sexta-feira, 26 de abril de 2013

Impossível deixá-lo acabar o mandato com dignidade *

Bolo-ReiDeveríamos tudo fazer para deixar que o presidente da República terminasse o seu mandato com dignidade.

No entanto esse dever é-nos impossível porque, para tal, teríamos de ter um Presidente da República (Artigo 120.º da CRP – Definição - O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e...) e não um presidente da República que representa uma facção da República Portuguesa e não reconhece que a soberania, una e indivisível, reside no povo. (Artigo 3.º da CRP - Soberania e legalidade - 1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição. 2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática...)

Quando o primeiro-Ministro foi a Belém de calças na mão e com ele levou o seu tutor fazendo lembrar Egas Moniz, veio de lá com os calções apertados pela confiança do padrinho que, em troca da bênção, exigiu as cabeças que o atormentavam e o encaixe e promoção dos seus homens, na lógica de que uma mão lava a outra.

O presidente da República foi agora à AR, dois anos depois de ter contribuído para que Portugal fosse tutelado pelos mercados que na altura fez questão de defender acerrimamente, escudar-se na teoria do terror para justificar o caminho que impôs ao País e que tem dado os resultados que todos conhecemos. Fez mais, apontou esse caminho como a única solução possível e decretou que ele terá de ser seguido por quem quer que seja para poder justificar a sua obstinação no "normal funcionamento" com a qual fundamenta a desnecessidade de devolver a soberania ao povo.

Cavaco conseguiu com o seu ruído anular os consensos bem como todos os discursos proferidos na 39ª comemoração da restauração da democracia portuguesa. Nem o excelente discurso de Alberto Costa, nem os razoáveis discursos do CDS e do BE, nem o da Presidente da Assembleia da República que, entre outras passagens de grande significado político, não perdeu a oportunidade de lembrar ao seu principal convidado quem foi e o que escreveu Saramago, tiveram eco nos media.

Aguarda-se que este fim-de-semana o Plenário dos Socialistas volte a trazer à ribalta os conceitos que Cavaco abafou e faça esquecer os do presidente da República pois só assim será ainda possível deixá-lo terminar o mandato sem indignidade.

*conceito datado de 1995 a partir de reflexões conseguidas entre os calhaus de Pulo do Lobo
LNT
[0.079/2013]

Tudo é e não é

Tudo é e não éConvida-me o Manuel Alegre para a apresentação do seu novo romance "Tudo é e não é" que se realizará na próxima segunda-feira, dia 29 de Abril, às 19:15, no Palácio Galveias, em Lisboa.

Deverei ir. Normalmente tenho ido onde Manuel Alegre me convida. Coisa antiga de camaradagem. Coisa de quem se habituou a ler Alegre e, por o conhecer, ter a certeza de que com ele se está bem acompanhado.
"O que ele não prevê é que o seu empenho em narrar o inenarrável o aprisionará num caleidoscópio de sonhos e obsessões onde realidade e sonho, sonho e ficção já não se distinguem e o próprio espaço e tempo são subvertidos, desde a discussão com Lenine e Trotsky em plena revolução russa até às manifestações em Lisboa e à Mão Invisível que invade a vida e o sonho."
Que diferente tudo seria se os portugueses tivessem preferido a literatura à economia e à abstenção.
LNT
[0.078/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLVI ]

Endeavour
NASA - Florida - EU
LNT
[0.077/2013]

quinta-feira, 25 de abril de 2013

sözlü SLB

Águia
LNT
[0.076/2013]

O Abril a que chegámos [ II ]

Cravo BrancoA SICn faz-se agora pagar para que os seus conteúdos estejam acessíveis na Internet.

A entrevista que Gomes Ferreira fez a Henrique Gomes é de antologia para que se entenda o (des)Abril em que vivemos.

Sempre me pareceu que Álvaro tinha de ter algo de especial para ser transformado no bombo deste Governo. A sua manutenção em funções, depois de ser pública esta entrevista, diz-nos que essa especialidade é o ballet e o pas de deux.

Se puderem e estiverem dispostos a ler nas entrelinhas dos sorrisos e silêncios, não deixem de ver esta entrevista esclarecedora do estado a que chegou Abril.
Há sectores protegidos em Portugal onde a crise parece não ter chegado.
Algumas empresas beneficiam de leis especiais que as protegem e lhes garantem lucros.
Um dos sectores que vive com rendas garantidas é o da energia. O diagnóstico foi feito pela Troika na análise à economia portuguesa há quase dois anos.
Mas a revisão de alguns contractos e anunciada liberalização não levou a uma descida dos preços, bem pelo contrário
.
LNT
[0.075/2013]

O Abril a que chegámos [ I ]

Cravo Branco 1. Como o Primeiro-ministro não tem voz na Assembleia da República, em cada 25 de Abril, o Presidente da República transformou-se no seu porta-voz.

2. Com os espaços públicos ocupados pelo poder e os seus jardins fechados aos cidadãos assistiu-se a uma democracia blindada e refugiada no bunker de São Bento onde todos os poderes foram invadidos pelo sentido de facção.
O Presidente conseguiu confirmar o seu discurso da noite da vitória eleitoral onde tinha afirmado ser só o presidente de alguns portugueses.

(Post a crescer ao longo do dia)
LNT
[0.074/2013]

quarta-feira, 24 de abril de 2013

E depois do adeus?

CoelhoEssa sim,
é a verdadeira questão.
LNT
[0.073/2013]

Granel

BlocoO Paulo Gorjão levanta várias questões (remetendo-as para futuro tratamento) sobre a passagem de diversos jornalistas para as áreas de poder.

Confesso que me parece um não-assunto. Qualquer cidadão, independentemente da sua profissão, não pode ser impedido de ser chamado a funções públicas. O princípio de que todos são inocentes até prova em contrário também se tem de aplicar aqui e o facto de se ser jornalista não pode, em si, ser um anátema por ter escolhido tal profissão.

Já o contrário, o não cumprimento de um "período de nojo" quando se abandona o poder a caminho de interesses tutelados pelo poder que se abandona, é outra conversa.

De resto, essa ideia de que ir para um gabinete ministerial ou para uma pasta governativa é um prémio atribuído por serviços prestados é, por si só, uma ideia decorrente de juízos muito em voga, muitas vezes criados pela práxis, reconheço, mas muitas outras só resultantes da má opinião generalizada sobre o exercício do poder.

Abstenho-me de personalizar (até por haver as mais diversas situações) mas conheço muitos em que o exercício desses cargos poucas ou nenhumas vantagens trouxe ( e outros a quem trouxe diversas desvantagens).

Como em todas as actividades desempenhadas por seres humanos, há sempre quem tenha ética e honestidade e quem as não tenha. Concordo com o Paulo Gorjão quando ele dá a entender que há que evitar generalizações.
LNT
[0.072/2013]

Já fui feliz aqui [ MCCLV ]

Davidoff
Cigarrilhas - Por aí
LNT
[0.071/2013]