- Vem comigo – disse o rapaz – eu levo-te à terra e mostro-te coisas lindas.LNT
- Não posso porque sou uma Menina do Mar. O mar é a minha terra. Tu se vieres para o mar afogas-te. E eu se for para a terra seco. Não posso estar muito tempo fora de água. Fora de água fico como as algas na maré vaza, que ficam todas enrugados e secas. Se eu saísse do mar, ao fim de algumas horas ficava igual a um farrapo de roupa velha ou a um papel de jornal, destes que às vezes há nas praias e que têm um ar tão triste e infeliz de coisa que já não serve e que foi deitada fora e que já ninguém quer.
- Que pena que eu tenho de não te poder mostrar a terra! – disse o rapaz.
- E eu que pena tenho de não te poder levar comigo ao fundo do mar para te mostrar as florestas de algas, as grutas de corais e os jardins de anémonas!
E nessa manhã o rapaz e a Menina, enquanto nadavam na água, iam contando um ao outro as histórias do mar e as histórias da terra.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Menina do Mar
Versão completa em pdf
[0.428/2009]
Rastos:
-> Minerva ≡ Universidade de Évora - Menina do Mar
3 comentários:
É tão bom ler uma história quando a Criança já está deitada ... é meio caminho andado para um soninho mais tranquilo!!! Li tantas!!! Já tenho saudades desses tempos ... até sempre e uma semana fácil na Barbearia e não só!!!
Não queria abusar deste espaço, mas não resisto, a mais um registo: a criança que "ainda" há em mim ficou encantada,de ver aqui este texto da Menina do Mar...
E de rever o Tom & Jerry...
saudades,pecados da idade,
satisfação (se fosse avaliado aqui,sr.Barbeiro, hoje o mínimo seria excelente!
Obrigada
Tina
(É nas coisas simples que se mostra o homem grande)
Uauh!!!
Que bom relembrar " A menina e o mar"... lida vezes sem conto aos meus alunos...
:))
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