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domingo, 8 de maio de 2022

Negócios à parte

Muito mais interessante do que prosseguir neste concurso de “o meu embargo é melhor que o teu” seria desembargar os “ocidentais” (ou “democracias liberais” no novo léxico mediático) que andaram estes anos a vender, pela porta do cavalo, armas e componentes com fins bélicos à Federação Putina, desde que modificassem os tubos para impulsionarem a saída dos obuses e balas em sentido contrário.

Bem sei que o negócio do armamento iria sofrer um imenso revés, uma vez que perdiam um dos clientes, mas seria uma janela de oportunidade para reconverter as fábricas de armamento em indústria alimentar. 

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.050/2022]

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Clarinho como água


E para os habituais detractores da verdade e para os que sempre têm um argumento capaz de denegrir quem tem a coragem de ser claro,

Guterres disse na Federação Russa o que não podia deixar de ser dito.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.047/2022]

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Cada vida humana tem o valor da humanidade


Guterres acaba de declarar em Kiev que a sua missão de paz tem como prioridade permitir a retirada dos civis de Azovstal.

Para quem acha (e não são poucos os que por aqui leio) que esta acção do Secretário-geral da ONU é – e tem sido – uma insignificância, não entende o significado da vida.

Esperemos que Putin e Zelensky o entendam.

A ONU tem muitas valências e as militares não são certamente as mais importantes.

Perante a brutalidade e a infâmia que as forças de Putin representam, se Guterres conseguir este resultado considero já ter valido a pena tê-lo feito SG das Nações Unidas.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.046/2022]

sábado, 12 de março de 2022

Cercos


Nas televisões “noticiosas” – principalmente nestas – os viciados das ficções CSI descobriram os tablets tácteis gigantes onde se extasiam com a possibilidade de fazer risquinhos com os dedos e terem um menu que lhes permite colocar bonequinhos com capacetes onde brincam às guerras e às táticas aprendidas nos manuais do 007 e do Rambo.

Falam, em pleno século XXI, no cerco à fortaleza como aprenderam na escola quando estudaram (?) o cerco a Alusbuna e continuam com a noção de que, entre os enviados de Putin, haverá um Martim Moniz que lhes possibilite uma narrativa lendária.

Insistem nestes grafismos sem se aperceberem que se, em Kyiv, o KGB Putin ainda não foi o habitual Bulldozer é porque esta capital tem para ele um significado especial e está a tentar tudo para a conquistar sem ter de a arrasar.

O cerco de Kyiv será feito com cortes de abastecimento, água, energia e bloqueio das comunicações, inviabilizando todos os acessos aéreos e terrestres que sejam vias de abastecimento de bens, electricidade, armamento e munições.

A invasão de uma fortaleza destas é impossível caso não se use a tática de Bulldozer.

Cada janela será uma guarita e, não querendo acabar com todas elas, só resta conseguir a rendição dos valorosos resistentes pela fome, pela sede, pelo frio, pela intervenção de forças rápidas e dirigidas e, se necessário, pelo veneno em que o actual Kremlin é especialista.

O alarve Putin quer Kyiv para voltar a ter Kiev, senão já a tinha bombardeado.

Deixem-se de risquinhos e joguinhos e esforcem-se para entender os sinais que dão as pistas para entender o que vai na cabeça do estupor que se julga ungido como Czar para ser um novo Ivã.

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.037/2022]

sexta-feira, 11 de março de 2022

Qu´ils mangent de la brioche

Bem tento, mas não consigo escrever o que me vai na alma.

Introspectivo, amargurado, mal-informado e na tentativa de sanidade ao confrontar a alma com a prepotência dos tarados que se sentam nas cabeceiras opostas de uma mesa de trinta metros e os impreparados da diplomacia que não conseguiram prever o martírio quando sonharam erguer uma escultura heroica no rossio da sua cidade capital.

Enquanto isto, o choro de uns não abafa os brindes de cristal à paz, saúde e prosperidade realizados nos doirados de la chambre de l'autre-chienne nas negociatas do nuclear francófono, do crude persa ou Maduro e das tubagens nos Pirenéus.

A realpolitik e a desumanidade fazem caminho, descaminhando, prendendo-nos na insónia para evitar pesadelos. 

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.035/2022]

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Não gosto de agressores nem de ditadores


Em plena guerra de desinformação não me atrevo a qualquer comentário, até porque de analistas já todos estamos pelos cabelos.

Há três únicas coisas que não quero deixar de dizer, pelo menos para já:

Sei o que é um agressor, sei reconhecê-lo e sei que não gosto de agressores.

Sei o que é um agredido, sei reconhecê-lo e sei que gosto de me solidarizar com os agredidos.

Para além disso, sei reconhecer um ditador, não gosto de ditadores e lamento os povos por eles subjugados.

LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.031/2022]

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Ao estalo

O que seria sensacional era que o monsieur Emmanuel Jean-Michel Frédéric Macron e o herr Olaf Scholz convidassem o mистеp Влади́мир Влади́мирович Пу́тин, o mister Joseph Robinette Biden Jr. e o 先生 习近平 para um duelo de estaladas nos jardins du Château de Versailles.

O senhor professor Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa poderia servir de juiz, mal tivesse tempo para não proferir declarações sobre qualquer assunto.

O Mundo agradeceria, mesmo que o desemprego nas fábricas de armamento pudesse atingir níveis catastróficos.
LNT
#BarbeariaSrLuis
[0.027/2022]

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Ocidente nada de novo

ArmaAí estão de novo os senhores da guerra convencidos que são as suas explosões que irão definir a vontade dos povos.

Aí estão os demagogos da morte a anunciar que aquilo que o Ocidente está a fazer na Líbia é um novo Timor e a defesa dos mais fracos contra a tirania.

Aí estão as indústrias da guerra a precisar de esvaziar paióis, de exercitar os seus homens e de manter as fábricas a funcionar.

Aí está a falta de bom senso que não entendeu que se os Líbios queriam a interdição do espaço aéreo era para evitar que os aviões de Kadaffi os matassem cobardemente e não por preferirem ser mortos pelos canhões e mísseis das democracias do belicismo.

Aí estão os cínicos que há meia dúzia de dias abraçavam o tirano em troca duns barris de petróleo ou de uns negócios chorudos, a chorar lágrimas de crocodilo.

Aí está a hipocrisia de quem deixa morrer no Darfur mas que, em nome do petróleo, diz pretender evitar a morte de uma facção numa guerra civil, matando-a, se for necessário.

Lembro-me de Portugal e dos rumores da ameaça de uma esquadra americana quando o povo e as Forças Armadas portuguesas tratavam de enviar Caetano para a Ilha da Madeira, lembro-me de Timor que não estava em guerra civil mas a tentar libertar-se duma invasão estrangeira, lembro-me principalmente do Vietname onde se morreu em troca de nada e em nome de uma pretensa liberdade.

E comparando o que é comparável, só a última (a do Vietname) se aproxima à intervenção que os aliados estão agora a fazer na Líbia.
LNT
[0.096/2011]

domingo, 11 de janeiro de 2009

Botão Barbearia[0.031/2009]
Repulsa e óbvioGuerra Palestina

Nunca percebi a repulsa das notícias que anunciam morte no decurso de uma guerra.

Todos os dias somos bombardeados com essa mesma repulsa e fica a ideia de que o mal não são as guerras mas sim os seus mortos, como se uma coisa pudesse existir sem a outra e como se houvesse boas e más guerras. Talvez, quando muito, poderá haver guerras mais justas do que outras mas todas elas acarretam perdas de vidas humanas inocentes.

Como as bombas e os morteiros não escolhem idade nem género, os mortos serão de todas as faixas etárias e dos dois sexos, com todos os efeitos colaterais e todos os acidentes de fogo amigo que são inerentes à arte de guerrear.

Talvez por isso recuso publicar imagens de crianças abatidas, mulheres desmembradas ou homens esfacelados. Por muitas boas que sejam as intenções de quem as publica, nada acrescentam ao óbvio só evitável pela abstenção da guerra. A banalização na reprodução dessas imagens resulta em indiferença perante o sofrimento alheio e na desumanização da morte.
LNT