Meus caros clientes Redexpo e Luis Filipe
Nada tenho contra Obama, como poderão imaginar e não irei votar nele, nem em nenhum dos outros candidatos. Infelizmente não estou recenseado nos EUA.
É difícil tentar acompanhar o pensamento do eleitorado americano sem se conhecerem os povos que o compõem e por isso é indispensável seguir todos os sinais que, em cada estado, estas primárias nos darão. Não existem passadeiras vermelhas nas presidenciais norte-americanas.
No entanto é sabido que se votasse, o faria em Hillary, por variadíssimas razões, muitas delas pelo conhecimento resultante do acompanhamento que tenho feito da sua actividade ao longo dos anos (incluindo no tempo em que era primeira-dama).
Obama parece-me plástico, o que não quer dizer que tenha plasticidade. A plasticidade terá de ser intuitiva e parece-me que a imagem que transmite é de encenação. Esta é a minha opinião de momento, que poderá alterar-se à medida da evolução das coisas principalmente sempre que ele for confrontado com situações fora do guião que lhe desenharam. Para já vejo em todos os seus gestos a teatralidade que parece ter tomado conta dos governantes em voga. Reconheço-lhe estilo, boa imagem e o papel bem decorado mas como não lhe conheço nada de construído para além de bons discursos, terei de observar melhor e com mais tempo.
Quanto às duas dificuldades relativas a Obama apresentadas pelo meu amigo Redexpo, dir-lhe-ia estas três coisas que sei ele saber:
1 - Nos EUA os preconceitos contra as mulheres são superiores aos resultantes da cor da pele. Aos "pretos" ainda se desculpa alguma coisa mas às mulheres não, principalmente se os julgamentos forem feitos por outras mulheres;
2 – Obama é só meio afro-americano (linguagem gringa). Isso vai-lhe ser desfavorável na comunidade afro-americana radical e na branca conservadora. Cá estaremos para ver o que representará na comunidade espânica;
3 – Não vejo em parte alguma que se possa misturar Obama com a comunidade Muçulmana (nem essa ascendência, se a tem, implica o que quer que seja). Barack, segundo o seu curriculum, é membro da Trinity United Church of Christ.
Como diz o cliente Luis Filipe, a procissão ainda vai no adro. No entanto, meu caro, sobre Carrilho e sobre as imagens de família, dir-lhe-ei que as capacidades e a cultura de Carrilho são muito superiores àquilo que foi vendido. Manuel Maria cometeu o pecado da vaidade o que o pôs a jeito para depois ser assassinado, incluindo com câmaras quase ocultas, conforme se lembrará. Se ele tivesse posto no seu site uma fotografia com a cabeça encostada à de Bárbara e com o Diniz deitado no colo imagino o que se não teria dito.
Como o meu caro Luís Filipe diz, não há nada de censurável no site de Obama, assim como também nada vi de censurável no filme de apresentação da candidatura de Carrilho e no entanto o que se sucedeu ao filme foi o espectáculo de crítica lamentável de que todos se lembram. Enfim, o habitual dois-pesos-e-duas-medidas da argumentação portuguesa.
Ainda não foi desta que me pronunciei sobre as ofertas políticas dos dois candidatos. Parece-me cedo para o fazer e para já não lhes conheço diferenças de monta.
No entanto aquilo que já foi dito anda longe de não se saber distinguir o acessório do fundamental porque em eleições o que é fundamental é ganhá-las e elas ganham-se também (ou até mesmo, principalmente nos EUA) com algumas das coisas acessórias que foram aqui abordadas.
LNT
Rastos:
-> About Hillary;
-> Meet the Obama's;
-> Trinity United Church of Christ;
-> Comentários ao texto 0.019/2008;
-> Suspeitix.