segunda-feira, 31 de março de 2014

Ganda nóia

Marques MendesO escoliasta Mendes, chamo-lhe assim porque não sei se um agraciado com a Grã-Cruz de uma ordem civil pode ser chamado de comendador, foi ao seu espaço de assinatura, que é diferente do de Sócrates porque ali não fazem entrevistas ao palpiteiro, dizer que o mensageiro governamental escolhido para fazer de isco deve demitir-se porque o veneno com que iscou foi tão evidente que ninguém o mordiscou.

Acácio, outro conselheiro espertalhão conhecido, não teria dito melhor, embora tivesse sido mais rebuscado.

É impressionante como Eça tem a capacidade de se manter actual e de conseguir que as suas personagens sobrevivam, agora com câmaras de televisão apontadas, malgrado não mantenham a postura e tenham perdido altura e constituído família.

Deve ser para que assim aconteça que nada se reforma neste País, exceptuando os reformados que estão na eminência de serem extintos.
LNT
[0.120/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCLXXXIX ]

Por Sol na Costa Vicentina
Pôr do Sol na Costa Vicentina - Algarve - Portugal
LNT
[0.119/2014]

sexta-feira, 28 de março de 2014

Refrituga (no fundinho do pote)

PorcosVoltando à conversa do melhor e do pior e, já agora, à outra da mulher de César, chegamos às questões que fazem da política uma porca e à conclusão de que nem todos os porcos são iguais.

O ministro da economia anda na passeata com o Primeiro por terras africanas do Indico.

Mais uma vez, o que tinha para mostrar foi uma unidade industrial de seu grupo de interesse.

Certo, certo é que desde que tomou posse já andou por Angola e Moçambique a tratar dos assuntos da economia refrigerante (foi logo a sua primeira incursão no estrangeiro e, por coincidência, sempre assuntos e interesses ligados ao grupo onde exercia actividade – nem é preciso lembrar as suas ligações a uma marca conhecida do mercado).

Usando uma técnica marcelista poderia questionar e simultaneamente responder:

- Os refrigerantes que Pires de Lima promove são uma actividade económica de interesse para Portugal? Sim, são!;
- É eticamente correcto que um empresário vá para o poder e lá promova uma marca com que tem profundas e antigas ligações? Pode ser que sim, desde que seja no poder que temos.;
- É aceitável que se use o poder para tratar de assuntos de interesse próprio e dos amigos? Pode ser que sim, desde que isso aconteça em Portugal;
- Esta política tem cheiro? Sim, tem. Cheira a ovos podres e só não cheira mais porque as essências agradáveis utilizadas nos néctares refrigerados, misturadas com a falta de isenção de quem deveria divulgar estas coisas, abafam muito bem o pestilento que por aí vai.

Sem dúvida que isto, para alguns, está melhor. Aliás, nunca tinha estado tão bem.
LNT
[0.118/2014]

5 - Blogoditos - 5 [ XVI]

Blogs
Quando a comunicação social noticiou aquilo que lhe tinha sido dito no Ministério das Finanças, as pessoas que no governo filtram a realidade para não dar má imagem, ficaram aborrecidas. Usando a costumeira técnica de mentir e chamar mentiroso aos outros, "Pedro Passos Coelho classificou como "especulação" as notícias sobre novas fórmulas de cálculo das pensões". Se o chefe do governo chama especulação à notícia que relata o que disse um membro do governo, esse chefe do governo está a mentir, a faltar à verdade, a ocultar a realidade, o que quiserem.
Porfírio Silva

Para justificar um problema que já não é novo (e que já foi assinalado aqui e aqui, por exemplo), o da falta de alguns medicamentos nas farmácias, parece que Paulo Macedo adaptou hoje na AR uma fórmula modificada do "andámos a viver acima das nossas possibilidades" desta feita aplicada aos remédios: “O problema é as pessoas estarem a consumir medicamentos a mais.".
O ministro da Saúde é tudo menos um homem estúpido, por isso só pode mesmo estar a ser aldrabão com esta relação causa-efeito. Com certeza que pontualmente existem pessoas que tomam mais medicamentos do que os prescritos pelos médicos mas são, com toda a certeza, um número sem qualquer relevância estatística e, por outro lado, muitas haverá que não os tomam por dificuldades na sua aquisição.
Ana Matos Pires

Artur, o problema é que não há poço... Todos dizem que vão fazer um poço, mas no final, é o que se vê. Deve ser muito difícil fazer um poço...
Pedro Almeida

Os jornais "económicos" - devem ser aqueles em que as "fontes oficiais" mais confiam e vice-versa, salvo o dr. Marques Mendes - aparentemente já sabem o que se vai passar com os salários e as pensões. Ou seja, sabem mais - e menos dissimuladamente que o líder parlamentar do PSD - acerca do chamado "documento de estratégia orçamental". Para quem se fartou de incluir o termo "coesão social" em projectos de intervenções e em informações destinadas a membros do actual governo, a "perspectiva" soviética do referido "documento" é confrangedora para dizer o mínimo. E revela que nunca existiu qualquer projecto de "reforma do Estado" digno dessa designação.
João Gonçalves

Neste contexto, a Miss Swaps escolheu um cenário apropriado — uma visita à sede do FMI — para enviar um recado àqueles-que-não-se-estão-a-lixar-para-as-eleições no Governo: os cortes são para serem feitos. No dia a seguir, nas jornadas parlamentares do PSD, Luís Montenegro desmentiu-a: «Quero deixar aqui de uma forma clara. Vamos todos jogar limpo. Não é verdade que venham aí mais cortes de salários e pensões, mais cortes de rendimentos».
A resposta da Miss Swaps não se fez esperar: mandou convocar os jornalistas para um «briefing informal», no qual se deu conta das malfeitorias em preparação.
Passos Coelho, depois de fazer uma espécie de desmentido dos cortes, revela, uma vez mais, a sua reconhecida capacidade de liderança: «Por vezes assisto ao debate público no nosso país sobre estas matérias e penso que ele poderia ser mais sereno e mais informado do que é. Espero que os membros do Governo contribuam também para isso.» Mas disse mais: estando marcado para segunda-feira uma reunião do Conselho de Ministros para discutir precisamente o DEO, o alegado primeiro-ministro fez questão de informar o país de que desconhece a medida mais relevante que dele consta e que será então aprovado.
Miguel Abrantes
5 - Blogoditos - 5 é uma rubrica de 6ª Feira que transcreve citações interessantes de cinco autores das redes sociais em cada semana.
LNT
[0.117/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCLXXXVIII ]

Castelo de Areia
Castelos de Areia - Portugal
LNT
[0.116/2014]

quinta-feira, 27 de março de 2014

En-Fados

Cais das ColunasDesço a Rua Augusta em direcção ao vento gélido que anda pelo Terreiro do Paço e vejo Salgueiro Maia a enfunar-se no Arco Triunfal deixando o Rei José e o seu imponente Lusitano a olharem de soslaio.

Parece que Maia está vivo e que os lanceiros andam por ali a entregar-se entre o Ministério da Justiça, o Supremo da mesma e a placa evocativa do regicídio.

Evocações, só isso.

Entretanto no Caldas fazem-se obras de melhoria para o estacionamento de cilindradas que substituem lambretas e ouve-se dizer que a miudagem dos 15 aos 18 anos tem como adquirido que o seu futuro terá de se concretizar lá fora, agora que o Cais das Colunas deixou de ser o de embarque para conquistas e se transformou num outro para abandono e fugas.
LNT
[0.115/2014]

Já fui feliz aqui [ MCCCLXXXVII ]

Salgueiro Maia
Arco do Triunfo da Rua Augusta (2014) - Salgueiro Maia - Lisboa - Portugal
LNT
[0.114/2014]

terça-feira, 25 de março de 2014

Reformados acima das possibilidades

HamiltonOs nossos comentadores entretiveram-se ontem com as contas feitas para informar que os reformados (insistem em chamar-lhes pensionistas) não são os que estão em estado mais avançado de pobreza.

Coelho há-de pegar nisto para dizer que, tão superficialmente como Sousa Tavares ontem fez, embora empobrecidos, os reformados continuam a viver acima das possibilidades.

O que tem isto de superficial? Simples, para quem viu o documentário com que a SIC apresentou a matéria.

Ao lado de (em casa com) o casal de desempregados com filhos que se apresentou às câmaras estava uma reformada que, num instante final, fez saber que a miséria não era total porque ela lá estava, o que a fazia tão pobre como os demais (porque dividia com todos o que mal chegava para si).
LNT
[0.113/2014]

A Mão do Diabo (remix)

José Rodrigues dos SantosJá lá vai o tempo em que uma das minhas prioridades era manter em dia esta casa de cortes e conversas. Não é por falta de respeito aos muitos que por aqui passam mas sim, principalmente, por respeito com a minha vontade de escrever publicamente que é um direito que julgo ter.

A coisa que aqui me traz hoje é a savandijanice (gosto desta moda em voga de inventar palavras) que no Domingo vi acontecer na RTP (por nós cada vez mais paga) quando um pivot muito importante da escola da BBC (fica provado que mais importante do que boas escolas são os alunos que aprendem) quis fazer de um comentador político, um entrevistado que não sabia que o iam pôr em tal situação.

O resultado foi aquele que se viu. O rapazola demonstrou continuar a sê-lo (mesmo já sem ter idade para o ser). O comentador demonstrou estar à-vontade com os ataques (mesmo não se tendo preparado para o julgamento). O programa demonstrou que estas brincadeiras podem aumentar os shares e notoriedade (basta ver a propaganda que por aí vai). A RTP demonstrou que não merece a nossa confiança nem o nosso esforço para a manter viva à custa da electricidade que pagamos.

Possivelmente o romancista José Rodrigues dos Santos (o galinho da índia, como por aqui é conhecido) estará para publicar novo livro e precisava desta publicidade. Possivelmente a RTP estava com baixos níveis de audiência e procurou forma de os aumentar. Possivelmente o Ministro Maduro tinha o megafone da propaganda em baixa voz e quis dar-lhe volume. Possivelmente, muitas outras coisas, mas uma delas é certa: O “animal feroz” não se rendeu apesar de toda a bordoada a que tem sido sujeito e, goste-se ou não da sua narrativa, mais uma vez esclareceu que está aí para durar e que será preciso muito mais do que jogos infantilizados para o conseguirem calar.
LNT
[0.112/2014]