terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bandeiradas

TáxiPara irritação de muitos continuo a entender que o bruxo Medina Carreira é pouco mais do que aquilo a que trivialmente chamamos um "motorista de táxi". Reconheço que o facto de ser professor traz alguma distinção embora ele faça parte daqueles mestres que nada têm para ensinar.

Medina queixa-se, como o outro professor de Belém, de que ninguém ouve os seus ensinamentos, o que revela o sindroma do mau professor porque a incapacidade de passar mensagem é resultado de não se lhes reconhecer o conteúdo.

Ontem gostei de o ver confrontado com uma senhora (julgo que gestora hospitalar) que demonstrou o basismo do pensamento de Medina Carreira e lhe chamou a atenção para ser mais importante retirar o povo do analfabetismo, da miséria e da morte por falta de cuidados do que amealhar uma pilha de ouro nas catacumbas do Banco de Portugal.

O que irrita Medina Carreira, como irrita todos os outros motoristas de táxi, é apanharem passageiros que lhes façam frente e os obriguem a mergulhar no nada das soluções que sempre apresentaram, até mesmo quando tiveram oportunidade de fazer alguma coisa.
LNT
[0.420/2011]

Outras teclas

PianoAdoro começar o dia a ouvir Maria João Pires. Não por acordar a seu lado, mas por ter a sorte de possuir quase tudo o que ela gravou, em especial a praticamente transparente de tanto uso, colectânea dos Nocturnes de Frédéric Chopin.

Agora não posso, senão deixava-vos aqui o som que me acompanha enquanto preparo coisas tão insípidas como ganhar a vida e lhes emprestam calor e harmonia, coisas que um melómano ignorante da arte, como é este escrevinhador, inveja não saber produzir para contributo do bem-estar daqueles que nos cercam.

O piano de Maria João tem a capacidade de fazer reencontrar todos os equilíbrios, uma das poucas coisas que se assemelha à sensação de paz conseguida com a entrada no mar.
LNT
[0.419/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXVI ]

Ponte Oceânica
Ponte Vasco da Gama - Tejo - Portugal
LNT
[0.418/2011]

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Surdinas [ I ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Nunca mais se falou do BPN porque aquilo é assunto arrumado e não terão de sair mais uns dinheiritos do nosso bolso para que os que se encheram à grande e à francesa não tenham prejuízos nem maçadas, não é?
LNT
[0.417/2011]

Para além da Troika

Ben Shahn UmployementHá três meses atrás, era o actual poder oposição e o Presidente da República também, a crise internacional mais grave desde a segunda grande guerra não passava de uma invenção de Sócrates e de Teixeira dos Santos que acordaram o auxilio externo necessário sem hipotecar a soberania nacional, deixando na mão de alguns (dos bancos que tinham provocado a crise de endividamento privado, p.e) a responsabilidade de resolver, por si, os problemas que tinham criado.

Entenderam as oposições, as que agora são poder e as outras que nunca o quiseram ser para manterem a voz liberta para o populismo, que o tal PEC IV tinha de ser evitado e que a solução passaria por uma invasão estrangeira que obrigasse os portugueses – para as oposições que agora são poder – a medidas extraordinárias para a destruição do social com o pretexto de que são obrigadas a tal e – para as oposições que não são poder, nem nunca o serão por se recusarem a participar das soluções e preferirem a estratégia da terra queimada – a rejubilar com a morte do social, única forma de manterem os fidelizados na mão e arrebanharem o apoio dos descontentes.

Todos os dias vemos que a Troika foi só o pretexto para ir além dela, seja no desmantelamento dos direitos dos cidadãos, seja na protecção dos mais poderosos, seja na destruição da classe média, seja na redução inaceitável do direito ao trabalho ou ainda no sistemático ataque aos mecanismos que desestimulam o desemprego.

A proposta avançada para reduzir os direitos de indemnização aos trabalhadores objecto de despedimento é bem a marca do que se anunciou como necessidade de "ir além da Troika".

Outros "mais além" já estarão na forja e espera-se que o actual maior Partido da Oposição não fique a dormir na forma. É bom que o Partido Socialista nunca se esqueça que foi a ele e a mais ninguém que se ficaram a dever as grandes reformas sociais em Portugal, porque foi o único que as fez implementar no exercício do poder democrático que nunca recusou assumir.
LNT
[0.416/2011]

Podia ter sido pior

PicoteA cultura portuguesa gosta da fórmula: Podia ter sido pior!

Uma pessoa é atropelada numa passadeira, perde um olho, três dentes e uma perna e não faltará alguém para dizer:
Podia ter sido pior!
Uma outra perde o emprego, não consegue pagar a prestação da casa, mas ainda assim consegue não ir dormir para baixo de uma ponte e haverá sempre alguém que diga:
Podia ter sido pior!
Outra espatifa um automóvel, morre-lhe a família toda menos um e alguém lhe dirá: Podia ter sido pior!

A isto acresce o complemento:
Resigne-se, tenha paciência!

É com base neste caldo de cultura que se faz saber que a electricidade vai aumentar 30% e vai ser mais cara 17% de IVA, para depois, usando a fórmula do engano, se informar que não, que não será nada disso e que, embora o país esteja em recessão, os ordenados não tenham tido aumentos e nalguns casos até tenham baixado, a inflação seja a mais alta dos últimos anos e que a Eléctrica portuguesa continua a gerar lucros chorudos, o aumento da electricidade vai ser só de 5% mais os tais 17% de IVA, coisa de nada, coisa para resignação e paciência, até porque podia ter sido pior.
LNT
[0.415/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXV ]

NET
Net - Universal
LNT
[0.414/2011]

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Razões

GaneshNão é muito costume da casa andar com intimidades e melices. São coisas nossas e o domínio público vai muito para além daquilo que nós controlamos e, tal como nas ruas e baldios onde circula toda a espécie de gente, também aqui se devem evitar desatenções.

É por isso, e pelo que interessa realmente partilhar, que nunca podemos esquecer que ao público só interessa informação útil, mesmo que privada, que o auxilie na complexa formação do conhecimento. É mesmo só por isso que há dias em que o privado se faz público porque quem escreve do lado de cá tem de enquadrar a humanidade no teclar e passar a barreira da electrónica, permitindo que nos espreitem o sentimento.

Mantém-se a reserva de tudo o que é reservado, divulga-se o que basta para transmitir a esperança no futuro que demonstramos em cada vez que fazemos nascer mais um de nós.

Essa esperança é-nos fundamental.
LNT
[0.413/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXIV ]

Maria
Maria - 2011.09.29 - Portugal
LNT
[0.412/2011]

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pau de vela

A vela que ilumina o túnelComo sabem, não sou analista político, embora todos os barbeiros o sejam.

É com tiradas deste género que o político mais político que Portugal tem desde há 50 anos, se consegue insinuar como um não-político, ou melhor, como um marginal à política.

Mesmo sabendo-se que anda nesta vida – onde já fez de tudo menos ser autarca – Cavaco revela-se um às da arte. E fá-lo com tal mestria que consegue convencer quem não lhe conheça as manhas que, apesar de ter muitos mais anos de política partidária do que de professor e de economista, nada tem a ver com a política e com as politiquices.

Porque não tenho grande consideração por politiqueiros e porque não faço parte do grupo que o próprio informou na noite da glória serem os seus portugueses, interessou-me pouco o facto de ele ter convocado a Judite de Sousa para apresentar a conversa em família.

Apanhei a parte final devido a um zapping ocasional para fugir da publicidade que passava nos outros canais e gostei de o ver repimpado como um lorde, palácio ao fundo, brilhantina a condizer com o bronze, sapato engraxado na perfeição e polido a cuspo pelo mordomo a anunciar que, embora ninguém esteja acima das dificuldades, a vida corre-lhe de feição. Pena não ter falado em alemão para que Dona Doroteia o entendesse melhor.

Fez o seu papel. Encarnou como vela do bolo de aniversário (ou melhor, dos 100 dias) do mais falador Primeiro-ministro alguma vez existente em Portugal.
LNT
[0.411/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXIII ]

Mafalda
Quino - Mafalda - 47º aniversário
LNT
[0.410/2011]

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

An offer I can't refuse

Terminal AeroportoAcabo de receber uma proposta irrecusável, mas perdi a oportunidade

Telefonaram-me de um País pelintra a perguntar se eu aceitava ser ministro.
O cargo tinha bom ordenado e a ele acresciam diversas mordomias agradáveis, entre as quais a de poder seleccionar os membros do meu gabinete e pagar-lhes mais do que é habitual pagar nos outros.

O País era-me familiar, amigo e simpático, cheio de Sol mesmo no Inverno, e com uma malta que me respeitaria, logo à partida, por eu vir de fora.

Por aqui mantinham-me o emprego e estava garantido que, quando a coisa desse para o torto, poderia regressar para continuar a minha vidinha.

Tinha mais uma vantagem (que transformava a proposta em algo irrecusável): Como não haveria de ficar nesse País para além do meu mandato não teria de suportar os efeitos de todas as argoladas e parvoíces que cometesse no exercício do cargo.

A coisa só correu mal no momento em que, para confirmarem se estavam a falar com a pessoa certa, me perguntaram se me chamava Álvaro.
LNT
[0.409/2011]

As brumas da reacção e a memória

Maioria silenciosa
Associo-me à memória da Joana. Há que lembrar para avançar.
Nota: o cartaz publicado por mim fui uma das respostas que, na altura, se fizeram ao cartaz que a Joana publica.

LNT
[0.408/2011]

O que mudou nos últimos 100 dias

MacacosOs impostos
Mudaram muito, muitíssimo para mais.
As prestações sociais
Mudaram muito, muitíssimo para menos.
A saúde
Mudou muito, muitíssimo incluindo no direito à vida que os transplantes e o sangue representam.
A justiça
Mudou muito, muitíssimo para o mesmo.
O emprego
Mudou muito, muitíssimo para mais desemprego.
Os comboios
Mudaram muito, muitíssimo para menos velocidade.
O défice
Mudou muito, muitíssimo para mais e mais e mais e mais…
Os buracos
Mudaram muito, muitíssimo para mais e até se ajardinaram.
A segurança
Mudou muito, muitíssimo para menos e muitíssimo para mais medo.
O trabalho
Mudou muito, muitíssimo para beneficio das entidades patronais e muitíssimo com a retirada das garantias dos trabalhadores.

Foram cem dias de mudança.
Até a crise passou nestes últimos 100 dias a ser uma coisa Global quando antes era só Portuguesa.
Até a Troika passou a ser um brinquedo de crianças em comparação com o "ir mais além" de Coelho/Portas.
Até os "limites para os sacrifícios" passaram a ser o sacrifício dos limites.
Estamos todos de parabéns.
LNT
[0.406/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXII ]

Bestida
Bestida - Aveiro - Portugal
LNT
[0.405/2011]