Irei votar em
Manuel Alegre porque não me conformo com o destruir do sonho antigo de ver Portugal no grupo dos melhores da Europa.
Ser socialista, em Portugal, é ser social-democrata na Suécia, na Finlândia, na Dinamarca, na Holanda, na Noruega, etc. Não é uma utopia, como alguns querem fazer crer, mas sim saber que há sociedades tão avançadas que as crises passam por elas sem as matar porque se baseiam no bem comum, na liberdade responsável, no mérito e na solidariedade na adversidade. Sociedades onde se exigem os direitos porque se cumprem os deveres e onde se combate o falso moralismo e a intolerância ao diferente com a mesma normalidade com que os moralistas da Europa do Sul praticam a corrupção, o individualismo e a hipocrisia.
Alegre é um destes socialistas. Toda a vida se bateu por esses princípios e se alguma vez entendeu que esse socialismo passava pelo outro socialismo científico, rapidamente corrigiu a mão ao constatar que a sua prática repressiva e autoritária não se coadunava com o pensamento livre.
Ao contrário de outros socialistas modernaços, que julgam que o
Estado Social é um conjunto de princípios que, de vez em quando, se pode esquecer por crerem que a verdadeira solução passa pelo capitalismo selvagem (a que agora gostam de chamar "
liberal" e que as elites apelidam de "
neo-liberalismo"),
Manuel Alegre é voz activa e corajosa dentro do Partido Socialista que não fundou, mas de que foi um dos primeiros e mais intransigentes militantes, e sempre se bateu na defesa desse
Estado Social que sabe conter a solução para os problemas criados pelo capitalismo selvagem e agiota que pretende reduzir o nosso povo ao estado de miserável.
É por isso que me choca ver determinados nomes na lista da Comissão Política Nacional de Alegre. Não por eles terem defendido nas últimas eleições outros candidatos à Presidência, coisa democrática e curial, mas por saber que eles são co-responsáveis por termos tido na presidência, nos últimos anos, o detentor político que se afirma apolítico e que é o recordista da detenção do poder no Portugal democrático. Os resultados desse poder continuado estão à vista.
Apesar deles, e ainda mais por causa deles,
votarei Alegre. Não abdico do meu sonho e fá-lo-ei em memória de todos os que se bateram por um País mais justo e a favor de melhor vida para as gerações futuras.
LNT[0.395/2010]