãos a reunir à noitinha prevê-se que os sapos se apresentem em traje de gala, ou em pontas, tanto faz.

Quem os não quiser engolir inteiros, sempre os pode pegar de cernelha.
LNT
[0.361/2010]

Grifes

Cegonha passadeiraOs povos também têm as suas grifes.

Como vi há pouco, quando um peão olhou com arrogância para a grelha do meu carro que parou (dever) para o deixar passar na passadeira (direito) onde entrou sem sequer olhar para o lado (arrogância, descuido e estupidez).

No trajecto que fez com o vagar de quem tem o pequeno poder de fazer todos os outros esperarem (direito), descascou um maço de tabaco e deitou o celofane e a prata para o chão (civismo), escarrou duas vezes (civismo) e mostrou o maior-de-todos erecto, entre o vizinho e o fura-bolos vergados (educação), ao automobilista distraído que fez chiar os pneus para não lhe acertar com o pára-choques.

Aproveitou ainda para mandar, do seu aspecto javardo e andrajoso, à miúda que ia no passeio para o liceu, um: "comia-te toda". Esqueceu-se de coçar os tomates.

A postura é a marca, o direito é o que basta.
Grande besta!
LNT
[0.360/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCIII ]

Novaes Tito
Família - Lisboa - Portugal
LNT
[0.359/2010]

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Acrobacias

SaposNaquele tempo de sapos, os mais acrobatas eram os que gritavam "agarrem-me senão ele engole-me!".

E eram esses que, quanto mais perto estavam do trampolim (as patinhas em mola já não tinham potência para os fazer saltar), mais gritavam fanfarronices, não só para se mostrarem valentões, mas também pelo receio de que se ouvisse o que pensavam.

Pendurados na membrana natatória do sapo maior que, inchado do trono, lhes enviava coaxos em surdina pelas vocais dos lacaios, os sapos untavam-se para melhor escorregar em direcção ao estômago com esperança de que, ao serem expelidos no término do circuito digestivo, pudessem regressar, sem mácula, ao charco.
LNT
[0.358/2010]

Com o mal dos outros

BoteroA mesquinhez tem destas coisas. Enquanto as coisas acontecem aos outros é suportável, mas quando nos batem à porta tudo muda de figura.

As medidas para os professores eram menos más desde que se não tivesse essa condição. Idem para os médicos, para os polícias, para os enfermeiros, para os bombeiros ou para qualquer outro ramo.
Neste momento são os trabalhadores do sector público. Menos-mal para os do privado.

Divide-se para reinar e reina-se, como sempre se reinou, com a intriga social como ferramenta de governação.

Eles e nós, sendo que o “eles” é, para a plebe, aqueles que por sua decisão ou omissão foram feitos governantes e o “eles”, magestático, é o daqueles que depois de terem sido paridos pelo voto ficaram com o rei na barriga.

Entretanto os “agricultores” que são pagos por todos nós para nada fazerem, protestam por não receber o subsídio de inutilidade, os “empresários” que transformaram os milhões que receberam para modernizar as empresas em Ferraris e Porches protestam porque se lhes acabou o maná, os serviços privados que vivem do Estado porque só existem em função desse cliente, protestam porque o Estado lhes cobra impostos elevados para lhes poder pagar contratos chorudos, os individuais que fazem mini-micro-empresas sem actividade a não ser a de incluir as mães, avós e tias, nas folhas de vencimento para lhes conseguir subsídios de desemprego e pensões, enquanto adquirem automóveis, maples e televisões em nome dessas empresas cuja sede é o seu próprio domicilio, protestam porque os subsídios e apoios sociais vão ser reduzidos em vez de se cortar nos SRM.

Eles e nós. Sempre a dualidade, sempre a perspectiva decorrente de se ser personagem do "eles" ou personagem do "nós".
LNT
[0.357/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCII ]

Cow Parade
Cow Parade - Lisboa - Portugal
LNT
[0.356/2010]

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Arrepiação

Espantalho Alentejo
A ideia que fica é que andamos, há anos, a cavar um buraco com as mãos e agora, que já nem unhas temos para continuar, ainda nos mandam cavar mais fundo como se o fundo depois de atingido ainda tivesse outro fundo por baixo.

E quando questionamos sobre a razão do escavar só temos por resposta que cavar é preciso.

LNT
[0.354/2010]

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Sapêlhos ou Coêlhapos

SapoDepois de se ter descoberto que as vacas loucas resultavam das farinhas misturadas na ração dos bovinos leiteiros, os investigadores debruçam-se agora sobre a mutação operada nos láparos que se alimentam de sapos.

Entre outras mutações de evolução da espécie, esperam-se alterações morfológicas ao nível dos incisivos, uma vez que a mastigação é substituída por ruminação.

Consta que os cientistas que ontem se deslocaram à Buenos Aires para apresentarem o workshop "Impactos pilosos resultantes da transformação alimentar dos herbívoros e da fisionomia da laringe por ingestão de batráquios", vieram de lá satisfeitos por terem constatado que, na sequência da alteração da dieta, o pêlo dos láparos não só mantém a sua característica sedosa, como ainda acentua o seu tom alaranjado (pantone Ref. BPN), o que constitui um factor de valorização em futura curtição.

Na Buenos Aires, terreno da pampa, diz-se à boca pequena que para o ano não faltarão golas de pêlo para adornarem as samarras rústicas que marcarão a season.
LNT
[0.353/2010]

Já fui feliz aqui [ DCCCI ]

Jardim Tropical
Jardim Tropical - Lisboa - Portugal
LNT
[0.352/2010]