quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Caça com furão

CoelhoO nosso Primeiro vestiu a pele de lebre partidária e dissertou para a laranjada, que se prepara para o santificar com o grau de “grande líder do pote” no próximo conclave das setas, repetindo a teoria do “colossal” para justificar a tese do “custe o que custar iremos mais além”.

Não está mau para quem já nos habituou a dizer de manhã o que desdiz à tarde e, como o Sócras tem as costas largas, é mais um cravo na ferradura.

Nada de novo, a conversa era para os fiéis e a epístola repete-se antes do sermão.

Continua a lengalenga da desresponsabilização e da fuga aos intentos já completamente percebidos por quem não se dispõe a continuar a ser enganado mas, até mesmo para os seus paroquianos, frei Passos poderia ser mais concreto e começar por explicar que o colosso é sustentado no buraco que o seu mandatário madeirense escondeu debaixo das pedras e no sorvedouro dum negócio laranja chamado BPN.

A caça com furão já foi proibida há muitos anos. Consta que, ao meter o bicho na toca para que o coelho desse as orelhas à luz, eram mais os estragos colaterais que o furão provocava do que a vantagem que o caçador tinha ao fazer um tiro limpo.
LNT
[0.144/2012]

Surdinas [ XL ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Diz-nos a Ministra das mil funções que mantém a questão de fé para que chova, mas que, tal como o bom senso manda, o seu ministério não está sentado à espera que chova.

Era dispensável que tivesse acrescentado, ser prova disso, já ter constituido um grupo de trabalho para monitorização da situação, que é como quem diz, a fé continua a ser o que sempre foi.

E a constituição de grupos de trabalho, também.
LNT
[0.143/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXXI ]

CCTM

Centenário de Tito de Morais - Lisboa - Portugal
LNT
[0.142/2012]

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Uma questão de fé

MagritteEnquanto chove e não chove multiplicam-se as rezas e estranha-se que os cónegos do Caldas ainda não tenham feito sair uma procissão de vento em crista. Tardam soluções mas, como soi dizer-se, a esperança e a fé serão as últimas a perder-se.

As orações de ontem já funcionaram em parte. Hoje havia nevoeiro, essa espécie de mezinha nacional que tanto serve para humedecer as folhas e a terra, como para envolver esperanças e retorno de salvadores. Resta que a fé se fortaleça e o nevoeiro se faça chuva porque, se assim não for, a água benta não nascerá e as vacas sedentas perderão o sorriso.

Sem fé não há milagres e sem eles estamos tramados.

Enquanto isso (as procissões e as rezas) os troikos, que já estão em debandada com a barriga cheia do nosso Sol, deixaram ficar no pote mais um saco de moedas em troca da nossa felicidade para que continuemos a construir o túnel para além do túnel desde que seja feito com trabalho cada vez mais servo.

Prometem que voltarão quando a procissão sair do adro e o povo estiver de joelhos submetido aos sacristãos que, custe o que custar, deverão continuar a fustigá-lo com penitência, para remissão dos seus pecados.
LNT
[0.141/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXX ]

Forte quatro águas

Quatro Águas - Algarve - Portugal
LNT
[0.140/2012]

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A escorrar do lobo

Jiminy CricketSobre o último "Já fui feliz aqui" a Maria deixou um comentário em que dizia que Diogo Alves também lá o teria sido. Lá, no Aqueduto das Águas Livres, tenho ideia que o tipo não terá sido muito feliz, embora a loucura também possa ser felicidade. O "custe o que custar" é bom exemplo disso.

Andei a dar uma volta por aí para poder explicar melhor as coisas de Diogo Alves, uma vez que a sua cabeça pouco explica.

Como os Blogs também têm de servir para nos melhorar, até com o mal dos outros, então aqui fica uma mostra de como Leite Bastos falou do galego.

Fica com o aviso para que, tanto o texto como a imagem referida, podem ferir almas sensíveis.
Estão por vossa conta e risco.
LNT
[0.139/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXIX ]

Aqueduto

Aqueduto das Águas Livres - Lisboa - Portugal
LNT
[0.138/2012]

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A orfandade é lixada

Magritte GozoBastou que a actual direcção do PS desse eco a uma coisa nova que apareceu na Europa, e que queriam fazer despercebida no rectângulo, para se regressar ao tempo do malhar.

No entanto essa coisa nova, que não é grande coisa porque vem de onde vem e não traz consigo a ideia social, tem alguns aspectos menos maus e, principalmente, comporta a ideia de que mais vale algo menos mau, desde que venha de gente que não se deixa submeter, a uma outra já experimentada e tida por péssima e que ainda se apresenta com laivos invasivos e dominadores.

Sabemos que de Inglaterra não sopram bons ventos europeus e que os súbditos de sua majestade estão muito mais interessados nos negócios além atlântico do que nos do continente a que estão adjacentes, mas também sabemos que dificilmente se deixarão vergar à bota já vezeira em calcorrear o leito do Danúbio.

O que o documento dos 12 PM europeus não-submissos tem de importante, para além de apontar caminhos diversos (relativamente diversos), é demonstrar à imperatriz do contado e ao seu míope aliado, que os povos europeus podem ser rebeldes e que continuam a ter braços para abrir trincheiras que inviabilizem a invasão.

Seguro fez bem em lembrar isso a quem anda de monco caído e aos órfãos que se arrastam na dor.

É que há valores para além troika e, se há países que são pouco mais do que protectorados, continuam a existir nações na Europa que são mais do que simples países. Esses não se rendem, nem se deixam amesquinhar de braços caídos.
LNT
[0.137/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXVIII ]

Jack Vettriano

Jack Vettriano - Escócia
LNT
[0.136/2012]

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quinta de cinzas

VacaTenho pena que não exista a quinta-feira de cinzas. Nada teria melhor sentido até para contrabalançar o que acontece com a terça gorda que se faz suceder pelo cinzento da quarta-feira.

Em anos como este que corre, em que a terça-feira gorda (e temos a promessa de que todas as seguintes) foi objecto de intolerância porque o objectivo de empobrecimento não se compadece com farras obesas, há que punir com a carne aquilo que o peixe nunca punirá.

Custe o que custar, havemos de obrigar o Entrudo a falecer de tísica, tal como já fazemos com outros ruminantes enquanto as vacas andam de cornos no ar à espera de que as macumbas feitas com animais de crista resultem em precipitação.
LNT
[0.135/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXVII ]

Bateaux Mouche

Bateaux Mouche - Paris - França
LNT
[0.134/2012]

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um “imaginemos”

Barros de feiraUma cidadã europeia, simpática e charmosa, com uma conta bancária tão simpática como ela própria, propôs-se comprar ao Zorba uma pilha de pratos.

O Zorba acedeu com a condição de lhe vender os pratos em lote, ficando por conta da cidadã o risco de nesse lote haverem pratos lascados (o que pouco importava porque os pratos destinavam-se a ser partidos).

A cidadã, na posse do lote, retirou os pratos bons e com os lascados fez nova pilha que vendeu por atacado. Com o lucro propôs ao Zorba novo negócio igual informando-o estar disponível para o financiar.

Com esse financiamento o Zorba comprou nova pilha de pratos lascados e meia dúzia de pratos bons, misturou-os e vendeu o lote à cidadã.

O ciclo repetiu-se.

A cidadã tinha cada vez mais dinheiro e o Zorba ia dançando, embora cada vez tivesse mais dívidas, até que um dia a cidadã o informou de que já não queria mais pilhas de pratos e que pretendia que ele pagasse aquilo que lhe devia.

Como o Zorba não tinha esse dinheiro pediu à cidadã que lho emprestasse. A cidadã assim fez, o Zorba pagou-lhe e, de seguida, pediu perdão da nova dívida e suicidou-se.

A cidadã ofereceu-se para pagar o enterro do Zorba com o dinheiro de uma cooperativa que entretanto tinha feito com outros cidadãos e perguntou ao Manuel se ele tinha uma pilha de pratos para negociar com ela...
LNT
[0.133/2012]

Já fui feliz aqui [ MLXXVI ]

Lago da Consolação

Lago da Consolação - Arraiolos - Portugal
LNT
[0.132/2012]

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Surdinas [ XXXIX ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

O resgate da Grécia serve para que os bancos alemães e franceses recuperem aquilo que investiram em dívida grega. Nada tem a ver com o povo grego.

Mais valia que tivessem entregue o dinheiro directamente aos bancos, seria mais honesto.
LNT
[0.131/2012]

Banks, not taxpayers, should be responsible...

Onda
(...) Finally, we must take steps to build a robust, dynamic and competitive financial services sector that creates jobs and provides vital support to citizens and businesses. Implicit guarantees to always rescue banks, which distort the single market, should be reduced.
Banks, not taxpayers, should be responsible for bearing the costs of the risks they take.
While pursuing a level playing field globally, we should commit irrevocably to international binding standards for capital, liquidity and leverage with no dilution, ensuring that EU legislation adheres to Basel 3 standards to ensure financial stability and meet the financing needs of our economies. Banks should be required to hold appropriate levels and forms of capital in line with international criteria, without discrimination between private and public equities. We also call for rigorous implementation of the G20 principles on banking sector remuneration in line with existing EU legislation
.(...)
Este trecho faz parte de uma carta assinada por 12 Primeiros-Ministros europeus dirigida a Durão Barroso e a Herman Von Rompuy.

Portugal ficou à margem. Parece que o assunto não lhe diz respeito, como aliás parece ser também opinião dos jornais portugueses que dela passaram ao largo fingindo não existir.

Nem por ser carnaval a coisa fica menos mal.

Pedro Passos Coelho (onde andará Portas que parece nada ter a ver com estes negócios estrangeiros) prefere manter-se curvado no beija-mão submisso à senhora Merkel e ao governador de Vichy, a alinhar ao lado de David Cameron, Mark Rutte, Mario Monti, Andrus Ansip, Valdis Dombrovskis, Jyrki Katainen, Enda Kenny, Petr Nečas, Iveta Radičová, Mariano Rajoy, Fredrik Reinfeldt e de Donald Tusk.

Como escrevias, Pessoa?
Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho
Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca da nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece

Fernando Pessoa, in O Livro do Desassossego
LNT
[0.130/2012]