segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Surdinas [ XX ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Há dias em que a alma me dói tanto que fico com a ideia de ter uma.

Nesses dias não sei se me devo ir nela ou se a devo guardar no bolso.
LNT
[0.546/2011]

Humanidade imaterial

GuitarraPovo que lavas no rio que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda, quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não

Fui ter à mesa redonda beber em malga que esconda
Um beijo de mão em mão
Era o vinho que me deste, água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não

Aromas de urze e de lama, dormi com eles na cama
Tive a mesma condição
Povo, povo eu te pertenço, deste-me alturas de incenso
Mas a tua vida não

Povo que lavas no rio que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda, quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Pedro Homem De Mello
LNT
[0.545/2011]

A atenção de Louçã



Ficamos contentes. A atenção de Louçã, a mesma que contribuiu para termos no poder a direita mais radical desde que a liberdade nos bateu à porta, é uma coisa fundamental. Diria mesmo que a democracia não poderia viver sem ela.

Louçã não entende, ou não quer entender, que as pessoas, os cidadãos, estão-se nas tintas para a atenção de Louçã e que a sua atenção não aquece nem arrefece porque ela e o próprio Louçã não fazem parte das soluções e só resultam em chinfrim.

Louçã comporta-se como as ratas de sacristia que morrem virgens com medo de que alguém as possa acusar de não fazerem bom sexo.

Adelante!
LNT
[0.544/2011]

Já fui feliz aqui [ MXII ]

Durão Barroso
Durão Barroso - Partida - Portugal
LNT
[0.543/2011]

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CI

LuisE se a si lhe acontecesse começar o sábado de amanhã, a horas que nem lembram ao mafarrico, com uma sabatina, em ambiente militar, sobre guerra de informação/competitive intelligence?
Dizem que quem corre por gosto não cansa, mas àquela hora quem é que consegue correr?
LNT
[0.541/2011]

Por exemplo, no 25 de Novembro

Pesos
Jaime Neves, Tomé Pinto, Ramalho Eanes, Vasco da Rocha Vieira, Loureiro dos Santos...
Graças a estes e outros ainda hoje vivemos em liberdade.
LNT
[0.540/2011]

Raposices

Matilhas - Raposa Cães


O Raposo tem um primo, primário, burro e manipulador. Eu se tivesse um primo assim não publicava o que ele pensava porque me sentiria, no mínimo, tão burro, primário e manipulador como ele.

Se eu tivesse um primo que me inspirasse, como o primo do Raposo, tentava pensar um pouco antes de passar a inspiração à letra de um jornal porque poderia parecer, aos olhos que me lessem, que afinal o primo é mais esperto do que o Raposo porque tem o cuidado de não expor a sua imbecilidade publicamente.

Não conheço o Raposo, nem o primo do Raposo mas apetece-me dizer-lhes que um funcionário público é muito mais do que um empregado duma tasca qualquer, exigem-lhe mais do que numa tasca qualquer, ganha menos do que em qualquer tasca (ao contrário do que diz o coelho da mesma fábula do Raposo), implica colocações no cu de Judas, não tem carro como tem o primo do Raposo, nem telefone, nem almoçaradas com os amigalhaços para serem descontadas na empresa e incluídas nas declarações do IRS.

Não conheço o Raposo, nem o seu primo, mas gostaria que me explicassem porque terá o primo do Raposo ido trabalhar para a privada e não para o Estado. Teria sido porque sabia que no privado ganhava mais do que no público e ainda tinha todas as outras alcavalas? Se assim não foi, então o primo do Raposo ainda é mais burro do que parece, porque trocou o bom pelo mau.

Já agora, Raposo, diga ao seu primo burro e ressabiado, que se ele tivesse poupado na sua empresa privada e não tivesse andado a passear pelos congressos que se realizavam nas Caraíbas e lhe davam aquele ar dourado impecável para o engate entre dois outsourcing que fazia no Estado encostado aos esbranquiçados funcionários públicos enquanto eles pagavam, com os seus impostos, as escolas dos primos-segundos do Raposo e o hospital onde o tio do primo do Raposo foi tratado quando lhe deu um achaque (e caraças, os próprios que o trataram – médicos, enfermeiros, etc. – até eram também funcionários públicos), se ele tivesse poupado, dizia eu no início deste enorme parágrafo onde muito ficou por dizer, a tasca onde trabalha estaria em boa forma.

Claro que o envelope do fim do ano que lhe era entregue sem recibo também deu uma ajudinha na falência da empresa onde trabalha, embora na altura lhe parecesse imprescindível para as festarolas que gostava de fazer no Elefante Branco.

Só para acabar, Raposo. Informe o seu primo que os funcionários públicos não tem um quadro de excedentários, mas sim de mobilidade e onde as coisas não correm sempre tão bem como no subsídio de desemprego da amante do seu primo, aquela que nunca pôs os pés na empresa do seu primo, mas que lá conseguiu a declaração necessária. Diga ao seu primo que a ADSE é uma porcaria que não cobre o arranjo dos dentes embora se faça pagar com os descontos que os funcionários públicos têm de fazer para o efeito.

Diga-lhe que o despedimento na FP está iminente. Diga-lhe que há centenas de funcionários públicos que nos últimos anos tiveram de deixar de pagar os empréstimos das casas e tiveram de tirar os filhos dos estabelecimentos de ensino onde andavam.

Não se esqueça de aconselhar o seu primo, e já agora acompanhe-o, a ir a uma consulta de psiquiatria (aproveite as do SNS que são baratas).
LNT
[0.539/2011]

Já fui feliz aqui [ MXI ]

Leões - Jardim Zoológico
Jardim Zoológico - Lisboa - Portugal
LNT
[0.538/2011]

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Onde já chegou a Madeira


 Artigo 116.º
Órgãos colegiais



1. As reuniões das assembleias que funcionem como órgãos de soberania, das regiões autónomas ou do poder local são públicas, excepto nos casos previstos na lei.
2. As deliberações dos órgãos colegiais são tomadas com a presença da maioria do número legal dos seus membros.
3. Salvo nos casos previstos na Constituição, na lei e nos respectivos regimentos, as deliberações dos órgãos colegiais são tomadas à pluralidade de votos, não contando as abstenções para o apuramento da maioria.
Constituição da República Portuguesa
Se é verdade que estamos num Estado de Direito e que o Presidente da República tem de zelar pelo cumprimento da Constituição, a jardinice de estoirar com o nº 2 do art. 116 da Constituição não pode passar.
Já chegámos à Madeira, ou quê?
LNT
[0.537/2011]

Greve Geral 2011

Nota da Barbearia sobre a Greve Geral


O barbeiro e as suas colaboradoras não aderiram à Greve Geral de 2011 estando os amanhos a decorrer com a maior normalidade.

O barbeiro declara a seu apoio a todos os trabalhadores que usam a greve como meio legítimo de protesto e de defesa das conquistas que conseguiram, a pulso, desde que existe democracia em Portugal.

O barbeiro e as suas colaboradoras aderiram à Greve Geral de 2010 e a todas as anteriores em que o poder era da sua cor, como protesto e pressão sobre a forma como as políticas estavam a ser conduzidas, assumindo o seu desacordo e responsabilidades.

O barbeiro declara que não contribuiu minimamente para que o actual poder seja exercido desta forma tendo tido oportunidade de se pronunciar nas urnas eleitorais, onde deixou expresso que sabia ao que esta gente vinha.

O barbeiro, mesmo sabendo que o actual poder mentiu descaradamente na campanha eleitoral, nunca se deixou enganar e por isso não está desiludido nem com o actual Governo nem com o actual Presidente da República, uma vez que nunca se deixou iludir por eles.

Para terminar, o barbeiro e as suas colaboradores expressam a sua solidariedade com o Povo português que tem sido miseravelmente tratado e que, ou por ignorância ou desleixo, se alheia da vida política convencido que estas coisas não lhe dizem respeito.

Lisboa, Barbearia do Sr. Luís, 2011.11.24
LNT
[0.536/2011]

Já fui feliz aqui [ MX ]

Greve Geral de 2010
Greve Geral de 2010 - Portugal
LNT
[0.535/2011]

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Novos rumos

Mário SoaresQuando se fala da "Rua Árabe", e hoje em dia é moda falar-se para se fazerem paralelos de coerência, é habitual que se esqueça que a Rua Árabe não é uma transversal da Avenida da Democracia e que ainda se espera para saber se vai dar a um beco sem saída.

Quando se fala de greve geral e se evita mencioná-la dando a entender nas meias-palavras que ela não serve para coisa alguma uma vez que a ascensão da direita radical se deveu a um jogo onde os extremos do Parlamento se aliaram, rasga-se nova rua que, por não ter passeio público, excitará a indignação pela indignação atrelada ao pacifismo, o que a torna inútil.

Quando se fala num novo rumo fazendo relembrar outros "novos rumos" dos idos do século passado que terminaram com uma chuva de almofadas para as bandas das Portas de Santo Antão, fica-se com a ideia de se estarem a abrir os caboucos para mais uma rotunda sem entroncamentos, algo de inconsequente por não ter direcção, nem sentido, nem tão pouco dar indicações para dela sair.

Um novo rumo
Este é o momento de mobilizar os cidadãos de esquerda que se revêem na justiça social e no aprofundamento democrático como forma de combater a crise.
Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional e ao desmantelamento dos estados que colocam em causa a sobrevivência da União Europeia.
A UE acordou tarde para a resolução da crise monetária, financeira e política em que está mergulhada. Porém, sem a resolução política dos problemas europeus, dificilmente Portugal e os outros Estados retomarão o caminho de progresso e coesão social. É preciso encontrar um novo paradigma para a UE.
As correntes trabalhistas, socialistas e sociais-democratas adeptas da 3ª via, bem como a democracia cristã, foram colonizadas na viragem do século pelo situacionismo neo-liberal.
Num momento tão grave como este, é decisivo promover a reconciliação dos cidadãos com a política, clarificar o papel dos poderes públicos e do Estado que deverá estar ao serviço exclusivo do interesse geral.
Os obscuros jogos do capital podem fazer desaparecer a própria democracia, como reconheceu a Igreja. Com efeito, a destruição e o caos que os mercados financeiros mundiais têm produzido nos últimos tempos são inquietantes para a liberdade e a democracia. O recente recurso a governos tecnocratas na Grécia e na Itália exemplifica os perigos que alguns regimes democráticos podem correr na actual emergência. Ora a UE só se pode fazer e refazer assente na legitimidade e na força da soberania popular e do regular funcionamento das instituições democráticas.
Não podemos saudar democraticamente a chamada "rua árabe" e temer as nossas próprias ruas e praças. Até porque há muita gente aflita entre nós: os desempregados desamparados, a velhice digna ameaçada, os trabalhadores cada vez mais precários, a juventude sem perspectivas e empurrada para emigrar. Toda essa multidão de aflitos e de indignados espera uma alternativa inovadora que só a esquerda democrática pode oferecer.
Em termos mais concretos, temos de denunciar a imposição da política de privatizações a efectuar num calendário adverso e que não percebe que certas empresas públicas têm uma importância estratégica fundamental para a soberania. Da mesma maneira, o recuo civilizacional na prestação de serviços públicos essenciais, em particular na saúde, educação, protecção social e dignidade no trabalho é inaceitável. Pugnamos ainda pela defesa do ambiente que tanto tem sido descurado.
Os signatários opõem-se a políticas de austeridade que acrescentem desemprego e recessão, sufocando a recuperação da economia.
Nesse sentido, apelamos à participação política e cívica dos cidadãos que se revêem nestes ideais, e à sua mobilização na construção de um novo paradigma.
Mário Soares, Isabel Moreira, Joana Amaral Dias, José Medeiros Ferreira, Mário Ruivo, Pedro Adão e Silva, Pedro Delgado Alves, Vasco Vieira de Almeida, Vitor Ramalho.
Lisboa, 23 de Novembro de 2011
LNT
[0.534/2011]

Já fui feliz aqui [ MIX ]

Dali
Dali
LNT
[0.533/2011]

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Necessidades

PenicosQuando há pouco espreitei o Tejo no meio da borrasca e avistei a torre de um dos submarinos de Paulo Portas lembrei-me ternamente dele, das saudades que tenho de o ver e ouvir na televisão a dizer aquelas coisas que ele gosta de dizer.

Imagino-o atarantado dentro da lata de sardinhas no Mar da Palha, escondido do Orçamento de Estado que não é seu mas que lhe dá um jeitão, a meditar sobre as vantagens de ter o Magalhães para negociar com o Chavéz e a pensar no prato que recebeu na Líbia, com pena de que não lhe tenha sido oferecido com um chazinho da tenda no deserto, no meio das odaliscas e dos eunucos.

É a long and winding road que cantavam John e Paul. Necessidades passadas por um caminho de cabras e de pedras, neste calvário que Portas suporta para que, calhaus vencidos e agruras passadas, se abram os acessos ao paraíso e se dê o transbordo dos três táxis para um autocarro privatizado por meia dúzia de tostões.

Olho de novo o Tejo e reparo que o submarino já lá não está. Deve ter regressado ao Alfeite para instalação do kit da classe económica como estipula a praxe demagogó-cómica que também já o fez instalar nos carros de alta cilindrada e no Falcon do Governo.

Olho o Tejo, hoje especialmente carregado de cinzento, e imagino o Adamastor a usar o Tridente como papel para as suas Necessidades como se elas fossem as de um povo inteiro já de cócoras.
LNT
[0.532/2011]