quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Cem anos de perdão

BoinaAlbert Jaeger, um funcionário do FMI residente em Portugal, era um dos muitos ilustres desconhecidos pago para garantir que os portugueses devem ser mal pagos para que ele e outros histéricos ilustres, estrangeiros e nacionais, continuem a ser pagos principescamente.

Albert era um ilustre desconhecido mas agora ganhou fama, não por ter ajudado a rapinar este País mas porque alguém(espero que tenha sido um português) lhe meteu a mão no bolso e de lá sacou as maçarocas (ter de usar a linguagem oficial passista dá algum trabalho, mas acaba por ter graça) que o sr. Jaeger estava a poupar para, nas férias da neve, ir fazer ski numa estância de luxo das montanhas austríacas.

A polícia anda no encalço do meliante porque, se isto não tiver uma consequência, ainda se corre o risco de alguém assaltar impunemente o Oliveira e Costa, o Isaltino ou os outros que a gente sabe.

Cá para mim o pilha-galinhas devia ter cem anos de perdão mas pensando com mais acerto parece-me melhor não abrir precedentes à prática portuguesa.
LNT
[0.401/2012]

Acabar com o Estado mantendo o saque para o privado

CamaOs portugueses têm características próprias que os fazem diferentes dos outros povos, principalmente dos povos do norte que se guiam por esquemas simples, não criativos e sem o desenrasca histérico dos piegas do sul.

Portugal é tão bom nesta matéria que até conseguiu agora engendrar uma engenhoca brilhante, um tanto feudal mas ainda assim brilhante, capaz de revolucionar o conceito liberal mundial. A fúria de acabar o Estado é tal que as taxas e impostos, até agora destinadas ao Estado, deverão passar a ser receita dos privados.

Os contribuintes foram feitos para contribuírem (até aqui nada de novo). Os contribuintes foram feitos para pagarem os roubos dos que não contribuem (o caso BPN é toda uma revolução e já contém algo de novo). Os contribuintes foram feitos para contribuírem para o Estado e para os Privados que o Estado (leia-se Governo Coelho, Portas, Borges e Comp.ª, Ldª) entender (o caso de pagar uma taxa de televisão para uma empresa privada é coisa novíssima).

Como disse, estamos perante técnicas feudais em que não só o reino se financiava com o dinheiro dos burgueses e da plebe, mas também os grandes senhores iam buscar os seus proventos ao saque da ralé.

Isto começa a meter nojo.
LNT
[0.400/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXVII ]

São Julião
São Julião - Assafora - Portugal
LNT
[0.399/2012]

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Paz, pão, habitação, saúde e educação

Orelhas de burroEsclareçam-me se estiver a ver mal a coisa mas o ministro da educação e os seus amigos que ascenderam ao estrelato da política pela mão dos abstencionistas e aquele rapaz da cabelo branco que é o patrão dos patrões, entenderam que dois chumbos serão castigados com uma maravilhosa carreira de canalizador ou de bate-chapas.

Quem for cábula ou tiver dificuldades de aprendizagem, não tiver dinheiro para explicações, nem tiver amigos que façam equivaler uma data de porcarias a um curso superior de ministro, vai direitinho para electricista porque o patrão dos patrões, o ministro da educação e os seus amiguinhos do governo estão fartos de ter electricistas-engenheiros a quem são obrigados a pagar contra recibo e que só servem para inflacionar as estatísticas do desemprego e da imigração habilitada.

Se bem entendi estamos a caminho de resolver a questão dos jovens licenciados desempregados.
LNT
[0.398/2012]

Surdinas [ LIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Histérica era a tua prima, pá!

Temos de dar uso ao passismo-vulgarucho. O gajo é um porreiro dum pintas.
LNT
[0.397/2012]

Caro Pedro,

LimpezaO Mundo não acaba aqui e Portugal também não. Sei que eras um puto magoado pelo retorno sem bagagem mas aquilo que foi feito foi apesar de ti, apesar de todos os pesares de milhares de outros. Não foi o destino, Pedro, nem ainda menos qualquer ajuste de contas. Foi só o que tinha de ser e que Caetano não conseguiu entender.

Portugal era grande demais para continuar a reduzir-se à mesquinhez de Salazar. Caetano era a Primavera, mas revelou-se estação murcha que fazia murchar na ignorância e na submissão toda uma Nação milenar. Não teve perdão e foi a sua incapacidade de entendimento que levou a que tu e milhares de outros tivessem de regressar ao nosso território com a mão no bolso.

Já foi há tempo suficiente para que te possa escrever esta carta. Bem sei que as mágoas são difíceis de curar, pelo menos tão difíceis de curar como as que não largam as famílias dos que tombaram estupidamente e as dos que voltaram sem poder ver, andar ou simplesmente viver uma vida normal.

Sei que possivelmente nunca pensaste nisto, porque simplesmente te convenceste que tudo foi um disparate como o que neste momento estás a fazer contra todos nós, mas enganas-te.

Nós, que te proporcionámos o que hoje és, abrimos os caminhos do Mundo. Demos-te a democracia que te elegeu. Demos-te a política que te guinou. Demos-te a formação que tens e que tão mal aplicas em favor do povo que em ti confiou.

Ainda assim aqui estamos, sabendo que, para além das nossas posses, te conseguimos formar. Sabendo que, para além das nossas posses, te conseguimos fazer quem és. Sabendo que, para além das nossas posses, te conseguimos integrar.

Podemos parecer calados mas não estamos e com a mesma determinação com que devolvemos Portugal ao Mundo, largando o que não nos pertencia, havemos de te largar pelas indignidades que dizes e fazes em nome de uma mágoa que não consegues ultrapassar.

És um produto nosso, um mau produto.

Saberemos resolver a questão, estando-te tu a lixar-te para isso, ou não.
LNT
[0.396/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXVI ]

Paus
Paus - Alquerubim - Portugal
LNT
[0.395/2012]

terça-feira, 28 de agosto de 2012

What the word needs now



LNT
[0.394/2012]

Contorcionismos

ContorcionismosMesmo correndo o risco de me repetir (já o escrevi de inúmeras formas) e mesmo correndo o risco de vir alguém de dedo em riste para acusar estarmos perante mais uma teoria da conspiração (fórmula mágica para silenciar os incómodos) retomo a tese de que este governo personifica a cobardia e a falsidade política.

É verdade que aqui e ali deixa escapar, sorrateiramente, querer ir mais além do triunvirato mas nunca explica que é nesse “mais além” que reside aquilo que sempre teve intenção de fazer. É verdade que deixa passar, como ontem fez no cursinho da sua juventude, que a troika e o “mais além” são a oportunidade para implementação das suas orientações neo-liberais.

Escudam-se com a imposição estrangeira, com a qual estão de acordo e com a qual acertam o que pretendem fazer, para fundamentar como obrigatoriedade o sacrifício e o empobrecimento, base doutrinal da cartilha por onde se guiam.

Sempre que os PSD/PP se referem à troika remetem as suas medidas para uma decisão do anterior governo fazendo crer que foi por iniciativa de Sócrates que os senhores do Mundo foram chamados para nos ditarem as suas leis, o que não é verdade.

A solução para a crise apresentada pelo anterior Governo nunca passou pelo pedido de apoio internacional nos termos que aí estão e só foi necessário recorrer a ela, já com o governo demissionário, porque a coligação de direita que se apoiava no Presidente da República e na esquerda radical, não permitiram outra solução. O PSD foi peça chave nessa negociação e muitas das condições do acordo foram impostas por si (mesmo com memória curta há que relembrar o papel e as fitas que Catroga fez na altura).

A tropa de choque está aí de novo e, ao contrário do que se faz crer, não vem para auditar.

Chega para validar as orientações do governo e para dar cobertura às medidas que Gaspar e o resto da pandilha já decidiram aplicar com o intuito de destruírem o que resta do estado social a que os portugueses chamavam progresso e civilização e a que Passos Coelho chama “viver acima das possibilidades”.

Estão-se lixando para a classe média excluindo desse “lixando” a parte que constitui a sua clientela.
LNT
[0.393/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXV ]

Anta Arraiolos
Casas Novas - Arraiolos - Portugal
LNT
[0.392/2012]

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Entretanto no reino

Legião portuguesaEnquanto Dom Aníbal anda a banhos no refúgio da corte dos utentes e beneficiários do BPN, o fidalgo Dom Pedro sacode as areias que trouxe nas virilhas das praias da Manta Rota, o cavaleiro Paulo continua tão desaparecido como Sebastião de Al Quasr al-kibr e o espectro burguês de Miguel escorrega viscosamente por entre as muitas equivalências que o transformaram condestável do reino, o conselheiro ruivo da corte balofa faz-se ouvir como existente e com pose de senhor dos senhores, mesmo sem ter mandato régio que lhe obrigue reconhecimento pela plebe.

Os escrivães do reino não param de sacudir a pele celta do coiso para ver se com ela escondem e fazem esquecer o coiro de outros e os julgamentos que os serviços estrangeirados andam a esmiuçar na fazenda nacional.

Entretanto o reino sucumbe perante tão malfazejas gentes e os excretores expelem, em falas de gaguejos, os excrementos que pensam.

São o cão, senhores!

São mafarricos em forma de gente (desta vez sem farda negra), uns mais lentos na palavra e no pensamento do que outros, mas todos igualmente esfaimados e sedentos.
LNT
[0.391/2012]

Assim não dá

Óleo de fígado de bacalhauAndamos para aqui a defender o sistema nacional de saúde e os profissionais da coisa, que teoricamente também o defendem, embarcam na tramóia de demonstrar que ele não interessa.

Quem passou, como acompanhante, pelas urgências de Santa Maria na passada 6º feira teve a oportunidade de observar que, nas 12 horas em que aguardou que fosse feito um diagnóstico e prestada assistência a um “paciente” (não podia ser usada palavra mais própria), a roda livre, a irresponsabilidade e a desumanidade do nosso SNS funciona em benefício daqueles que o querem abater. Sabe-se que os enfermeiros são mal pagos e que isso os desmotiva. Sabe-se que há falta de pessoal para que o tempo seja interminável e o desespero se vire contra o serviço público. Sabe-se que os médicos portugueses abandonam os SNS porque vão ao privado buscar aquilo que o SNS não lhes fornece. Sabe-se que há médicos estrangeiros (a substituir os portugueses) que pouco percebem de português e mal entendem o que os “pacientes” lhes tentam transmitir. Sabe-se tudo isso e o muito mais do que é feito para que a marca de ineficiência e ineficácia do SNS se transforme num argumento.

A técnica é simples. Perante isto, quem tem posses não tem de ser “paciente” porque vai ao privado, quem as não tem (ou tem de recorrer ao SNS em urgência médica), tem de ser “paciente”, porque a paciência é uma das virtudes e há-de prevalecer a noção de que o SNS não é um direito de quem o paga mas sim um acto de caridade desassociado de humanidade e de respeito pelo sofrimento.

Não irei relatar tudo o que se passou numa das principais urgências deste país na passada 6º feira, porque não quero ajudar a propagar a ideia do mau SNS que temos e ressalvo alguns poucos casos de excepção ao mau serviço, mas não posso deixar de referir três ou quatro coisas inaceitáveis:

Um “paciente” entrou pela mão do INEM na urgência depois de ter sido socorrido de uma baixa de açúcares (desculpem os termos mas não sou um profissional de saúde e relato isto sem pretensão de sabedoria) e esse facto constava do relatório entregue na admissão na urgência. O “paciente” ficou abandonado numa maca sem qualquer assistência até que o acompanhante, ao fim de quatro horas detectou estar a voltar o estado que originou a chamada para o INEM. Só a partir desse alerta, feito a custo pelo leigo aos técnicos da urgência, é que foi iniciada alguma assistência.

Um médico que mal falava português fez questões que, nitidamente, para nada serviam porque não entendeu as respostas, e mandou o “paciente” executar determinados exames. Terminado o processo de “empurra maca de porta em porta” com esperas inaceitáveis antes de entrar (a esta hora os corredores estavam vazios não se justificando as esperas intermináveis), lá se regressou à sala das urgências.

Um segundo médico que observou os exames, uma horas depois, mandou fazer novos exames dizendo que era a primeira vez que via o “paciente” e que entendia que havia exames diferentes a serem feitos. Remeteu o “paciente” para um serviço de especialidade onde não havia ninguém nessa noite (ninguém, quer dizer, nem doentes nem profissionais de saúde) provocando uma espera inútil e interminável de que nada resultou.

Saltando por cima de outras coisas inarráveis, porque pouco adianta continuar, termino com a revelação de que numa próxima (espero que não volte a acontecer) visita às urgências de Santa Maria farei acompanhar-me do meu portátil para relatar, a cada meia hora (dava para 24 Post), o que se passar.

Os projectos do actual poder passam pela morte dos serviços públicos. Se forem só os utentes, “pacientes”, ou como lhes quiserem chamar, a pugnar por eles e os profissionais que estão envolvidos se alhearem, a morte anunciada desses serviços públicos não poderá ser evitada.

Os portugueses nunca defenderão os seus direitos se não lhes reconhecerem utilidade.

Tal como já hoje acontece com a política em que o alheamento da generalidade dos cidadãos é consequência de má qualidade, também os cidadãos nada farão para evitar a extinção de maus serviços, mesmo sabendo que eles são maus para justificar essa mesma extinção.
LNT
[0.390/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXIV ]

Oposição democrática
1973 - Aveiro - Portugal
LNT
[0.389/2012]

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Cenouras há muitos, seu palerma

Pica-pauPodemos sempre analisar as questões sobre vários prismas.

Por exemplo, a entrevista dada ontem por um senhor ruivo a uma senhora jornalista simpática que também costuma servir de sacristã nas homilias dominicais de um professor de direito, que o escreve por linhas tortas, pode ser apreciada como tendo um cariz vinculativo, se o senhor ruivo que a deu estava lá na condição de sopeiro da Senhora Merkel, um cariz informativo, caso o senhor ruivo lá tenha estado na condição de confidente de alguma alta individualidade, ou meramente especulativo, se a condição em que ele se deixou entrevistar era somente a de mais um comentador bem pago para dizer coisas sobre todos os coisos que lhe apetecer.

Teremos por isso de ser esclarecidos em que condição, para além daquela de ser mais um que vive à nossa custa, lá estava e a partir daí atribuir importância ao que disse.

Não se sabendo, nem vale a pena analisar, tal como não vale a pena analisar a conversa de qualquer outro coiso que diga coisas (barbeiros e taxistas, excluídos).
LNT
[0.388/2012]