quarta-feira, 18 de abril de 2012

Chamamentos

João CutileiroA TMN lançou uma campanha optimista da série que foi iniciada futebolisticamente, há uns anos, por um brasileiro que dirigiu os nossos rapazes da bola.

Felizmente a campanha "Portugal está a chamar" não é da autoria da EDP senão teríamos a percepção de que nos queriam de novo em Macau mas desta vez navegando por um mar de pentelhos, como diria o negociador da troika que agora alterna energia positiva com o gozo dos figos marafados da Coelha.

"Portugal está a chamar" é um hino. Faz lembrar as bandeiras nacionais estampadas de quinas chinesas penduradas nas janelas de todos os pacóvios que se convenceram que iríamos, já naquela altura, vencer a Grécia e que, depois de tanto peito cheio, acabaram por perceber que os gregos, mesmo em cuecas, conseguiam ter melhor jogo avançado do que nós.

"Portugal está a chamar" é um desalento. Imagino, penso eu e muitos outros, que está a chamar a esta malta que nos espreme aquilo que os portugueses lhe vão chamando nos autocarros, nas conversas de rua e em cada multibanco onde se pede um saldo de conta.

"Portugal está a chamar" é um sofrimento. É a confirmação de que Portugal não são os portugueses e que o chamamento é para o indefinido, para o "Vamos Lá". Chama porque sim, parece a morte a reclamar as almas ou os centros de emprego a enviar-nos para a caridadezinha de uma associação benfazeja.
LNT
[0.219/2012]

Já fui feliz aqui [ MCV ]

Torquato da Luz
Torquato da Luz - Espelho Íntimo - Portugal
E assim vamos gastando os dias em novelos e ninharias.
LNT
[0.218/2012]

terça-feira, 17 de abril de 2012

argumentum baculinum [ I ]

Cobra leiteOs portugueses são um povo indeciso.

Quando tinham um Salazar diziam (baixinho) que o que isto estava a precisar era de liberdade.
Quando tinham liberdade diziam (a bandeiras despregadas) que o que isto estava a precisar era de um Salazar.
Agora que têm aquilo que merecem dizem (entre dentes) que o que isto está a precisar é que abra a caça aos láparos.
LNT
[0.217/2012]

Surdinas [ XLIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Vasco Graça Moura disse ontem na Buchholz o poema que escreveu a Alegre na sequência da leitura que fez no fim-de-semana.

Fica o registo nesta série para que em surdina fique:
Manuel Alegre deu o dito por não dito
quando escreveu "nada está escrito"
(e eu repito)
nele, o poema é o som e o sentido
de um problema vivido
(e eu não duvido)
voz que afirma ou nega à tona e no fundo,
joga à cabra-cega e desvenda o mundo
(e eu o secundo)
voz que entrelaçou o feio e o bonito,
o mais chão, o voo, o não dito e o dito
(e eu acredito).
LNT
[0.216/2012]

A formiga no carreiro *

Escher MobiusNão é por não tentar que não consigo chegar onde é preciso. Sou baixote (metro e setenta e dois), talvez seja por isso, porque de resto tenho-me esticado o quanto posso mas a cepa torta anda sempre por aí.

Já fiz de tudo, quase tudo, já fui pimenta e canela, já voei, já escrevinhei basto (olá tripeiros), já dei electrónica a muita besta que nem palha merecia, já comi o pão que o diabo amaçou e também comi papa de urso de bufos e brutamontes. Já dei muito petisco, convencido de ser verdade o que dizem para quem arrisca.

Mas não consigo chegar onde é preciso. Não que não tente, porque vou tentando, mas talvez por ser fracote (para aí uns setenta quilos).

Aquele velho que pinta quando não chove, continua a dormir no mesmo sítio, os miúdos que já nem pedem na rua continuam a ter fome, o outro que me respondia sempre: - "lá vou andando" – deixou de andar.

Fico para aqui de teclas na mão, vou tentando. Nunca mais chega Abril, pois não, *Zeca?
LNT
[0.215/2012]

Falta metade para um milhão

Chaplin


Olho para o contador, que nesta casa conta calmamente e sem batotas nem graxas, e apercebo-me que estão (quase) a só faltar 500.000 para que se atinja um milhão de clientes. É espantoso para quem abriu o estabelecimento há quatro anos e picos e só tem uma tesoura para desbastar tanta trunfa e topete.

Lançando o barro à parede, espero que apareça um patrocínio alemão para que o cliente 500.000, caso se identifique e comprove ser o bafejado, receba uma barra de ouro achocolatado com a chancela de Merkel.

Quanto aos restantes 499.999 que por aqui passaram, ficam beijos e abraços.
LNT
[0.214/2012]

Já fui feliz aqui [ MCIV ]


Elefante
Elefantes - Gorongosa - Moçambique
Para os saudosos, seguir por aqui
LNT
[0.213/2012]

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Bolas de cristal

Bola de CristalConfrontado com a percepção de que já todos sabemos das falsidades emanadas do Governo e com o incumprimento de todas as suas promessas eleitorais, escudado num acordo de resgate por si exigido e que aos poucos transforma em coisa diferente da que foi negociada (e onde o PSD teve papel determinante) por um Governo em gestão sem alternativa, depois de ter visto derrotado por todos os Partidos representados na Assembleia da República e pela indiferença do Presidente da República uma proposta de solução apresentada pelos nossos parceiros europeus, Passos Coelho entrou agora na fase do não comprometimento.

O homem não sabe que quando se traça um projecto há que definir metas e nem sequer imagina que entre os instrumentos para previsão dos resultados de qualquer plano existem indicadores da evolução dos riscos assumidos, existem medidas de mitigação desses riscos e têm de existir planos de salvaguarda para o caso das ameaças passarem a configurar constrangimentos.

A triste figura que um decisor político (ou qualquer gestor) faz ao não se comprometer com metas para obtenção dos resultados é confrangedora. Tem sido essa miserável condição que levou o País à situação em que se encontra.

Ouvir Passos Coelho dizer que não se compromete porque não tem uma bola de cristal é compreender que andamos à deriva e que todas as medidas até agora tomadas mais não são do que um conjunto desgarrado de miserabilidades destinadas a ganhar (passar o) tempo, como se o tempo esgotado fosse algo que se ganhasse.
LNT
[0.212/2012]

Já fui feliz aqui [ MCIII ]

Casa Férias
Ericeira - Portugal
LNT
[0.211/2012]

domingo, 15 de abril de 2012

Tudo por escrever

Nada está Escrito
Balada dos Aflitos

Irmãos humanos tão desamparados
a luz que nos guiava já não guia
somos pessoas - dizeis - e não mercados
este por certo não é tempo de poesia
gostaria de vos dar outros recados
com pão e vinho e menos mais valia.

Irmãos meus que passais um mau bocado
e não tendes sequer a fantasia
de sonhar outro tempo e outro lado
como António digo adeus a Alexandria
desconcerto do mundo tão mudado
tão diferente daquilo que se queria.

Talvez Deus esteja a ser crucificado
neste reino onde tudo se avalia
irmãos meus sem valor acrescentado
rogai por nós Senhora da Agonia
irmãos meus a quem tudo é recusado
talvez o poema traga um novo dia.

Rogai por nós Senhora dos Aflitos
em cada dia em terra naufragados
mão invisível nos tem aqui proscritos
em nós mesmos perdidos e cercados
venham por nós os versos nunca escritos
irmãos humanos que não sois mercados.
Manuel Alegre
Manuel Alegre apresenta "Nada está escrito", o seu mais recente livro de poesia.

Será amanhã, dia 16, pelas 18:30, na Leya, em Lisboa, Rua Duque de Palmela, 4.

Lá estarei para me juntar à oração à Senhora dos Aflitos. Pode ser (embora pouco crente) que nos ajude a sair desta agonia que transforma seres humanos em escravos dos "mercados".
LNT
[0.210/2012]

Creiam, crentes

Coelho Ama-teAo contrário do que é costume neste estabelecimento, dou sequência a esta “corrente” da Blogos(fera) onde fui inserido pela mão da Joana Lopes.

Trata-se, pelo que apurei, de uma iniciativa também da Ana Cristina (e por ela experimentada na pastelaria onde medita) e, antes de me convencer a publicá-la, ensaiei-a tendo obtido os resultados anunciados.

Para que o comprovem aqui deixo o desafio aos seguintes 10 vizinhos:

João (Portugal dos Pequeninos), José (Abrupto), Gabriel (Blasfémias), Nuno (Cachimbo de Magritte), Mr. Brown (os Comediantes), Pedro (Delito de Opinião), Miguel (e Deus Criou a Mulher), Nelson (Espumadamente), João (Forte Apache) e ao próprio Pedro no website do PSD.

LNT

Nota: O Miguel do "e Deus..." foi aqui incluido só para desanuviar.
[0.209/2012]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Não concordo mas promulgo

Doces regionaisPara que servirá a tecnicidade de quem se fez eleger com base no conhecimento detido se, depois de eleito, promulga aquilo com que não concorda?

Como essa não-cordância não é política, porque é a sua escola, então refere-se aos efeitos que resultarão das medidas que promulga.

Ou é sádico, ou pouco lúcido.
LNT
[0.208/2012]

Surdinas [ XLIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

O rapaz da vespa fez as contas à vida e concluiu que herdou uns mil milhões para pagar nos próximos anos e que a receita que provocou essa herança foi gasta no jogo do adormecimento.

Agora, tal como faz com as mordomias que usufrui mas de que se descarta, também faz de conta que a explosão que cozinhou foi engendrada pelos madraços que governa.

Ele sabe que cada passo destes é mais uma chumbada no coelho escondido no fundo falso da estatal Segurança Social.
LNT
[0.207/2012]

Sombras

MagritteFico na dúvida se a austeridade se destina a melhorar ou a manter os negócios resistentes a todos os impactos.

Tenho por teoria que, ao contrário do que se ouve vulgarmente nos autocarros, a culpa de tudo isto não é dos Partidos políticos mas sim de um grupo de interesses que gravita por aí e a quem é indiferente os detentores do poder político.

Esse grupo instalado desde sempre consegue que os seus testa-de-ferro flutuem em qualquer mar e, mesmo quando simulam o seu afundamento, é para manobrar mais submersamente os cordelinhos que movimentam. As reformas não passam de uma peça da engrenagem inteligentemente manipulada para eliminar todos os grãos de areia que a fazem patinar.

O que tem mudado nos últimos tempos são as fontes de receita. As sombras sabem o que os políticos não sabem e sabem sobreviver ao trânsito dos políticos.

Pouco lhes interessa a fonte de receita. Tanto lhes faz que jorre pelo aumento de receita ou pela diminuição de despesa. A máquina não é pública nem privada, nem de direita nem de esquerda, nem laranja, rosa, azul ou vermelha. É-lhe indiferente a vida e a morte. Não se importa de pagar desde que possa continuar em movimento.

O resto é espuma que as sombras borbulham para camuflar a sua existência.
LNT
[0.206/2012]

Já fui feliz aqui [ MCII ]

Quinta dos Pipos

Quinta dos Pipos - Ericeira - Portugal
LNT
[0.205/2012]