segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Até alguns ministros são mais iguais do que os outros

Bloco MinistroEscapando ao conceito moralista da coisa gostaria de sublinhar que não entendo que os políticos sejam todos uma cambada e ainda menos que sejam todos iguais.

A introdução é para chegar ao caso do Ministro que a comunicação social colocou na mira para moralizar a ética e que agora, depois de apontado e picado resolveu abdicar de um direito consignado na Lei. Pior do que abdicar daquilo a que tinha direito foi fazê-lo por estar a ser alvo de crítica. Pior do que se apresentar magnânime na abdicação é não haver uma regra que impossibilite que essa situação se possa verificar.

Se o espírito de missão (neste caso só existente depois de a opinião pública a tal o ter obrigado) propõe a beatificação do Ministro, o espírito e a letra da lei deveriam tê-lo impedido de receber aquilo de que agora abdicou.

Mas esta coisa de alvos na Comunicação Social sempre teve muito que se lhe dissesse. A excitação que o subsídio de alojamento provocou nos meios comunicacionais é inversamente proporcional àquela que a mantém em silêncio sobre a hipótese de haver quem exerça cargos no Governo optando pelos vencimentos que detinha antes de ser nomeado.

Será que não há por aí Ministros que ganham mais do que o Primeiro-ministro? (não digo que o Presidente da República porque esse já optou por ser pago pelas reformas dado serem superiores ao salário que a República entende ser o pagamento justo do cargo)

Uma vez mais não estamos a falar de conceitos moralistas, mas só de moralidade. É que não é possível que se deixe morrer alguém porque se inviabilizou um transplante por questões orçamentais e quem o inviabilizou não prescinda (obrigatoriamente e por lei) de receber por funções que não exerce (p.e. a de gestor bancário).

É como se um mestre barbeiro passasse a coveiro mas reclamasse continuar a ter por pré as benesses da arte de barbear.
LNT
[0.476/2011]

Já fui feliz aqui [ CMXC ]

Castelo de São Jorge
Castelo de São Jorge - Lisboa - Portugal
LNT
[0.475/2011]

domingo, 23 de outubro de 2011

Cinismo [ III ]

Vitor Gaspar



As contas do cinismo são fáceis de fazer. Só não se apresentam em Euros porque, se nem o próprio Governo sabe quantos são os trabalhadores do Estado nem quanto ganham, como poderia saber um miserável barbeiro.

Mas vamos por salários para que se entendam as contas que o cínico-mor fez (possivelmente ajudado pelo matemático da Educação) e como se chega aos 100.000 trabalhadores da Administração Pública que eles vão despedir.

Tudo parte da afirmação do Ministro dos Impostos quando fala de 50 /100.000 trabalhadores do Estado para justificar o número de despedimentos que não fará no próximo ano justificando assim o roubo dos 13º e 14º mês e informando que não avançou para o despedimento porque não tinha dinheiro para pagar as indemnizações.

Contas por alto, para não me diferenciar muito das contas do Governo:

Há 700.000 trabalhadores do Estado (central, local e empresarial)
Retirando dois meses de salário a esta gente poupa-se em 2012:
700.000 X 2 = 1.400.000 salários que a dividir por 14 meses dá 100.000, logo o equivalente ao vencimento de 100.000 trabalhadores do Estado. Imaginando que a indemnização para despedir um trabalhador do Estado barato anda por dois anos de salários, em Janeiro de 2013 já se conseguem despedir 50.000 trabalhadores.

Aplique a regra em 2013 e teremos o Governo, com o dinheiro retido aos trabalhadores do Estado, a conseguir os montantes necessários para despedir 100.000 trabalhadores do Estado.

É verdade que ele disse que eram entre 50 e 100.000 trabalhadores e isso dependerá certamente de despedir só em 2013, poupando 2014 para que em 2015 não tenham uma derrota mais que certa nas eleições.

Esta malta é genial, muito para além da troika, não é?
LNT
[0.474/2011]

Valha-nos Deus

RessurreiçãoA religiosidade de Passos Coelho é uma bênção neste bocado de terra. A teologia que aprendeu mal, o que lhe provoca o impedimento de raciocinar decentemente, leva-o a preferir a dicotomia bem/mal, desconsiderando o saber de que todos os seres humanos são filhos de Deus e fazendo-o entender que os trabalhadores do Estado são o mal, em oposição aos do privado.

É esta religião por si mal compreendida que o levou a evocar Deus quando soube que o seu mestre-escola declarou que ele praticava a iniquidade. É essa moral mal captada que não lhe mete a mão na consciência quando ele pratica o contrário do mandamento que diz: Não roubarás.

É que Passos Coelho e Paulo Portas e pelos vistos também a senhora do banco alimentar, Isabel Jonet, que melhor faria em estar calada para evitar más vontades que levem o Banco Alimentar a não ter os sucessos do passado, não conseguem entender que os vencimentos são calculados anualmente e que os 13º e 14º mês, ao contrário do que se pretende quando os designam como "subsídios", entram nesse cálculo. Não é o facto desse vencimento ser dividido por 14 e não por 12, como deveria ser, que faz deles um suplemento. Se ela assim entendesse, facilmente teria percebido que o que se está a passar é um abuso ilegal por parte do patrão-estado, uma vez não se tratar de um imposto (se o fosse tinha de ser aplicado a todos os trabalhadores independentemente da entidade patronal para quem trabalham), e que a aplicação desta medida escancara a possibilidade de, a partir de agora, o Governo poder unilateralmente decidir que também não pagará o mês de Janeiro, Fevereiro ou qualquer outro que lhe venha a passar pela cabeça.

Valha-nos Deus, porque quem entrevista esta gente nunca é capaz de nos fazer esse favor. Valha-nos Deus, porque quem é entrevistado não faz a mínima ideia de que as relações de trabalho têm regras de conduta legais.
LNT
[0.473/2011]

Surdinas [ XIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Enquanto aguardo pela reprovação da China em relação à execução do terrorista Líbio, assisto estupefacto à enésima repetição da selvajaria que o fez finar.

Estava convencido que a lei não permitia a passagem de cenas destas mas provavelmente estava enganado e esse impedimento só tinha a ver com a ética, coisa que se sabe ter sido erradicada há uns anos das televisões.
LNT
[0.472/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXXIX ]

Coelho Portas
Pactos que valem uma Constituição - Lisboa - Portugal
LNT
[0.471/2011]

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Surdinas [ XII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Se as pensões tivessem tecto, o Estado gastava menos cumprindo à mesma o seu papel social. Isto porque se sabe que não é verdade que aquilo que se desconta é aquilo que se recebe de pensão. Também se sabe que quem mais tem deve pagar mais para que os que menos têm, possam ter mais qualquer coisa.
De mansinho: o valor dos descontos X o valor de meses em que se fizeram + uns pozinhos que esses capitais renderam ao longo do tempo + muito boa vontade, é igual a uma data de dinheiro do Orçamento de Estado para cobrir os muitos anos de pensões que estão para além dos descontos efectuados.

Guterres diria sobre isto: "façam as contas" e eu acrescento que tem mesmo de se estabelecer um tecto máximo para as pensões. (já para não falar das muitas pensões que nem sequer têm por suporte o tempo necessário de descontos suficiente para que sejam pagas)
LNT
[0.470/2011]

Cinismo [ II ]

Vitor Gaspar



Há por aqui clientes simpáticos, como todos os clientes desta casa mesmo quando insultam e se apresentam anonimamente para "deitar abaixo", que têm alguma dificuldade em entender que isto é um Blog e não a cadeira de compreensão e de entendimento de uma escola qualquer. Ao sentarem-se na cadeira de um barbeiro deviam entender que os serviços prestados estão relacionados com cabelos e pêlos (aqui também se fazem depilações, virilhas incluídas), massagens diversas, unhas e sobrancelhas. Não há a intenção de ensinar, nem tão pouco a função de consultadoria. Isso pode fazer-se noutra sede mas, como não é uma função pública e ainda não chegámos à Madeira, terá de ter pagamento.

Ora, vem isto a talho de foice porque, quando falei do cinismo, fui bombardeado no sentido de prestar melhores esclarecimentos e soluções, como se um barbeiro fosse um Ministro ou tivesse a responsabilidade de resolver as porcarias que são feitas por esses senhores que se deslocam de BMW’s e Mercedes de última geração.

Mas ainda assim dou mais uma explicação para o cinismo elevado à potência que está subjacente aos anúncios do cínico-mor deste reino republicano. Diz-nos Vitor Gaspar que não avançou para o despedimento de 50 / 10.000 trabalhadores da Administração (este intervalo entre um número e o seu dobro é a verdadeira demonstração do desconhecimento desta gente que nos desgoverna. - já o PM dizia a calinada do 10 / 15% em relação ao desvio dos vencimentos públicos/privados e insiste na outra do "desvio...colossal" sem quantificar nem identificar a origem -) porque isso era caro, uma vez que teriam de se pagar indemnizações. Ao dizê-lo, estava a informar que a medida de corte dos 13º e 14º meses de 2012 e 2013, mais não é do que uma primeira etapa para conseguir verbas suficientes para implementar a medida estrutural, ou seja, o despedimento de 100.000 trabalhadores da Administração Publica.

Não disse, mas acrescento eu para esclarecimento desses perguntadores da bloga, facebookianos e eMailianos, que ele, Gaspar, pretende financiar-se com estas reduções dos vencimentos da Administração Pública para ... passar a dispor de meios financeiros que lhe proporcionem pagar as indemnizações dos despedimentos que quer fazer.

Despedir funcionários públicos usando para o efeito o dinheiro que lhes retirou do vencimento durante dois anos é o cúmulo do cinismo, não é?
LNT
[0.469/2011]

Já fui feliz aqui [ CMLXXXVIII ]

Colégio São João de Brito
Colégio São João de Brito - Lisboa - Portugal
LNT
[0.468/2011]