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segunda-feira, 30 de março de 2015

Acidez e maus fígados

LimãoÉ, no mínimo, estranho que um candidato a Primeiro-ministro não felicite publicamente, na noite eleitoral, o futuro Presidente do Governo Regional da Madeira com quem irá ter de se relacionar caso venha a ser eleito chefe do governo da república.

Mais estranho ainda quando Miguel Albuquerque substitui Alberto João Jardim dando assim por concluído um ciclo de quatro décadas de poder democrático musculado numa região de Portugal que agora, com o novo líder eleito, se disponibiliza para ser mais dialogante com as políticas nacionais.

São estas estranhezas que não se entranham e que deixam preocupação quanto à atitude política pós-legislativas e quanto à afirmação necessária de alternativas à postura política que tem sido seguida em Portugal desde a noite eleitoral em que Cavaco destruiu a ideia de que os órgãos de soberania de topo não o são do todo, mas só da parte que os elege.

Por muito que o Partido Socialista esteja enxofrado com a primeira derrota eleitoral conseguida nos últimos quatro anos, não se justifica que a praxe democrática de saudação dos vencedores seja quebrada.

No fundo, em democracia, há sempre que desejar bom desempenho e sucesso aos vencedores porque é desse sucesso que depende o bem-estar de todos os cidadãos, sejam eles nacionais ou regionais.
LNT
[0.172/2015]

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O Pontal de amanhã

Galo de Barcelos
Já se prevê Passos Coelho de guedelha ao vento a anunciar sucessos, ainda que fingindo não os anunciar por prudência.

Já se prevê Passos Coelho com tez de bronze a esquecer de anunciar, sem fingir de que se esqueceu de ter prudência, de um milhão sem emprego, de mais uns milhares a caminho dele, de mais outros tantos abaixo da linha de água, de uma juventude sem esperança, de velhos sem assistência nem medicamentos.

Já se prevê que haverá cartas olvidadas, revogáveis ou não, sejam de mestres confessos de políticas falhadas, sejam de mestres confessos em jogos florais e de artimanhas do poder.

Já se prevê que a missa do Pontal terá um Coelho a fazer de galo, como o de Barcelos, com a diferença que este não se irá levantar da travessa quando lhe ordenarem que volte a cantar.
LNT
[0.259/2013]

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Mitologias

Fénix RenascidaPassos Coelho foi ontem à Amadora, em campanha eleitoral, para anunciar que o seu PSD está preparado para perder estas e todas as seguintes eleições. Não deixa de ser interessante verificar que escolheu para local do anúncio exactamente o concelho onde perdeu, ainda em tempos de vacas gordas, sem honra nem vergonha as eleições que o seu Partido lhe havia confiado.

Desta vez pendurou-se na sua mentira preferida, afirmar que nunca mente, para justificar a derrota anunciada. Como todos os fundamentalistas gritou aos sete ventos que o caminho que nos pôs a trilhar não tem retorno e que havemos de atingir a redenção ainda que para tal seja necessário sucumbir.

O ilimite da sua imbecilidade junta o devaneio alucinado de se julgar o profeta da salvação com a fantasia de que só a morte tem efeitos purificadores.

Foi assim que informou que "os portugueses são vistos agora como trabalhadores, cumpridores e honrados", sem revelar as fontes em que se baseou para esta máxima constatação e fazendo crer que antes o não eram.

Coelho seguirá a sua cruzada de destruição convencido de que, das cinzas e quando nada mais houver para destruir, há-de renascer como Fénix. Esquece-se que nem ele é uma ave, nem a Amadora é Heliópos e esquece-se também que a pitonisa que lhe serve de bengala diz-se democrata-cristã nada fazendo crer que esteja disponível para se oferecer à pira em sacrifício a deuses pagãos.
LNT
[0.156/2013]

domingo, 12 de maio de 2013

Portas já marcou outra Conferência de imprensa?

Campo PequenoOs resultados das sondagens do último fim-de-semana foram determinantes.

Se Passos Coelho se pode dar ao luxo de dizer à cacicagem autárquica do seu Partido que se está nas tintas para as eleições (por falar nisso, já terão encontrado candidatos para Lisboa e para o Porto?) – ele que até tem por mentor um homem que gosta de deixar claro que exerce o poder sem nunca ter sido eleito -, já Paulo Portas sabe que quem tem um Partido transportável num táxi nunca poderá ambicionar a passear de Falcon, ou coisa que o valha.

Diz-nos agora o Expresso que “A convocação das duas reuniões extraordinárias, do Governo e do PSD, ilustra o regresso de um clima de ameaça de crise à coligação” como se o tal clima de ameaça alguma vez tivesse sido abandonado, ou não fosse Paulo Portas uma ameaça permanente a qualquer coligação, principalmente quando percebe que a sua pose e prosápia já não engana quem quer que seja.

Quanto ao PSD ser posto de prevenção é um manifesto exagero. Se não acreditam perguntem ao Carlos Abreu Amorim.
LNT
[0.109/2013]

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Passos Coelho irrita os portugueses

CoelhoDiz-nos o Sol que PSD irrita Passos Coelho.

Por aqui acha-se mal. O máximo que deveria suceder seria que só Passos Coelho tivesse a possibilidade de irritar toda a gente. Deveria caber nos conceitos de impunidade e inimputabilidade tidos por este homenzito, o direito a não ser irritado pela cacicagem alaranjada.

Passos Coelho, ainda por cima, não é gente que se deixe irritar, senão veja-se o sorriso que faz quando a gorducha alemã lhe puxa as orelhas, o cherne português lhe dá um safanão, o algarvio da Coelha lhe dá um beijo na boca, ou o seu parceiro de coligação o deixa a falar sozinho.

Até agora, que se soubesse, ao Coelho só irritava o facto de ter de se submeter a votos porque, embora deixasse claro que nunca cumpriria o que prometia para os ganhar, custava-lhe ter de se comprometer com ideias e doutrinas com que não concorda.

Se o PSD continua nesta senda, Coelho irritado, vai avisando que da próxima fará como Gaspar. Assume o poder sem ser eleito. O PSD que se cuide.
LNT
[0.104/2013]

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O direito a continuar a falhar

Sumo de laranjaAquele rapaz do PSD que aparece nas televisões como o sábio do teorema do disparate veio ontem a público exigir que o Partido Socialista apresente alternativas para que possa levar avante a Moção de Censura entrada na Assembleia da República.

Como é minha reconhecida falha, sou mau para recordar nomes, principalmente nomes de sábios demonstradores de tal teorema e pedi ajuda no FaceBook para que me recordassem a “graça” de tão ilustre orador, ao que a Palmira e a Maloud acederam de imediato informando tratar-se de Moreira da Silva.

Assim sendo, posso dirigir-me a Moreira da Silva recordando-lhe que ele e os seus seguidores e seguidistas apresentaram uma pseudo-moção-de-censura na Assembleia da República, há mais ou menos dois anos, baseada em alternativas do tipo “já basta de impostos e de PEC’s, a Troika ao poder, já!” ou, em versão mais soft, “há limites para os sacrifícios”, coisas de fazer parar o trânsito pela assertividade que tinham e que resultaram no maior saque alguma vez realizado ao povo português através da aplicação de um programa que nunca foi sufragado e que afinal tinha por agenda escondida “ir além da Troika”, “empobrecer a canalha” e “custe o que custar, havemos de lá chegar”.

As alternativas que o mestre de Moreira da Silva apresentou para avançar para eleições e assim chegar ao pote foram as meias verdades de que o PSD nunca cortaria o subsídio de Natal (porque na realidade haveria de cortar o de Natal e o de Férias) e foram as restantes inverdades de que bastaria arredar Sócrates para que os juros diminuíssem, o desemprego parasse e os impostos e os restantes sacrifícios não aumentassem.

As alternativas exigidas por Moreira da Silva são mais do mesmo em relação à arrogância perante os direitos constitucionais e mais uma pressão, desta feita ao próprio povo português, para que cesse a censura a este Governo falhado que insiste em querer falhar mais por dois anos.
LNT
[0.028/2013]

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Da masturbação

Mão estacaAinda não consegui entender muito bem o que saiu destas duas semanas de marmelada entre o Psd e o Cds.

Sempre me quis parecer que se tratava de uma questão relacionada entre a teoria de andar à chuva sem se molhar, por um lado, e a de despencar a mioleira de quem engendra modelos teóricos contra uma ventoinha, por outro.

Um pouco radical, pensará quem desse lado está a apanhar com o que sobra da merda das teorias desta gente, mas que a coisa fede, fede e mais que feder, ...-nos.

Eles aí estão, aos beijos e carinhos, dizendo que não, dizendo que coiso e tal e tal e coiso, que aquilo que disseram não foi bem interpretado, convencidos de que a masturbação é o acto supremo para atingir a satisfação.

E as eleições que se lixem! Os eleitores que sobram, também!

Cínicos, aldrabões e dissimulados.
LNT
[0.441/2012]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Podiam fazer a festa do Pontal no Alfeite

CapSeria uma questão de coerência. Seria uma precaução de segurança. Seria uma extensão do bunker onde andam refugiados vai para ano e picos. Seria a utilização de uma terra de ninguém onde poderiam acolher os seus parceiros de coligação. Finalmente, seria a forma de darem alguma utilidade aos meios submarinos perdidos no meio dos papéis que fizeram perder.

Não só Portas poderia usar o “cap” da Navy e as condecorações de Rumsfeld, como os seus anfitriões poderiam apresentar-se de galochas para evitarem molhar os pés no lastro que não pára de jorrar sempre que o INE faz mais uma divulgação dos números resultantes da política de empobrecimento que insistem em levar a cabo.

Poderiam igualmente fazer discursar o soba madeirense já que ele prescindiu da sua festarola de Chão de Lagoa na sequência da queimada que afligiu a nossa Pérola do Atlântico.

Se fizessem a festa do Pontal no Alfeite podiam aproveitar a capela da Escola Naval para que Cristas rezasse por chuva, para que a outra senhora loira da justiça (de quem não se pode dizer o nome), vestisse o camuflado dos fusos para ficar invisível, para que Crato se voltasse a fazer Prior e para que Macedo levantasse as mãos ao céu e orasse uma prece em memória dos defuntos que vai enterrando.

Seria também o local próprio para que Álvaro reencarnasse o Adamastor e para que Pedro se penitenciasse das coberturas que Marcelo sentencia que Coelho faz a Relvas ao invés das que Relvas, sem equivalências, lhe deveria fazer a ele.
LNT
[0.371/2012]

terça-feira, 5 de junho de 2012

A farinha e o saco

Olhos Ferreira LeiteDe vez em quando, Manuela Ferreira Leite diz o que toda a gente sabe, diz o que toda a gente diz e diz aquilo que os seus também sabem mas querem fingir que não sabem. O tal acordo com a Troika, que já não é o que foi assinado pelo PS, PSD e CDS, mas outro que o PSD e CDS têm andado a modificar às pinguinhas para que ninguém dê por isso, nunca foi feito para ser cumprido, porque é inexequível.

Foi exigido pelo PSD (lembram-se dos números de circo que Catroga fez na altura e que não valiam um pentelho) numa estratégia afinada com o inquilino aposentado do Pátio dos Bichos para ajustar contas com aqueles que ele anunciou não serem dos seus no dia em que foi reeleito pela menor maioria de sempre.

Ferreira Leite sabe, mas não diz que sabe, que o memorando é o bode expiatório para que, custe o que custar, os portugueses deixem de ter uma classe média-média e média-baixa que tem de ser empobrecida para que a classe média-alta e a dos novos-ricos possam dispor do excesso de oferta de mão-de-obra o que lhes permitirá rendimentos de nível superior.

O memorando será revisto, como não poderá deixar de ser, mas só o será quando o trabalho deixar de estar regulado, a saúde deixar de ser um serviço nacional, a necessidade de trabalhar a qualquer preço for realidade e as escolas voltarem a ser o meio de diferenciação entre os dominantes e a ralé que entretanto se atreveu a deixar de saber os ofícios que lhes estavam destinados por nascença.

Manuela sabe que esta é a estratégia e até nem se importa que ela se faça mesmo com a suspensão da democracia. Só tem medo que a dose esteja a ser forte de mais e que o povo se aperceba da marosca.
LNT
[0.292/2012]

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Nós só negociamos o vosso “SIM”

Formação parelha T6G
O Tratado Europeu ratificado o mês passado já não agrada completamente ao PSD que quer um “mecanismo extra” por parte da Europa e desafia o PS a negociar um projecto de resolução que defenda o crescimento económico. Ainda assim os sociais-democratas não vão viabilizar um tratado adicional como defendem os socialistas.
Por outras palavras: Nós só negociamos o vosso “SIM”.

Continua esta paspalhice da imposição até mesmo quando o PSD faz crer que a importância da eleição de Hollande foi um mero e insignificante capítulo na História da Europa, e que a sua mudança (do PSD) se deve à inspiração divina.

O que o PSD vai ter de aprender em breve é que o seu papel de lacaio perante os grandes e de prepotente perante os mais fracos está por um fio porque quem serve a dois senhores acaba sempre por ser morto por um deles.

Passos Coelho continua a preferir a sobreposição dos interesses partidários e de casta aos interesses nacionais. A máxima responsabilidade até agora revelada por Seguro, que tem feito das tripas/coração para que todos possamos sobreviver a este sacar insano do capitalismo selvagem e para que seja possível ultrapassar a montanha sem despenho no precipício, poderá ter de o fazer mudar de estratégia, caso Passos Coelho continue na senda da imposição.

Não é possível navegar-se em formação quando o líder da esquadrilha não pára de disparar sobre o seu asa.
LNT
[0.270/2012]

segunda-feira, 26 de março de 2012

Só Sócrates consegue superar Lady Di

Cartaz proibidoBem, a coisa não é tal e qual assim. Lady Di está morta e enterrada e Sócrates está bem vivo e recomenda-se. Mas, em termos de saída de cena, podemos fazer o paralelo e por muito estranho que seja, Sócrates, pelo menos na Lusitânia, consegue superar as caixas altas e baixas dos jornais e até consegue ter sido, um ano depois de já pouco ter a ver com a porcaria que os actuais senhores do Governo andam a fazer, o assunto mais discutido e debatido no Congresso absolutamente Coreano que o PPD/PSD convocou para impor a vontade de Passin Il I (aquela de subir à tribuna para mandar votar bem o que ele entendeu ter sido mal votado pelas bases do seu Partido nem lembrava ao próprio Kim da Coreia).

Sócrates nunca foi o meu forte, confesso. Confesso também que, de todos os Secretários-Gerais do Partido Socialista, foi o que menos me agradou. Confesso também que nunca votei nele dentro do Partido Socialista. Nada disto é novidade. Quem me lê regularmente e/ou me conhece partidariamente, sabe-o bem. Mas uma coisa é ser discordante e outra é ser raivoso e foi esta última característica que mais se fez ver na laranjada norte-coreana do multiusos.

Até o busto de bronze montado no altar onde se fazem aquelas missas corou com tanta pouca vergonha e se é verdade que dali não arredou pé, nem quando se malhou no lombo da coisa (vá lá que ainda não foi desta que o homem citou aquela outra popularuchada do "a quem não sabe ***** até os ******* atrapalham"), deve ter-se enfurecido por nunca ter sido citado enquanto que Sócrates fazia parte de todas as frases.

Uma pepineira de Congresso só igualável à falta de sentido de Estado que fez as parangonas do Expresso desta semana. Decididamente estamos muito mal entregues.
LNT
[0.179/2012]

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Acordo negociado por outros

AgendaPassos Coelho insiste, convencido que uma inverdade não é uma mentira. Diz sempre, repetindo à exaustão, que a culpa não é dele mas sim do "acordo negociado por outros", para logo de seguida usar a expressão querida do "ir mais além" desmascarando a sua inconsequência e irresponsabilidade.

Contradiz a própria mentira.

Faz esquecer que ele, Paulo Portas, Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa mandaram as suas tropas chumbar na AR, com o beneplácito de Belém, um compromisso negociado e acordado com os nossos parceiros europeus fazendo com que o anterior Governo se visse obrigado a negociar aquilo que aí está para que servisse de muleta ao assalto ao poder e à morte do social.

Ainda ontem o sindroma da mentira se voltou a revelar e é hoje repetido incessantemente em todos os órgãos de comunicação social, ao mesmo tempo que Passos Coelho apresenta finalmente, em formato de livro, a agenda que escondeu aos portugueses, inclusive ao seu grão-mestre belenense.

Nota para avivar a memória:
O acordo foi negociado por um Governo já demissionário, com a assinatura do PSD e do CDS e resulta do chumbo que esses (e outros) Partidos deram a um outro acordo que, esse sim, tinha sido negociado entre o governo Português ainda em plenas funções e os nossos parceiros europeus.
LNT
[0.082/2012]

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Veículos

Sachs


Uns vão para a Figueira de Citroen e os outros vão para São Bento de Sachs.
LNT
[0.523/2011]

A roubalheira no seu pior

AlgemasTal como imaginava (e estou convencido que irá passar-se o mesmo quando for a altura de liquidar o IRS de 2011), e já o tinha dito neste Blog quando o sonolento Gaspar das Troikas anunciou o segundo roubo do ano 2011 (Imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal), o cálculo que foi feito para os descontos da CGA e para o IGFSS (Segurança Social) sobre o subsídio de Natal fez-se com base no valor bruto do vencimento e não sobre o valor bruto menos a sobretaxa de IRS que foi aplicada.

Quer isto dizer que não lhes basta roubar o que anunciam mas ainda roubam sobre aquilo que não pagam.

Estamos a lidar com bandoleiros. Ainda têm a lata de falar do Sócrates.
LNT
[0.518/2011]

domingo, 23 de outubro de 2011

Valha-nos Deus

RessurreiçãoA religiosidade de Passos Coelho é uma bênção neste bocado de terra. A teologia que aprendeu mal, o que lhe provoca o impedimento de raciocinar decentemente, leva-o a preferir a dicotomia bem/mal, desconsiderando o saber de que todos os seres humanos são filhos de Deus e fazendo-o entender que os trabalhadores do Estado são o mal, em oposição aos do privado.

É esta religião por si mal compreendida que o levou a evocar Deus quando soube que o seu mestre-escola declarou que ele praticava a iniquidade. É essa moral mal captada que não lhe mete a mão na consciência quando ele pratica o contrário do mandamento que diz: Não roubarás.

É que Passos Coelho e Paulo Portas e pelos vistos também a senhora do banco alimentar, Isabel Jonet, que melhor faria em estar calada para evitar más vontades que levem o Banco Alimentar a não ter os sucessos do passado, não conseguem entender que os vencimentos são calculados anualmente e que os 13º e 14º mês, ao contrário do que se pretende quando os designam como "subsídios", entram nesse cálculo. Não é o facto desse vencimento ser dividido por 14 e não por 12, como deveria ser, que faz deles um suplemento. Se ela assim entendesse, facilmente teria percebido que o que se está a passar é um abuso ilegal por parte do patrão-estado, uma vez não se tratar de um imposto (se o fosse tinha de ser aplicado a todos os trabalhadores independentemente da entidade patronal para quem trabalham), e que a aplicação desta medida escancara a possibilidade de, a partir de agora, o Governo poder unilateralmente decidir que também não pagará o mês de Janeiro, Fevereiro ou qualquer outro que lhe venha a passar pela cabeça.

Valha-nos Deus, porque quem entrevista esta gente nunca é capaz de nos fazer esse favor. Valha-nos Deus, porque quem é entrevistado não faz a mínima ideia de que as relações de trabalho têm regras de conduta legais.
LNT
[0.473/2011]

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O que distingue

PSD de duas cabeçasAfinal tinha sido tão fácil, Senhor Ministro. Nem os cidadãos que trabalham na Administração Pública chamavam ladrão a este Governo, nem os senhores perdiam o IRS correspondente aos salários de quem trabalha no Estado, nem sequer deixavam de incentivar, ainda que á força, uma boa parcela de poupança neste País.

Se Vossas Excelências não se quisessem comportar como um bando que põe e dispõe de uma boa parcela da população portuguesa, sacando-lhe o que lhe é devido e a quem ao mesmo tempo continuam a exigir o que ninguém exige aos seus trabalhadores na privada (ai de quem não cumpra os objectivos que o SIADAP impõe);
Se Vossas Excelências não se limitassem a reconhecer que em momentos de crise e aflição, esta parte da população que insistem em difamar atribuindo-lhe culpas que são vossas e que nem aos cornos do diabo se atribuem, é sempre exemplar no serviço público, na qualidade e na dedicação e que não há História de alguma vez se ter recusado ao esforço de reconstrução deste País;

Teriam equacionado a hipótese de, em vez de os assaltar na remuneração pelo trabalho desenvolvido, lhes pagarem o esforço das soluções, ainda que com um diferimento, em dívida pública, títulos do tesouro, certificados de aforro, ou qualquer outro produto deste tipo.

Sabemos que preferem a prepotência, a arrogância e a imposição à boa maneira da direita mais retrógrada da Europa, mas podiam pelo menos, tentar dar algum sentido à expressão "social-democrata" que usam no nome da força predominante do actual poder.

Convenço-me que teria sido isso que Sá Carneiro teria feito no vosso lugar.
LNT
[0.464/2011]

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Abruptamente

Pacheco PereiraFazendo de conta que aquilo que Pacheco Pereira diz tem (nesta altura) alguma importância, dou-lhe razão quando reconhece "falta de solidez" (termo meu) a Passos Coelho.

Na verdade assistir a um líder partidário que na recta final de uma campanha política dirigida só para as suas clientelas (o homem não consegue um voto dos povos de esquerda...) perde energias em guerrilhas pessoais e de vendetta em vez de se concentrar naquilo que interessa ao País, demonstra bem ao que estaremos sujeitos caso venha a ser Primeiro-Ministro.

JPP, como se sabe, não é homem para se ficar. Reconheço-lhe argúcia e sabedoria suficiente para 10 Passos Coelho, assim como lhe reconheço frontalidade e coerência (ainda me lembro da sua recusa para ocupar o cargo na UNESCO). Estou à-vontade porque poucas vezes concordei com ele e a maior parte delas não me limito a ser indiferente, por discordar frontalmente não só do que ele diz mas também dos métodos que usa.

Considero que Passos Coelho tinha todas as razões para não o ter proposto nas listas de deputados uma vez que JPP, para além de lhe ter sido sempre hostil, nunca foi acrescento de valor para o PSD (o seu Spin com Ferreira Leite foi definitivo para chegar a esta conclusão). No entanto, envolver-se em tricas deste tipo a uma semana das eleições, deixa ficar pistas importantes para comportamentos futuros.
LNT
[0.191/2011]

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O cerejeiro de fraque

GinjasA apanha da cereja vai de vento em po(l)pa.

Depois da publicidade do Pingo Doce aos trabalhadores mais simpáticos, limpinhos e afinados da Europa, faltava-nos a imagem do agricultor de gravata, a chegar no seu topo de gama à herdade onde os patrões o aguardam babados para, quase ao colo, o levarem aos degraus que dão para o ramo onde seis ou sete imaculadas cerejas anseiam ser colhidas antes que os rouxinóis as depeniquem.

Podemos ser os pelintras da extrema da União, mas somos gente distinta onde o povo rural é bonito, asseado e perfumado. Um povo trabalhador e educado a colher os frutos da terra com parcimónia, de camisa alba e gravata de seda, embora arregace as mangas para fazer a lavoura. Um povo primário onde o suor do rosto dos patrões se mistura com a galhofa do assalariado ao ver o galho de cerejas que lhe está destinado colher. Um povo bem tratado. Um povo incentivado a comer, empoleirado, grande parte daquilo que colhe, mesmo que se atrapalhe no momento de cuspir o caroço.
LNT
[0.189/2011]

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

What's up, Doc?

Bugs BunnyPedro Passos Coelho esteve em silêncio durante uns dias. Consequência: O PSD subiu nas sondagens. É sempre assim quando PPC fica calado.

Mas PPC, que segundo alguns comentadores políticos está em fase de aprendizagem (sem nunca dizerem de quê e para quê), detesta ver o seu Partido com pretensões a chegar ao poder com maioria absoluta e voltou a falar para reconhecer as suas limitações.

Dizia ele, se bem ouvi, que limitar o vencimento dos gestores públicos ao ordenado do Presidente da República *, era promover o clientelismo e a incompetência porque os melhores recusariam assumir lugares nas empresas públicas.

Estando ele na corrida para ser Primeiro-Ministro, que ganha menos que o Presidente da República, ficamos esclarecidos sobre a sua competência, não é?

* O actual Presidente da República, tendo sido obrigado a optar entre o vencimento do cargo ou as suas reformas, optou pelas reformas por elas serem superiores ao vencimento de Presidente da República.
Fica a lembrança só para se ter uma ideia da espoliação feita aos contribuintes a favor do pagamento de pensões vitalícias superiores ao vencimento do mais elevado cargo do Estado.
Há que nascer duas vezes...

LNT
[0.072/2011]