quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Zarolho

Passos Camões
Fica-te então com Camões, Passos,
porque já não nos enganas,
nem aquém da Lusitânia, nem além da Taprobana
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade;
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade;
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.


Os Lusíadas
Canto IX - 28
LNT
[0.451/2012]

O tempo dos risos

Gaspar, Coelho, Relvas
Acabou.

Passos Coelho, Paulo Portas e a equipa por si sustentada, e que os sustenta, fartaram-se de rir, a bom rir, e, enquanto riam, não perceberam que os portugueses olhavam para eles cada vez mais sérios e desconfiados.

Tiveram o que a maior parte dos governos não teve: Um País consciente das dificuldades e disposto a colaborar. Tiveram de todos, à excepção dos que nunca se dispõem a ajudar e a construir, compreensão e disponibilidade para o sacrifício.

Contaram com a tolerância do Partido Socialista, contaram com o apoio dos empresários, contaram com a cedência dos trabalhadores e com a esperança do povo que não conhecem e com quem não se misturam.

A todas as exigências, mesmo às mais radicais, a população respondeu com civismo e com um “vamos lá por esta coisa em ordem”.

No entanto, preferiram ancorar-se numa máquina de propaganda e numa estratégia comunicacional de imposição e arrogância sem nunca entenderam que a forma só releva o conteúdo se os resultados tiveram sucesso. Atrevidos, como o são todos os prepotentes, ignoraram a Lei Fundamental conseguida a ferro e fogo, ignoraram a cultura milenar dos portugueses, ignoraram as características humanistas dos seus governados e ignoraram os seus próprios eleitores.

Não perceberam a Nação. Julgaram-se acima dela, insultaram e amesquinharam todos, riram-se, riram-se muito, enquanto, alucinados, se alheavam da realidade e começavam a ter o retorno das imbecilidades que nunca corrigiram por serem obtusos no fundamentalismo e radicalismo.

Perderam tudo: A confiança, a esperança, o crédito, a tolerância e a razão.

Ainda se riem, cinicamente, mas riem. Mas já só se riem uns dos outros. Riem-se no gozo das suas sacanices e traições.

O País deixou de lhes achar graça e, em breve, o resto do Mundo também.
LNT
[0.450/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXXV ]

Hermitage
Hermitage - Palácio Ajuda - Portugal
LNT
[0.449/2012]

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Prometer cuecas a Belzebu

DiaboAgora que na Gringolândia já há campanhas eleitorais que propõem que as janelas dos aviões se possam abrir, passou a ser mais claro que o direito ao disparate é uma prorrogativa da globalização.

Claro que nos USA a ignorância não é total. Não foi dito que as janelas se poderiam abrir em todas as aeronaves e é verdade que já voei em muitas com portas e canopies abertas. Os próprios pára-quedistas podem ser considerados aeronaves, principalmente aqueles que saltam agarrados a alunos e a alunas, e voam sem janelas sem que isso os danifique. E, para que se não diga que os aviões comerciais são excepção, já vi abrir janelinhas nos cockpits para colocar bandeirinhas do Papa nas aterragens missionárias.

Pior é no Cavaquistão, no parque de diversões da Coelholândia, onde os putos que venderam os ingressos para a montanha russa anunciam que ninguém (sem excepção) teria salários reduzidos nem cortes nos subsídios de Natal e de férias, nem aumentos de impostos até ao absurdo.

Lá como cá prometem-se as cuecas ao diabo esquecendo-se que o mafarrico é assexuado e eunuco e que a cauda em forma de seta inviabiliza o seu uso.
LNT
[0.448/2012]

Fingidores

MagritteA estoria da TSU vai servir de bode expiatório para o assalto radical aos bolsos dos contribuintes. Esta gente sempre foi expedita em golpadas de engano para levar avante os seus intentos. Apresenta primeiro o pior para depois impor o muito mau.

A cobardia com que normalmente esconde a ideologia caracteriza a acção:

Foi assim quando, alinhados com o Presidente da República, fizeram acreditar que era necessário recorrer à Troika depois de terem chumbado as alternativas já negociadas com os nossos parceiros europeus. A culpa ficou para o Governo anterior;

Foi assim quando avançaram com o assalto inconstitucional e iníquo para convencerem que tinham de assaltar todos. A culpa ficou com o Tribunal Constitucional;

É agora assim para a estucada final. A culpa fica com o povo português que se pronunciou na rua e com o Conselho de Estado que os fizeram recuar no cavalgar do empobrecimento fanático que pôs Portugal a trote.

Cada um destes subterfúgios produziu mais saque para disfarçar de incompetência os intuitos ideológicos duma extrema-direita camuflada de laranja que ambiciona destruir a veleidade de querermos ser europeus.

Pedro Passos Coelho é o testa-de-ferro que lança esta porcaria na ventoinha. Quanto mais ela se espalha mais a nossa pele parece não conseguir viver sem o seu perfume.

Paulo Portas continua a fazer o que sempre fez. Joga ao toca-e-foge, faz de caixeiro-viajante para fingir que não vê, trai e mente de igual forma como o faz Coelho, mas bate-o em dissimulação e em fingimento.

As televisões blindadas com vendedores de banha-da-cobra distraem remetendo para trás aquilo que é da exclusiva responsabilidade deste governo (que é resolver a questão) e desfraldam o trapo da oposição incutindo a ideia que é a ela que compete fazer aquilo que é obrigação do poder.

E todos os dias encolhemos, ficamos mais pobres, menos europeus e mais desiguais.
LNT
[0.447/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXXIV ]

Formiga
Formiga - Portugal
LNT
[0.446/2012]

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Substituir a TSU, para quê?

LenhaEnquanto não reúne o Grupo de Trabalho para os Estudos sobre as Matérias do Pote e para a Arbitragem da Traulitada Acéfala (GT EMPATA) para medular (percorrer a medula) esta espécie de coisa nenhuma em que se transformaram o governo e a coligação que o suporta, um bando de melcatrefes suportado num comité de técnicos de contas medíocres cuja única missão é substituir direitos por caridade em nome de uma ideologia radical, guincha aos quatro ventos que é tempo da oposição apresentar medidas alternativas à javardice da TSU.

Sabendo-se que a prioridade é combater o défice e que a chamada TSU não produzia qualquer efeito nesse combate, a alternativa é, pura e simplesmente, abandonar aquela ideia peregrina.

Sei que dirão que, no Estado, ao passarem encargos da entidade patronal para os trabalhadores, a despesa do OE diminui, mas isso é só uma máscara para transferir milhões dos bolsos dos trabalhadores para o bolso dos patrões (no privado) uma vez que o anúncio dos cortes dos subsídios no público estava feito e que a única forma de paridade reside no saque aos privados, ao património e ao capital, da parte equivalente ao confisco decretado para o público.

O GT EMPATA deveria saber isso, deixar-se de faits-divers e burilar as arestas do liberal-fundamentalismo. Aguarda-se que o conselho geriátrico de estado venha a ser eleito como bode expiatório, tal como anteriormente já outros foram, incluindo o Tribunal Constitucional.
LNT
[0.445/2012]

No tempo em que Macedo falava

FormigaNo tempo em que os animais falavam, Esopo (diz-se) escreveu a fábula da Cigarra e da Formiga para demonstrar que quem canta, em vez de trabalhar, acaba por ter problemas graves.

Sabemos hoje que a coisa não é bem assim. Há quem nunca tenha trabalhado e por isso nunca tenha problemas quando o trabalho falta e há quem sempre tenha trabalhado e tenha visto o resultado do seu trabalho desaparecer pela voracidade dos inúteis.

Devido a esta constatação atrevo-me a pegar na fábula do grego e a dar-lhe a volta para a fazer mais consentânea com a realidade:
Tendo as cigarras cantado durante o verão sem nunca terem feito algo de útil, resolveram aninhar-se num Partido que as guinasse ao poder através de cantatas enganosas.

Chegada a altura do aperto, as cigarras espertalhonas tomaram as rédeas do reino animal e distribuíram, entre si, os resultados do esforço das formigas. Uma cigarra foi para Primeiro-Ministro, outra para a gestão de uma empresa pública, outra para directora de uma empresa das formigas que foi privatizada e outra ainda (abreviando para que esta fábula tenha fim), de seu nome Miguel Macedo, tomou posse da chibata que comanda as formigas-guerreiras para que elas defendam as outras cigarras enquanto chafurdam no pote construído com suor e lágrimas pelas formigas.
Como em todas as outras fábulas também nesta se retira uma conclusão moralista:
Quem se deixa governar por inúteis e aldrabões
ficará sem os seus tostões.
LNT
[0.444/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXXIII ]

Ilha do Pessegueiro
Ilha do Pessegueiro - Alentejo - Portugal
LNT
[0.443/2012]

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Crie-se um GT

Here and thereSó uma questão porque hoje estou muito ocupado e com o neurónio despenteado.

O conselho coordenador da coligação é um órgão, uma task force, uma associação recreativa, um grupo folclórico, um serviço de catering, um bar de alterne, um ringue de boxe, ou uma escola de samba?
LNT
[0.445/2012]

Epístolas ao acaso [ I ]

Isósceles(registado isoscelestemente - congruente)

Quando postulámos que as meninas seriam felizes se se casassem com quem quisessem e se pudessem dar bom uso ao botãozinho, estávamos certos. Esquecemo-nos, no entanto, que tal arranjo implicaria um outro rearranjo essencial: a solidão teria de ser a alavanca. Se queremos sossego para nos masturbarmos não podemos esperar aplausos.

Filipe Nunes Vicente
Amor e Ódio

LNT
[0.444/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXXII ]

Talvez - Abrunhosa - Portugal
LNT
[0.443/2012]

Surdinas [ LVIII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

O que poderão os Conselheiros de Estado, no estado em está o Estado, devido a quem lhes pede conselhos?
LNT
[0.442/2012]

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Da masturbação

Mão estacaAinda não consegui entender muito bem o que saiu destas duas semanas de marmelada entre o Psd e o Cds.

Sempre me quis parecer que se tratava de uma questão relacionada entre a teoria de andar à chuva sem se molhar, por um lado, e a de despencar a mioleira de quem engendra modelos teóricos contra uma ventoinha, por outro.

Um pouco radical, pensará quem desse lado está a apanhar com o que sobra da merda das teorias desta gente, mas que a coisa fede, fede e mais que feder, ...-nos.

Eles aí estão, aos beijos e carinhos, dizendo que não, dizendo que coiso e tal e tal e coiso, que aquilo que disseram não foi bem interpretado, convencidos de que a masturbação é o acto supremo para atingir a satisfação.

E as eleições que se lixem! Os eleitores que sobram, também!

Cínicos, aldrabões e dissimulados.
LNT
[0.441/2012]

Não podemos ser cínicos

GilletteCom a cínica observação de que não podem ser cínicos, os cínicos que formam este Governo meteram os Partidos ao barulho para resolverem as questiúnculas que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas não conseguem resolver como membros do Governo. Amaçando a farinha do mesmo saco com a dos aparelhos partidários, talvez a coisa se componha de maneira a renovar o acordo político da coligação.

Ficamos todos mais descansados por saber que vem aí uma mexida no executivo para fazer de conta que alguma coisa se alterou e ficaremos todos mais contentes quando pudermos ver Coelho e Portas a abraçarem-se de novo nas televisões. As câmaras farão esconder os coletes à prova de faca que eles levarão vestidos por baixo dos casacos.

Como palpite de barbeiro (aceitam-se apostas) o Álvaro Natas, a Cristas Santas e mais uma catrefada de Secretários de Estado, de assessores e adjuntos devem ser atirados para a ventoinha. Embora se fale que o beato da Saúde possa ir rezar para o Terreiro do Paço deixando que Gaspar regresse lentamente ao seu refúgio europeu, não parece que o Ministro Wolfgang esteja pelos ajustes e, como a ideia é continuar na senda dos meninos cábulas que conseguem, pela graxa, ganhar o estatuto de bons alunos, Vítor continuará a ver partir do Cais das Colunas navios movidos pela mão de obra barata agrilhoada aos remos.

Não podemos ser cínicos, he said!
LNT
[0.440/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXXI ]

Estoril
Estoril - Portugal
LNT
[0.439/2012]

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Surdinas [ LVII ]

Mosca(baixinho para que ninguém nos ouça)

Portugal, em vez de exportar maçãs para obter receitas, passou a dar graciosamente as macieiras ao exterior depois de as ter semeado, estrumado, podado e regado até serem frondosas.

Onde é que isto se lê? Nas beiças de um governo que manda emigrar uma juventude formada à custa do esforço nacional.

No que é que isto resulta? Na perda imediata de receitas, na futura falta de maçãs e, o mais grave, na desertificação dos campos onde só há macieiras que já deixaram de ter possibilidade de gerar novas flores.
LNT
[0.438/2012]

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Adriana e Sérgio / Bobi e Rex

Não consigo verter uma lágrima comovida com a estória da Adriana e do Sérgio. Faz-me lembrar outros relatos mais terra-a-terra onde pais e filhos morrem em barricadas opostas numa das muitas guerras civis que por aí andam.

Os brandos costumes e o romantismo - a pieguice, em suma - podem ser empolgantes e enternecedores, ouviste Pedro?

Adriana e Sérgio

Imagens melhores que "natas" enchem as primeiras páginas embora o instante só tenha durado o tempo em que o diabo esfregou um olho, o guarda baixou a viseira e a miúda de artes apanhou o cabelo. O flash estava no ar.

Adriana e Sérgio

Já me comove mais a Bóbi manifestante a regatear ao Rex, rottweiler polícia, a árvore que lhe estava vedada.

Adriana e Sérgio

Explica melhor o que os fazia ali estar.

Fotos daqui e dali.
LNT
[0.437/2012]
Republicado depois de ter tido a ajuda para localizar a imagem da Bóbi/Rex. Agradecimentos aos pisteiros e aos autores

Casa dos Segredos

CanoagemDizia ontem António José Seguro que aquilo que se passa no Conselho de Estado, morre no Conselho de Estado.

Concordo frequentemente com Seguro e também é assim desta vez, embora tenha um mas…

Tudo o que lá se passa, lá morre. Sem dúvida.

Mas o que muitas vezes acontece é que, quem foi ao funeral, aproveita a Missa de Sétimo Dia para fazer o elogio fúnebre.
LNT
[0.436/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXX ]

Blogs antigos
Blogs - Portugal
LNT
[0.435/2012]

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Da liberdade

RespirarNão é fácil sair-se à rua. Principalmente é difícil para quem participou activamente na construção da democracia e sabe que uma saída à rua, não enquadrada, pode ser sentida como um acto de rebelião contra a democracia representativa.

No entanto, há um outro sentir que, embora associado à ideia de democracia, é um valor superior à própria democracia, porque é algo de mais profundo e único e que ao contrário da democracia não tem significados vários, nem formas interpretativas diversas. A liberdade é um bem maior e, embora normalmente associada à democracia, não precisa dela para existir.

Foi em nome dessa liberdade (e num contexto democrático que talvez tenha extravado o conceito de democracia que sinto ter ajudado a construir em Portugal) que fui à Praça de Espanha no último sábado. Sabia o que lá iria encontrar e senti-me bem acompanhado pela liberdade dos outros.

Na rua, como em tudo na vida, há e haverá sempre quem esteja com intuitos diferentes dos nossos, inclusivamente com intuitos de se aproveitar da nossa liberdade para chamar a si o que não lhe compete. Mal de nós se não soubermos que assim é e mal de quem se convence poder-se apropriar da liberdade dos outros.

Das centenas de milhar de cidadãos livres que se juntaram na Praça de Espanha, seguiram o seu rumo uns poucos de milhares para o confronto militante. Foi uma vontade de uns quantos e uma lição de que os cidadãos não se deixam manipular pelo hooliganismo. Já o deveriam ter aprendido nos campos de futebol.

Quanto à democracia representativa chegou a altura dos Partidos anotarem que a liberdade e a cidadania já são bens intrínsecos. É bom que, mesmo não havendo tempo para parar, os Partidos Políticos reflictam profundamente sobre aquilo que se passou no último Sábado e possam arrepiar caminho.

Se insistirem que a Nação é um conceito abstracto e a cidadania só um conjunto de votos e não de pessoas, podem vir a ser surpreendidos por um futuro que nunca entenderão.
LNT
[0.434/2012]

O chumbo dos bons alunos

Orelhas de burroPaulo Portas tem saudades de andar nas feiras populares sem precisar de ser escoltado. De que lhe serve a colecção de bonés se não os pode usar? Irritou-se com a utilização abusiva do seu nome, zangou-se com a mentirola que Coelho lhe pregou ao convencê-lo de que aquilo que ia ser anunciado se devia a uma exigência dos credores e que ficou claro ser mais uma das patranhas de Coelho quando Gaspar anunciou publicamente que a troika não tinha feito tal exigência, amuou quando teve conhecimento de que a sua rapaziada, mais papista que o papa, fez declarações de apoio aos absurdos anunciados como se eles tivessem sido também congeminados por si.

Portas, saudoso do populismo e como sempre a olhar para o umbigo, abriu deliberadamente uma crise profunda, não no namoro com Coelho a quem nunca reconheceu qualidade, mas na solução do vazio que se criou a seguir às eleições. Com isso pensa ter conseguido passar pelo que aí vem, sem ser beliscado.

Passos Coelho continua a julgar que, por ter sido nomeado Primeiro-Ministro, está num patamar de superioridade que fará com que tudo e todos se submetam à sua vontade. A criancice que o caracteriza e a falta de estofo político que já demonstrou amiúde acabam de o transformar num calinas que nem os amigos e associados respeitam, ficando cada vez mais entregue aos que ainda sobrevivem à sua custa mas que lhe serão implacáveis logo que se perfile novo senhor.

Neste jogo pouco interessam as centenas de milhar que já tiveram um assomo de cidadania, de nada interessa a sequência de Portugal. Prefere, como sempre preferiu, a chantagem sobre todos os que lhe apontam outros caminhos, prefere a prepotência da ameaça da catástrofe e do caos. Revela-se um fundamentalista fanático preparado para o hara-kiri.

Zangado com a zanga de Portas anuncia ir pagar-lhe na mesma moeda sem sequer ter a noção de que Portas sabe mais a dormir do que ele acordado. Convoca o clã para dar mais lenha ao Conselho de Estado onde Gaspar vai ter voz própria para lentamente defender a teoria do empobrecimento pátrio.

A Nação na rua, as comadres zangadas e o xerife de canhota sacada são o deitar pela borda fora de toda a contenção que este povo estóico até agora revelou. O que estarão agora a pensar os mestres de tão bons alunos?
LNT
[0.433/2012]

Já fui feliz aqui [ MCLXXIX ]

15 de Setembro
15 de Setembro (a cidadania a acordar) - Lisboa - Portugal
LNT
[0.432/2012]

sábado, 15 de setembro de 2012

Para que não se esqueçam que o absurdo afecta as pessoas

Manif 2012.09.15
Durante os últimos dias ouvi mil vezes as estrelas que desfilam pelas passadeiras vermelhas da comunicação social perguntarem nas televisões o que se iria fazer com o resultado das manif’s que hoje decorreram.

Há gente assim, gente que gosta de fazer estas questões. É natural, porque o simples facto de serem as estrelas que passeiam pelas passadeiras da comunicação social já faz entender que as coisas têm de ter sempre, para eles, algum lucro.

Estive lá, no meio dos muitos milhares de portugueses que hoje saíram à rua com o intuito de nada lucrarem com isso. A grande maioria, famílias inteiras de classe média, desceram à rua desenquadradas, desalinhadas, corajosas e sem se deixarem manipular. Estiveram só com a intenção de lembrar aos senhores que desenham, no sossego dos seus gabinetes, os absurdos teóricos que aprenderam nos livros que esses absurdos afectam a vida de pessoas reais que eles pensam não existir.

Eram muitos milhares de pessoas. Penso que nunca vi coisa tão grande.

O resto andava também por lá. Líderes políticos à procura de vantagem, agitadores à procura do caos, gente diversa à procura de protagonismo e à espera de ganhar alguma coisa com isto.
LNT
[0.431/2012]