segunda-feira, 6 de junho de 2011

A cultura do ódio

DiaboA cultura do ódio traz derrotas, até nas vitórias. Já o vimos com Cavaco Silva quando venceu e vemo-lo permanentemente quando acompanhamos, p.e., o percurso de Manuela Ferreira Leite ou de Pacheco Pereira. A cultura do ódio não pretende criar nada. Destina-se à destruição, tout court, como é o exemplo da política da terra queimada defendida pelos PCP e pelo BE.

Ontem os portugueses, (pouco mais de metade dos nacionais que se deram ao trabalho de agir em vez de ficarem na maledicência) entenderam que o conjunto BE mais PCP vale tanto como o CDS sozinho, entenderam que o PSD devia substituir o PS no poder e entenderam que a invenção dos "ovos e dos cestos" congeminada pelos comentadores do regime não passa de uma teoria engendrada para lhes guardar um lugar ao Sol, mesmo quando chove.

Conseguiu-se levar o ódio tão fundo que pouco se falou da vitória do PSD e da direita, para só se referir o derrotado, como se a derrota fosse de um só homem, como se Manuela Ferreira Leite e Pacheco Pereira se tivessem redimido da exclusão que produziram há dois anos e que ontem lhes desferiu a catanada final.

Conseguiu-se levar o ódio tão fundo que pouco se falou do desaire da esquerda, para só se referir o derrotado, como se a derrota fosse de um só homem, como se o BE não se tivesse reduzido a metade e a língua de pau de Louçã não o obrigasse a embalar a trouxa e zarpar.

Conseguiu-se levar o ódio tão fundo que pouco se falou da inutilidade do PCP, para só se referir o derrotado, como se a derrota fosse de um só homem, como se Jerónimo de Sousa tivesse passado a ter mais influência do qualquer outro bombeiro incendiário.

Conseguiu-se levar o ódio tão fundo que pouco se falou da pequenez do CDS, para só se referir o derrotado, como se a derrota fosse de um só homem, como se Portas tivesse feito do CDS mais do que um Partido muleta.

Foram milhares de votos contra Sócrates, como se ele fosse o diabo encarnado, como se a sua derrota fosse uma vitória para alguém. De todo esse ódio dirigido não resultou nada e não fosse o discurso de vitória de Passos Coelho ter trazido alguma luz à treva em que estamos mergulhados, nada tinha sobrado da festa da democracia.
LNT
[0.217/2011]

8 comentários:

Anónimo disse...

De facto (com c) foi muito curioso.
Só se falou da derrota de um homem.
Apetece-me perguntar.
Afinal quem governa(ou) o país? Terá sido o Zé Sócrates? Ou irá ser o Passos Coelho? Ou ainda a Troika? NÃOOOOOOOO!!!!! Nenhum desses personagens. Quem governou, governa e governará Portugal É!!! É!!!!E SERÁ......
Sua Excelência a Srª Dona COMUNICAÇÃO SOCIAL (televisiva)e seus PAINELEIROS. Eu repito
PAINELEIROS (com I)
Saudações democráticas
O anónimo habitual

Sófocles disse...

Sócrates "um diabo encarnado"... Nada mais verdadeiro... Só o dianho poderia ter dado artes e manhas e forças a este ser para enganar tantos tantas vezes...

Maria disse...

Amigo Barbeiro
Estou de pleno acordo consigo.
O ódio por um homem que, pode ter feito algumas asneiras mas, que tentou e acertou muitas vezes, é tão estúpido! Admiro Sócrates pela sua coragem, desassombro e boa educação. Foi mal entendido pelo povo, provocado pelos adversários, aguentou.
Sou socialista e orgulho-me de o ser. Nem sempre estou de acordo mas acato os actos do meu partido de sempre, mesmo quando me prejudicam pessoalmente. Portugal não sou só eu.
Já me alonguei demais.
Obrigada por ter dito o que eu penso.
Saudações Socialistas da
Maria

Luís Novaes Tito disse...

Anónimo do costume,
Vamos combinar uma coisa. Sendo isto uma caixa de comentários e não um caixote de lixo, passo a condicionar o que aqui se recebe, remetendo para a reciclagem a linguagem (neste caso a escrita) que entendo imprópria. Dito isto, deixo-lhe o aviso de que este foi o seu último comentário contendo produto de reciclagem. Os seus comentários continuam a ser bem-vindos, se quiser evitar o insulto gratuito.

Luís Novaes Tito disse...

Sófocles,
Fraca argumentação e não é o seu anonimato que a torna mais forte.
O ódio quando junto à cobardia é uma mistura explosiva.

Luís Novaes Tito disse...

Maria,
Estamos de acordo quanto ao essencial embora, como sabe, eu não seja um seguidor de Sócrates.
Disso-o muitas vezes quando era difícil dizê-lo.
Mas tenho de reconhecer que poucas vezes lidei com uma pessoa com a fibra, a coragem e a resistência dele. Admirei a sua saída de cena e lamento que a política em Portugal se reduza a este jogo de ódios pessoais que vimos durante a campanha eleitoral (e que continua).

Anónimo disse...

Aviso aceite
As minhas desculpas ao LNT
Não voltarei a comentar no blog
Saudações para todos
O anónimo habitual( que deixará de ser)

Utópico disse...

Caro LNT,

ainda que José Sócrates tenha tido uma saída digna, os últimos meses do seu mandato revelaram-se um período de algum desgoverno, onde não se vislumbrava uma estratégia no conjunto de medidas, mas sim um conjunto de medidas a vulto, agravado ainda por muitas declarações que contradiziam o que havia declarado pouco tempo antes.

Ainda que o voto não deva ser na personalidade em si, mas sim nos projectos e nas ideias dos diferentes partidos, tenho para mim que o PS só perdeu devido ao desgaste na imagem de José Sócrates.